Ensaios sobre Fundamentos da Astrologia
Capítulo I - O Sol, a Lua e os Planetas Menores
Section titled “Capítulo I - O Sol, a Lua e os Planetas Menores”Para os antigos, havia, claro, sete planetas. Isso se encaixava admiravelmente bem e, talvez, fosse a origem e principal exemplo do princípio septenário que eles tanto apreciavam. Os sete eram o Sol, a Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno. Os dois primeiros eram chamados respectivamente de Grandes e Menores Luminares. Mercúrio era uma espécie de excêntrico; era o mensageiro dos deuses, mutável por natureza e aceitava o valor de qualquer outro planeta ou planetas com os quais pudesse estar em aspecto próximo.
Depois vieram Vênus e Júpiter, respectivamente os Benéficos Menor e Maior, naturalmente inclinados à bondade nos costumes e ao sucesso e felicidade; e finalmente Marte e Saturno eram os Maléficos Menor e Maior, indicativos de maus hábitos, disposições e de circunstâncias difíceis.
Esse esquema, simples e bem equilibrado, parecia ser evidentemente verdadeiro para o pensamento medieval. No arranjo de planetas bons e maus, cada um era considerado como sendo regido por um anjo ou arcanjo com inúmeros seres espirituais subordinados, e parece que vemos uma clara influência do pensamento zoroastrista. Os benéficos são os servos de Ormuz, os maléficos são os agentes de Ahriman.
A descoberta escolar de Copérnico abalou essa concepção, mas sem grandes motivos. Quer a terra gire em torno do sol ou o sol em torno da terra, a Terra continua sendo o centro do universo para ela mesma e para todos os seus habitantes. O sol ainda é, até onde sabemos, apenas o centro do seu sistema; não é o centro do cosmos.
Certamente o sol não podia mais ser considerado um planeta. No entanto, na verdade, ele nunca deixou de ser considerado assim.
Um lugar de destaque no esquema, mesmo que fosse apenas o primeiro entre seus iguais.
Um golpe ainda mais sério foi desferido contra a astrologia quando Urano, Netuno e Plutão foram descobertos.
“No sistema antigo, os Luminares e os planetas eram considerados regentes, ou tinham uma afinidade especial com certos signos. Aqui, também, a atribuição seguia um padrão regular. O Sol e a Lua regiam respectivamente Leão e Câncer, e então cada planeta, na ordem do movimento aparente, regia dois signos, assim:”
Leão CâncerSol Lua
Virgem Mercúrio GêmeosLibra Vênus TouroEscorpião Marte ÁriesSagitário Júpiter PeixesCapricórnio Saturno AquárioPode-se perceber que a ordem dos signos é preservada, começando com Áries e passando no sentido anti-horário até Peixes.
Quando outros planetas foram descobertos, os astrólogos ficaram em uma posição delicada. Alguns defendiam que não havia razão para acreditar que as regências antigas continuariam válidas para sempre — elas poderiam passar por um processo evolutivo. Por fim, talvez houvesse doze planetas conhecidos, um para cada signo (*)..
Urano teria começado a substituir Saturno na regência de Aquário; Netuno, de modo semelhante, pareceu adequado, tanto pelo nome quanto pela natureza, para assumir a regência de Peixes.
Outros permaneceram fiéis ao antigo esquema e apenas permitiram que os corpos recém-descobertos tivessem uma “afinidade” com certos signos. Talvez, com o tempo, pudesse-se descobrir que de fato eles se tornam seus regentes, em pleno sentido, mas a experiência prática não confirmou ainda, em sua crença, esses títulos.
É fácil ver que há uma estreita correspondência entre o esquema definido e fechado dos medievais e a atitude intelectual geral daquela época, assim como entre a condição incerta do pensamento astrológico atual, nesse aspecto, e a confusão geral dos nossos dias.
Mas a ideia de que a descoberta dos “novos” planetas teria “refutado” a astrologia é ridícula e, quando feita por quem não estudou o assunto — pois só estes fazem tal alegação — é igualmente presunçosa. A prontidão para aceitar novos fatores é mais um mérito dos astrólogos do que motivo de desmerecimento, e seria melhor para a humanidade se todos os corpos organizados de pensamento tivessem demonstrado semelhante agilidade para aceitar novas descobertas.
É um infortúnio da astrologia — se a verdade em qualquer forma pode ser azarada — que mesmo quando ela foi examinada por intelectos brilhantes, normalmente foi estudada apenas superficialmente; e mentes normalmente livres de preconceito aparentemente esqueceram essa virtude ao tratar do assunto. Até mesmo Plotino entendeu mal quando condenou os astrólogos por falarem como se os planetas, que o filósofo, sem dúvida, considerava divinos e, portanto, imutáveis, mudassem suas naturezas. Nenhum astrólogo fez tal afirmação; mas é verdade que se diz dos planetas que estão bem ou mal colocados de acordo com suas relações mútuas, ou aspectos, e os signos pelos quais seus valores nos são transmitidos. Em essência, eles permanecem inalterados.
Assim, dizia-se que os planetas estavam bem posicionados quando nos signos que regem e em outros signos chamados de signos de sua “exaltação”; e assim como os próprios planetas eram divididos em benéficos e maléficos, também os aspectos eram rigidamente classificados como bons e maus.
Nos tempos modernos, os termos benéfico e maléfico não são tão frequentes como antes, e quando utilizados, é principalmente por brevidade. Consideraremos adiante a adequação ou não de classificar os aspectos em bons e maus.
Outro termo que trouxe ataques à astrologia é o de “influência” aplicado aos planetas, assim como falamos de seus “efeitos”. Os moralistas parecem repudiar essas expressões por supostamente implicarem fatalismo, embora seja inegável que a vida humana esteja sujeita a muitas influências e efeitos, como, por exemplo, os do clima. Ninguém é chamado de fatalista por afirmar que seu reumatismo piora quando vive sobre subsolo argiloso! Cientistas riem de “influências” que não possam ser testadas por meio de instrumentos (como se nossos próprios corpos e vidas não fossem instrumentos delicadíssimos!), mas eles próprios falam de muitas forças, como a gravidade, cuja verdadeira natureza eles próprios desconhecem ou sobre a qual permanecem em ignorância absoluta.
Influência e efeitos são palavras convenientes, mas enganosas. Afirmamos apenas, como Kepler afirmou, uma “concordância” de condições celestes e terrestres, e não nos arriscamos, por nós mesmos, a ir além.
Tendo tratado dessas questões mais gerais, passaremos agora à consideração dos valores dos membros do nosso Sistema Solar. As estrelas fixas são consideradas por alguns astrólogos, mas não por todos, e vamos omiti-las desta exposição.
(*) É interessante notar que havia uma antiga atribuição, preservada por Manilius, dos doze signos aos Doze Grandes Deuses. Nessa lista, Áries é regido por Minerva, Touro por Vênus, Gêmeos por Apolo, Câncer por Mercúrio, Leão por Júpiter, Virgem por Ceres, Libra por Vulcano, Sagitário por Diana, Capricórnio por Vesta, Aquário por Juno e Peixes por Netuno. Touro e Escorpião são trocados.
O Sol e a Lua, ou Luminares
Section titled “O Sol e a Lua, ou Luminares”Já dissemos que, mesmo para os antigos astrólogos, com sua astronomia ptolomaica, o Sol sempre foi algo mais do que um planeta comum. É, de fato, o símbolo astrológico do impulso vital, o élan vital, a própria vida, indicando pela sua posição no horóscopo onde a expressão de si mesma se manifestará, com que intensidade e com que sucesso. Um Sol bem aspectado e bem posicionado indica uma corrente vital que fluirá constantemente para frente; as condições opostas indicam uma corrente que, usando uma metáfora, será freada e quebrada por muitas pedras. Não é o caso de que um Sol aflito, mesmo fortemente aflito tecnicamente, necessariamente indique um fracasso na vida, pois as condições horoscópicas que a maioria dos astrólogos considerarão muito negativas, frequentemente geram grande força, como se fossem estímulo pela reação; porém, a vida inevitavelmente enfrentará muitas dificuldades e obstáculos à autoexpressão.
O que normalmente é considerado fracasso na vida geralmente não é indicado tanto por aflições técnicas sérias, mas sim por um mapa de integração pobre, com poucos aspectos de qualquer tipo.
Os Doze Trabalhos de Hércules podem ser vistos como um mito solar com aplicação direta à vida humana. Esses trabalhos podem ser correlacionados aos problemas especiais da vida, exteriores e interiores, de cada signo.
Aspectos solares exteriores geralmente se expressam em termos de bem-estar físico, ou seja, saúde e propensão ou não a acidentes. Em alguns casos pode parecer haver pouca ou nenhuma responsabilidade do nativo, pois saúde ou doença podem ser herdadas e acidentes podem ocorrer por descuido dos outros. Em outros casos pode ocorrer o inverso e só um estudo detalhado do conjunto do mapa natal revela se o sujeito tende a ser insensato, ou azarado, prudente ou normalmente afortunado. Ou, mais frequentemente, um pouco dos dois.
Quase parece, do ponto de vista dos agentes astrológicos (falamos, claro, figurativamente), que é indiferente se as condições apropriadas entram em nossas vidas por nossos próprios atos ou de fora, contanto que ocorram. Mas, do ponto de vista prático, normalmente percebemos que o tipo positivo de mapa tende a carecer de prudência quando há condições aflitivas presentes no tema natal, trazendo problemas a si mesmo, enquanto tipos mais saturninos exercem cuidado com os próprios atos, mas podem sofrer por causa de outras pessoas. Por exemplo, na Grã-Bretanha em tempos de guerra, o cidadão era constantemente afetado em sua vida pessoal por fatores fora de seu controle, como pela requisição de casas. Não parece haver razão para acreditar que tais ocorrências, sobre as quais não se tem controle, estejam tão correlacionadas às condições horoscópicas quanto aquelas puramente voluntárias.
Voltando ao Sol, ele lança luz sobre a disposição. Embora, como dito, o Sol simboliza o impulso para uma vida ativa em sentido geral, tem uma tendência emocional predominante. Quando bem posicionado, indica calor emocional, afeto, amor, generosidade e sentimentos abertos e generosos.
Tais características ficam mais evidentes quando o Sol ocupa seu próprio signo, Leão, sem contatos planetários adversos, e com um signo a fim, talvez o próprio Leão, no horizonte oriental.
Aspectos horoscópicos desfavoráveis apontam para uma distorção na natureza afetiva, em incontáveis maneiras e graus que a simbologia astrológica pode expressar. No entanto, o Sol é tão poderoso em comparação com outros corpos que isso não deve ser superestimado na interpretação de caráter. Não sofre, nesse aspecto, como a Lua pode sofrer com aflições planetárias, pelo menos em termos de caráter.
O Sol também é importante em relação à mente e às capacidades intelectuais, se estiver em contato com um planeta apropriado ou em um signo intelectual, e isso devido ao seu poder vivificador. Como Mercúrio e Júpiter são eminentemente os planetas mentais, como regentes dos quatro signos “comuns” ou mentais, um aspecto com esses corpos ou qualquer um deles, vindo do Sol, estimula a mente.
Além disso, o Sol tem relação próxima com a vontade e o elemento conativo no homem, e com a vida de ação, de modo que o humor solar, bom ou mau, afeta fortemente o percurso da carreira, tanto pelo seu caráter específico quanto pela facilidade ou dificuldade com que a psique consegue se expressar nesse campo.
A natureza moral, ou senso de certo e errado, não deve ser julgada pelo Sol, ou ao menos nunca totalmente. O Sol de Hitler não apresentava aflição técnica; o de Mussolini pouco demonstrava para justificar uma natureza cruel, licenciosa e traiçoeira.
De modo geral, o valor solar é um impulso para fora, masculino e positivo. Com a Lua, forma a polaridade psicológica básica, cuja externalização mais óbvia é o sexo. Assim, esses dois astros sempre devem ser considerados juntos, um oferecendo o valor complementar ao outro. Um é o que conquista e dá, o outro é o que preserva e mantém. O Sol orienta-se para cima e para fora, para frente no tempo; a Lua dirige-se para baixo e para dentro, e olha para o passado. O Sol é ousado e aventureiro, a Lua prudente e tradicional. O Sol se expande, a Lua se contrai. O Sol tem fé; a Lua segue tradições, ou, em certas condições, tende à superstição.
O Sol cria novos hábitos, consciente e pela ação da vontade; a Lua se relaciona com nossos preconceitos, tradições familiares e observâncias, e o Sol faz isso por si, de modo cuidadoso e astuto. Sob aflição a Lua, pelos canais já mencionados, afeta a natureza moral de acordo com o tipo de tensão, Marte distorcendo os instintos mais físicos, enquanto Saturno restringe e endurece, e assim por diante. Voltando aos ditadores, Mussolini tinha a Lua sitiada entre esses dois corpos planetários, enquanto Hitler, embora sua Lua não tivesse aspectos desfavoráveis, estava em sua “queda” e em conjunção com Júpiter, que por sua vez estava em seu “detrimento”. O resultado foi um forte conflito entre a ação expansiva de Júpiter e o endurecimento da personalidade causado pelo signo saturnino.
Em suas manifestações mais extremas, o Sol representa poder, riqueza e talvez a maioria das pessoas bem-nascidas, realeza e nobreza, enquanto a Lua é dita como significadora do povo comum.
A Lua não vivifica os corpos com os quais está em contato como o Sol faz, mas um contato lunar acrescenta muito à importância do corpo com o qual se conecta e afeta seus valores em termos lunares.
Existe uma correspondência indiscutível entre os dois Luminares (ou Luzes, como às vezes são chamados) e os pais. Isso não deve ser levado ao extremo. Muitas vezes, na prática astrológica, um Sol ou Lua aflito reflete a sorte ou o caráter do pai ou da mãe, mas provavelmente apenas na medida em que o próprio nativo é afetado, exterior ou interiormente, por eles. Para os filhos dos mesmos pais, os Luminares podem estar em condições muito diferentes.
O Sol, contudo, tem relação direta com os filhos, como expressões da vida física e emocional da pessoa, e aflições ao Sol, ou em Leão, frequentemente manifestam-se nesse aspecto. Assim, o Sol em condições difíceis com Marte, Saturno ou Saturno em Leão, frequentemente indica poucos filhos ou limita esse número, apontando para uma limitação apropriada à autoexpressão.
A exuberância vital de um Sol forte frequentemente resulta no amor pelo prazer e pelas alegrias de muitos tipos, enquanto a Lua economiza seus recursos e prefere uma esfera de atividade doméstica. Entre esses dois, então, como representantes primários — mas não os únicos — dos polos ativo e passivo da natureza humana, oscila toda a expressão de nossa vida. De certo modo, cada um é mais importante que o outro. O Sol controla as principais decisões, grandes eventos e realizações de destaque em nossa vida; a Lua, porém, para o que é mais pedestre e prosaico, é um índice muito mais fiel do que usualmente somos e aparentamos ser. O Sol é a altura que podemos alcançar; a Lua é nosso nível habitual. De modo semelhante, as aflições solares indicam inibições grandes e permanentes; as lunares, fricções diárias e cotidianas. Ao redor desse eixo sol-lunar, por assim dizer, há uma constante interação dos movimentos planetários, cada um com seu próprio significado. O drama completo é visto pelos signos do zodíaco, sendo ainda modificado, como veremos, pelas Casas Mundanas.
Antes de deixar o tema do Sol, mencionamos o tópico da astrologia heliocêntrica. Se for verdadeira a doutrina de que todos os valores astrológicos do sistema solar originam-se do Sol, mesmo que não como “influências” reais, ao menos simbolicamente, então as condições operantes (de fato ou simbolicamente) em torno do Sol devem ter algum valor para os seres residentes na Terra. Aspectos podem ser formados, é claro, com o Sol. Se, por exemplo, Marte e Júpiter estão em trígono ao Sol quando “A” nasce, mas em quadratura quando “B” inicia a existência terrena, não parece irreal pensar que essas circunstâncias possam afetar os três corpos em ambos as natividades, inclinando-os à harmonia em “A” e à discórdia em “B”.
Ele é frequentemente mecânico, trabalhando com madeira ou metal, de acordo com outros fatores contribuintes no horóscopo individual. Aqui encontramos uma afinidade com a ideia de Vulcano, ou do Divino Ferreiro, embora o virginiano geralmente prefira trabalhos delicados, como a fabricação de relógios, àqueles de maior esforço físico. A concepção de Vulcano deve incluir um elemento forte de Escorpião, além de Virgem. É importante observar, no entanto, que a claudicação é frequentemente demonstrada por uma aflição em Virgem, e que Virgem e Escorpião já foram, segundo uma antiga lenda preservada por Virgílio, signos unidos, não havendo Libra.
Pelo signo negativo de Virgem, há frequentemente interesse pela horticultura, mas é possível que o asteroide Ceres também influencie essa atividade. Sugere-se, inclusive, que Virgem seja regido pelos planetoides, dos quais os quatro maiores são Ceres, Palas, Juno e Vesta. Com exceção de Juno, estes parecem ter relação virginiana.
Afirma-se que Mercúrio é um índice da natureza moral. O planeta, assim como a mente, é amoral e às vezes distante e egoísta. Quando severamente aflito, tende ao uso imprudente ou egoísta do intelecto e, por vezes, à crueldade. A mitologia retrata o deus como um ladrão, cuja habilidade serve muitas vezes para entreter a vítima, ao invés de irritá-la. Assim escreveu Horácio (Carmina Lib. I, 10): “Apolo não pôde senão rir quando, ao ameaçar o garoto (Mercúrio) por ter roubado seus bois, descobriu que nesse meio-tempo ele havia esvaziado sua aljava”.O furto, em todas as suas formas, ainda está relacionado a um Mercúrio aflito, e ainda assim, muitos filhos do planeta demonstram frescor e ousadia que não desagradam, apesar dos aspectos. Gêmeos, em particular, é um signo frequentemente dotado de certa juventude, mesmo quando o nativo envelhece, a mente envelhece com menos certeza do que o corpo.Além da desonestidade, um Mercúrio fortemente aflito pode indicar perigo de instabilidade mental; mas, nesse caso, há outros pontos a considerar.Não se deve pensar que as capacidades mentais possam ser julgadas apenas por este planeta.
É verdade que um Mercúrio bem posicionado indica raciocínio rápido, expressão fácil, fluência e agilidade mental, mas trata-se mais da expressão da inteligência do que da inteligência propriamente dita. Pessoas muito cultas podem ter Mercúrio em posição nada notável, como Einstein (Mercúrio em conjunção próxima com Saturno em Áries, sem outros contatos fortes).Mercúrio forte, contudo, costuma indicar bom senso e discernimento prático.
Por Virgem, o planeta também se relaciona à saúde, à medicina (especialmente fitoterapia) e à cultura física. Isso também é mencionado por Horácio no ode citado acima, em que o deus é dito ter civilizado o homem, tornando-o hábil no canto e ágil na arena.Em contraste com Vênus, Mercúrio é analítico e inclinado a ver diferenças, enquanto Vênus concilia. Em contraste com Júpiter, regente dos outros dois signos mentais, Mercúrio é mais crítico e sempre busca melhoria; não tem o otimismo do Grande Benéfico, sendo realista e prático, indo “direto ao ponto”, como já dito, sem evitar aspectos inconvenientes. Ele é móvel e superficial, ao contrário de Saturno, que é profundo e constante, embora compartilhe muito com Urano, cuja qualidade é mais drástica. Tem menos afinidade com Marte, cujos contatos tendem a vigorá-lo, mas frequentemente excede seus poderes.
Netuno tende a torná-lo, por assim dizer, travesso e irresponsável, mas frequentemente encantador, espirituoso e bem-humorado, como no caso de G. B. Shaw (Mercúrio em trígono próximo a Netuno em signo de Água). Aspectos solares geram dogmatismo e orgulho intelectual. A Lua com Mercúrio torna a mente perspicaz e hábil para lidar com assuntos práticos, mas introduz um elemento de preconceito e paroquialismo.
Vênus é o planeta da colaboração e da percepção de semelhanças. Nesse sentido, opera emocionalmente, mentalmente e nas atividades exteriores. Sempre tende a ver pontos de semelhança e interesses comuns, tentando suavizar ou remover diferenças. É gregária e social. Também é caracterizada por um aguçado senso de probidade e justiça, visto que desonestidade e injustiça destroem a possibilidade de colaboração harmônica. Vênus entra em toda atividade humana que envolve unificação de sentimento, pensamento ou esforço.
É fácil ver, portanto, por que foi denominada planeta benéfico e como surgiu a máxima de que “Vênus não faz mal a ninguém”. Naturalmente, já que a cooperação é mais segura quando fundada em interesses comuns, sejam ideais ou egoístas, Vênus não pode, em sua essência, prejudicar os outros, pois isso é contrário à sua característica principal. Isso não significa que um mapa astrológico envolvendo Vênus não possa indicar dificuldades. Não se pode exagerar o fato de Vênus raramente aparecer em um horóscopo em estado puro. Uma formação tal como Vênus não aspectada em Touro na 2ª casa, ou em Libra na 7ª, chegaria o mais próximo disso possível. Mas mesmo nesses casos, ainda que não aspectada, o valor do planeta se integra ao todo do horóscopo e é traduzido ao indivíduo por meio deste coelum. Muito mais frequentemente, um planeta não está em seu próprio signo ou casa, estando implicado em mais de uma formação planetária.
Nessas circunstâncias, Vênus ainda mantém seu valor conciliador, tendendo à construção e não à destruição. Vê-se isso, por exemplo, no caso de Hitler, nascido em Libra com o Sol em Touro. Vênus está terrivelmente aflita, mas ainda existe o ideal, mesmo que repelente à maioria dos não alemães, de uma Nova Ordem, além de um amor pela arquitetura.
Ainda que exemplos puros raramente ocorram na prática, teoricamente há três graus de intensidade em que um valor planetário pode aparecer num horóscopo: pode ser excessivo, deficiente ou normal. E além da intensidade, pode indicar manifestação construtiva ou harmônica — ou o oposto.
No caso de Hitler, o valor venusiano estava em excesso de equilíbrio e sofreu grande distorção com a conjunção do planeta com Marte, seu quadrado com Saturno, e a elongação de 15º de Netuno, além de Urano em Libra ascendente. O Sol em Touro estava mais bem posicionado, mas o semissextil próximo de Netuno — um contato de simulação — é de duvidoso valor moral e foi certamente empregado por Hitler com muita frequência para impulsionar suas ambições.
Como exemplos típicos de expressão harmônica, fácil e afortunada sob Vênus, podemos citar as irmãs Dare, que ajudaram a inaugurar o culto da “flapper” no início da década, ambas com Vênus ascendente — uma em exaltação, outra em Libra.
Fica claro que, em qualquer estudo de autoexpressão, do ângulo astrológico, Vênus tem grande importância. Outros valores se expressam de forma mais evidente visível no temperamento venusiano, existe uma condição intelectual correspondente, surgindo da prontidão do nativo de Vênus em ver e apreciar os diferentes lados de uma questão.
Essa característica, admirável em si, às vezes inibe completamente a ação; deveria operar como etapa preliminar para a escolha certa do curso a seguir. Por exemplo, na política, Vênus raramente é partidária ou extremista, mas é preciso cuidado para que tal mente aberta não degenere em indiferença e laissez-faire. Vênus não é sobrecarregada de energia física, e essa falha, combinada com o desgosto pelo atrito, pode fazê-la abandonar facilmente a luta e aceitar quaisquer condições impostas pelos seus oponentes.
Marte, o chamado maléfico menor, é talvez o planeta mais fácil de entender astrologicamente. Haja algum significado simbólico na crença amplamente aceita de que suas condições se assemelham mais às da Terra do que qualquer outro planeta do nosso sistema — por isso, já se pensou que vida e talvez seres inteligentes possam existir ali. Como já dissemos, seu significado na astrologia é o oposto do de Vênus; assim como Vênus flanqueia a Terra de um lado próximo ao Sol, a órbita de Marte está do lado oposto, logo além da órbita terrestre. Vênus é um planeta essencialmente humano; Marte rege o reino animal e as paixões e apetites do homem. Vênus rege um signo de terra e um de ar; Marte rege Áries — fogo, e Escorpião — água. É possível que o lado mais misterioso de Escorpião relaciona-se a Plutão. Marte é individualista e não cooperativo. É auto suficiente, e embora nem sempre egoísta no sentido de ser avarento e mesquinho, Marte pouco se interessa pelos assuntos alheios, assim como Vênus possui um instinto nato de se colocar no lugar dos outros. Suas reações são pessoais, sem referência a princípios abstratos. Marte não tem trabalhos desagradáveis ou perigosos e, quanto mais objetivo o desafio, mais ele gosta. Pessoalmente, Marte é corajoso até a imprudência, mas há, por meio de Escorpião, a possibilidade de terrores espirituais. “Macbeth”, de Shakespeare, é um estudo no temperamento escorpiano, tanto na pessoa do rei quanto de sua esposa. No entanto, como já observamos, talvez seja mais correto atribuir esses temores autogerados a Plutão. Ainda assim, vale lembrar o aspecto negativo de Marte.
A vida sexual costuma ser atribuída a este planeta, em parte por sua afinidade geral com nossa natureza animal e em parte por reger Escorpião, signo dos órgãos genitais. Provavelmente, isso esteja parcialmente correto. É comum encontrar que os signos ocupados pelo Sol e Marte no mapa de um parceiro se repetem no mapa do outro parceiro, às vezes invertidos. Ou pode ser que apenas um desses corpos se repita; por exemplo, Eva Braun tinha Marte em Touro, mesmo signo do Sol e Marte (e Vênus) de Hitler. Vênus entra no campo sexual porque o homem é bissexual e a ação sexual exige colaboração, que Vênus rege.
O casamento (união de dois indivíduos em parceria) é regido por Vênus. A atividade sexual, em seu prazer e também em seu aspecto procriador, está sob o Sol. Possivelmente, o ato sexual em si, excetuando-se os componentes biológicos ou sociais, é marciano. Provavelmente a impotência masculina está usualmente correlacionada a um Marte defeituoso. A frigidez em mulheres, acredita-se, está relacionada à aflição de Sol e Saturno.
Embora seja essencialmente um planeta não mental, Marte em signos comuns ou casas cadentes têm forte efeito sobre a mente, o que é muito verdadeiro para seus aspectos sextis. Nos signos mutáveis negativos, inclina para estudos de tipo abstruso e misterioso; nos positivos, volta a mente para assuntos abertos e comuns, tornando-a agressiva, argumentativa e dogmática, rápida e incisiva. Tradicionalmente, Marte é o planeta da guerra, mas, como o sexo, este problema não se resolve de modo tão simples. Se o casamento é o símbolo supremo da união, Marte representa, acima de tudo, a separação. Uma é a conjunção, a outra a oposição.
Ao estudar os chamados mapas mundanos da recente guerra, notou-se que Plutão indicava quase sempre ataque e agressão — por exemplo, a conjunção da Lua progredida com Plutão no mapa de Hirohito, exatamente na época de Pearl Harbor. Por outro lado, Vênus aparecia como significador usual de vitória — “Notre Dame de la Victoire”. Assim, estava precisamente ascendendo em Londres na figura da conjunção Júpiter-Saturno de agosto de 1940, pouco antes da Batalha da Grã-Bretanha, e também exatamente no meio-do-céu em Tóquio, na entrada do inverno de 1941, prenunciando os grandes sucessos dos japoneses agressores. Embora as vitórias tragam alegria aos vencedores, não é fácil interpretar esse fato em termos de princípios.
Esperava-se, pela tradição, que um Vênus culminante apontasse para conciliação com a parte japonesa, não para comportamento traiçoeiro como realmente ocorreu, a menos que se considere Vênus, nesses casos, operando por Touro, o signo do lucro mundano, como no caso da Batalha da Grã-Bretanha, representando a preservação do país contra invasão e ruína. Não seria surpreendente se Vênus mostrasse vitória sucedida por paz, mas em nenhum dos casos foi assim.
Marte pareceu ao todo menos proeminente e importante nesses mapas do que se poderia esperar. Isso pode ser explicado assim. Marte é um planeta disputador e, distorcido, um planeta briguento. Mas as guerras modernas raramente são desse tipo.
Na Idade Média, elas podiam surgir como resultado de rivalidades pessoais e inimizades entre magnatas, mas hoje são mais frequentemente planejadas pelo agressor em um espírito muito pouco marciano; são realizadas de modo frio e deliberado, como expressão da vontade de poder pura e simples, ou do poder como posse. Ora, a vontade de poder não é um fenômeno simples, ou, se essencialmente o é, geralmente é complicada em suas manifestações pela complexidade da natureza humana. Há a vontade de poder ligada ao sadismo, o tipo de poder que um carrasco ou carcereiro exerce sobre seus prisioneiros. Há a vontade de poder que não é no fundo nem cruel nem benevolente, mas se deleita com o sentido de sua própria força. E há a vontade de poder para ordenar e organizar, que é saturnina. Mas pode-se sugerir que, em qualquer consideração do tema, Touro, o signo negativo de Vênus, merece muita atenção.
A segunda casa não indica apenas a força financeira; relaciona-se aos recursos morais e físicos e à resistência. Touro é um grande exercitador de poder; é reconhecido como o signo do policial, e seu pai taurino governa a casa gentilmente, mas com firmeza.É digno de nota que tanto Hitler quanto Hirohito, principais agressores do nosso tempo, tinham Vênus em Touro (ele também estava próximo de Saturno). Aqui reside talvez uma razão para Vênus entrar tão largamente em nossos mapas de guerra modernos. Talvez sempre tenha sido assim, mas nossos predecessores foram cegos pela tradição mitológica.
Novamente, é preciso dois para fazer uma briga e a forma mais simples de guerra — o duelo — é obviamente uma questão de relacionamentos pessoais e, nesse sentido, venusiana. É tão comum encontrar comandantes militares com o Sol em Libra que é estranho poucos astrólogos terem notado isso. Marte, sugere-se, deseja ter e seguir seu próprio caminho. Só luta quando outros tentam impedir ou frustrar seu esforço de expressão, mas não procura o combate.
Não se interessa pelos outros e prefere ignorá-los. Psicologicamente, é simples até o ponto da “natureza”. Lembra a oração de Cellini, em que ele gentilmente repreende o Todo-Poderoso por colocar pessoas incômodas em seu caminho, obrigando-o a matar ou feri-las. Para o marciano, é sempre o outro que cruza seu caminho. Sua falha não está em procurar luta, mas na incapacidade, ao ser frustrado, de lidar com a situação se não por meio da violência. Da mesma forma, sua suposta brutalidade e crueldade decorrem da dificuldade em compreender os sentimentos dos outros, sua impaciência e tendência imediata ao uso da força, único instrumento que entende.
É, claro, egocêntrico e, nesse sentido, egoísta, mas, em geral, seus defeitos foram exagerados pelos escritores antigos. Viveu o peso do trabalho duro e perigoso, foi acusado de rudeza e falta de refinamento, assim como Florence Nightingale foi chamada de “insensível” por enfrentar os horrores dos hospitais militares.
Mas, em qualquer estudo de autoexpressão, esse planeta poderoso e vigoroso deve receber a máxima atenção. Pode-se acrescentar que as condições modernas de modo algum reduziram os canais pelos quais uma expressão ordenada e útil de seu valor pode se manifestar. A engenharia, em todas as suas formas, encontra-se, em maior ou menor grau, sob influência de Marte, e para outros há a química, especialmente os ramos analíticos, a cirurgia e a sanitização científica.
Capítulo II - Os Grandes Planetas
Section titled “Capítulo II - Os Grandes Planetas”Júpiter
Section titled “Júpiter”Este planeta pode ser contrastado, de um lado com Saturno e, de outro, com Mercúrio. Assim como Júpiter rege o futuro e o movimento rumo à mudança progressiva, Saturno rege o passado e a preservação daquilo que já foi; assim como Júpiter representa expansão, Saturno está ligado à limitação, em uma série de opostos bem conhecidos dos estudantes de astrologia.
Júpiter é eminentemente o planeta da autoexpressão, sendo, nesse aspecto, por assim dizer, o primeiro agente do Sol. Claramente, não pode haver autoexpressão sem liberdade; e uma vida ligada por completo ao passado é incapaz de se expressar plenamente; contudo, ela produzirá repetidas expressões desse fato.
Júpiter manifesta-se em uma tela muito mais ampla do que Mercúrio; o número dos tipos sobre os quais opera é alto e com grande variedade, seja intelectual, emocional ou a cruz mental. A visão de Gêmeos é normal, a de Sagitário telescópica; Júpiter é o signo do profeta, da aventura, do avanço rumo ao desconhecido. Júpiter raramente atua como autoridade ou base para regras. Mas, usualmente, oferece conselhos e limites. Júpiter é o grande princípio de generalização, enquanto Mercúrio é o da análise e comunicação, um anotador das margens.
“Exatamente as mesmas qualidades aparecem na vida intelectual. Júpiter busca princípios gerais e ideias universais, enquanto Mercúrio é um crítico e comentarista, um anotador de margens.”
Ele parece, em certo sentido, situar-se entre Vênus, a quem é muito mais generoso, e Marte, que é mais tradicional e rude do que Júpiter, embora este último, por certo aspecto, não seja tão puramente benéfico quanto Vênus.
O amor pela mudança e pelo risco que caracteriza nosso planeta é facilmente compreendido. Todo progresso, todo movimento para o futuro, exige correr riscos. É uma questão de abandonar velhos caminhos; o pioneiro precisa se arriscar, não sabendo ao certo o que lhe reserva o futuro.
Mas é natural que Júpiter deseje saber o máximo possível, e aqui se baseia o interesse pelas previsões e também o traço joviano de que “não conhecíamos aquele caminho, mas agora conhecemos”. Existe uma busca pelo novo, e só no desconhecido é que Júpiter encontra o espaço que deseja.
Por isso, ele é flexível nas amizades e no casamento; quando esgota as experiências do ciclo ele pode ser inquieto ou abandonar de fato. No entanto, se fiel, é leal.
A religião, também, está relacionada a Júpiter, embora mais pelo impulso de esperança do que pela fé propriamente dita — pois a fé está mais sob o domínio de Saturno, ligada aos fatos concretos; a esperança, ligada ao futuro, encontra-se sob Júpiter.
Júpiter é essencialmente um planeta benevolente; não está interessado no futuro apenas por curiosidade: deseja ver uma melhora progressiva nas condições humanas.
A lei é tradicionalmente atribuída a Júpiter, mas é claro que em muitos de seus aspectos, especialmente do ponto de vista dos que estão sujeitos à lei, ela é coercitiva e restritiva. Esse ponto, assim como outros discutidos, não é simples. Justiça, entre duas partes em contenda, certamente está sob Vênus. Retribuição e punição do transgressor parecem ser assuntos de Escorpião e Plutão. Ordem, mantida pela lei, é Saturnina. Onde então Júpiter entra na questão? É o protetor dos desamparados, como deveriam ser as leis? É porque o progresso verdadeiro deve ser realizado de modo legal e ordenado? A atribuição não está apenas superestimada, mas talvez realmente equivocada?
A expressão de Júpiter é sobretudo mental e emocional, embora seja possível que o último, por estar relacionado a Peixes, esteja passando para Netuno. O tipicamente joviano pode faltar-lhe simpatia: é impaciente e logo se cansa de ouvir os problemas alheios, mas nunca é deliberadamente cruel, mesmo que sua insensibilidade possa magoar os mais sensíveis. A especulação intelectual e o debate são suas principais ocupações, especialmente ao planejar para o futuro. O impulso à ação é forte; ele é enérgico. Mas não é paciente nem persistente e pode perder o interesse quando o assunto ou plano está, para sua mente inquieta, esgotado. Assim, Júpiter é frequentemente encontrado ao lado de Saturno oposto, ineficaz, brilhante mas pouco confiável, presente um dia e ausente no outro. Arriscaria dizer que nenhum planeta é menos útil, para não dizer mais perigoso, quando está fora de controle.
Um bom exemplo é o da filha de Lord Byron, a Condessa de Lovelace, cujo mapa é apresentado na “Grammar” de Zadkiel. Ali, um mapa repleto de aspectos brilhantes é prejudicado pela predominância do elemento Fogo, especialmente de Sagitário. Saturno, embora bem aspectado e em Aquário, está na 12ª casa. Possuidora de excelente intelecto, arruinou e desperdiçou sua vida perseguindo a ilusão de um sistema “infalível” para apostas em cavalos. Não é registrado se ela tentou usar astrologia para esse fim!
Júpiter rege cavalos e automóveis: os primeiros precisam de rédea, e dirigir um carro sem freios é perigoso tanto para motorista quanto para pedestre.
Deve-se admitir, para quem estudou número suficiente de casos, que Júpiter pode levar claramente ao crime, especialmente quando em aspecto tecnicamente “ruim”. O motivo provavelmente é a necessidade de reparar os estragos de extravagância anterior, luxo ou vida pródiga. Landru tinha a Lua e Júpiter em conjunção em Áries, com vários aspectos maléficos; Hopf, que envenenou diversas pessoas por dinheiro (ver Modern Astrology, agosto de 1915), tinha esses corpos no mesmo signo. Trenker, que assassinou três pessoas ao roubar uma joalheria, tinha ambos em conjunção em N.N. 271 (parentes envenenados por dinheiro de seguro). Todos esses casos mostram também aflições severas em outros pontos, mas o papel exercido por Júpiter em produzir o motivo, mesmo que não o ato, não pode ser ignorado. Júpiter não é frio e cruel como um Saturno mal fadado, mas pode ser imprudente e sem imaginação.
Por fim, Júpiter é visto como o planeta da boa fortuna, e não sem motivo. Júpiter angular, em grande parte, serve para afastar as “flechas e pedras do destino”.
Mas esse aspecto do planeta não é razão para que os filhos de Júpiter ouçam tanto sobre sorte, pois isso pode apenas reforçar sua tendência nata a correr riscos e confiar demais na sorte, em vez de dedicação e bom senso.
Saturno
Section titled “Saturno”Saturno, quando opera de modo restritivo, é o principal obstáculo à livre expressão; na verdade, pode-se dizer que é sempre um obstáculo à livre expressão.
Tem seus próprios limites e modos de expressão; e, dentro deles, e nos termos que dita, permite expressão, mas não de outro modo. Pode-se dizer que é o obstáculo primordial para a livre expressão, embora existam outros, e importantes.
Esses são os que surgem em conexão com a Tríade da Água, os quais discutiremos adequadamente.
Eles são bem diferentes; surgem do medo e do senso de inadequação, que caminham muitas vezes de mãos dadas com Saturno, e produzem os complexos mais difíceis nesse processo.
Saturno pode ser visto como o planeta do princípio da Matéria, ou, pelo menos, como o planeta associado à matéria, se olharmos por esse ângulo: como uma barreira, um obstáculo, uma quantidade obstrutiva de caos e inércia, interpondo-se entre a mente e algum objetivo não-material além dela (“Guide to Modern Thought”, C. E. M. Joad, Cap. VI, sobre Biossistemática e Evolução Criativa).
Mas este pode ser o verdadeiro significado de Saturno, mais até do que a noção comum de força restritiva, pois a força de Saturno é construtiva apenas do ponto de vista de ordem, não de confusão, que é condição de Netuno-Peixes.
Nem sempre a função obstrutora deve ser considerada má, pois de fato a dificuldade é, de certa forma, o preço a se pagar pelo progresso. “As dificuldades podem ter valor educativo se forem superadas e não apenas evitadas.”Ademais, essa função obstrutora pode ser originada de si mesmo, como resultado de inércia ou estupidez pessoal.
É frequentemente consequência de ações por parte de outros sobre os quais o sujeito não tem controle.
Estas ações normalmente se originam de pessoas mais velhas (por exemplo, os pais) ou de outros que exercem poder sobre ele, como o governo.
Por exemplo, uma nova lei ou mudança na organização social pode interferir adversamente nos negócios ou outras atividades. Saturno representa a expressão final dos pensamentos de Deus nas esferas do mundo físico, pois essas são as mais definidas e limitadas de todas as coisas.
Por isso, ele é o símbolo do fim e do limite da existência corpórea. De fato, Saturno representa o pai no sentido mundano, enquanto Aquário é a mente planejadora, produtora e inventora. Normalmente, o valor de Saturno no horóscopo não é externo, mas interno.
Afeta o sujeito em sua vida física tanto quanto em sua posição mundana.
Muitas vezes, fatores mundanos quase inevitavelmente começam a afetar a vida do sujeito após a morte do pai — quando ele próprio se torna “pai”.
Sol oposto a Saturno no horóscopo do Kaiser Guilherme II mostra a tragédia do pai e o resultado que o marcou tão profundamente, acentuando a fraqueza fundamental do caráter do próprio Kaiser.
Frequentemente se observou que, quando há problemas com o pai (pelo menos na vida presente), a mesma dificuldade recai sobre o filho.
O Czar Nicolau II tinha regente e Sol opostos a Saturno, seu filho, o Czarevitch, tinha o Sol oposto a Saturno. Em alguns desses casos, o nativo era uma pessoa má; mas muitas vezes eram fracos ou demasiadamente frágeis para suas circunstâncias.
No caso do Czarevitch, ele era, é claro, uma criança incapaz. Tais sinais parecem uma negação da justiça. Mas observe que Saturno remete ao passado, e isso é igualmente verdadeiro, quer julguemos a questão por uma perspectiva material ou vejamos as condições herdadas tanto físicas quanto circunstanciais, como quando um monarca herda uma coroa, ou por outro ângulo, com base no adágio: “o que plantar, colherá”, em referência aos pecados e erros das encarnações anteriores.
Saturno é símbolo de justiça retributiva estrita. Talvez isso seja mostrado também em sua afinidade pela Libra, embora possa indicar a necessidade de temperar a justiça com misericórdia.
Em países regidos por este planeta, o organismo social tende fortemente a valorizar o princípio da ordem, frequentemente levado ao excesso, como no sistema de castas da Índia, que representa a hipertrofia da ordem.
Em outros países, como no antigo México, havia leis de sangue e sacrifício. Algumas nações germânicas, como Prússia e Rússia czarista, representam classes dominantes guiadas por Saturno, conhecimento e tradição — à custa do dinamismo, do progresso e da renovação. Alguns exaltam o valor do controle da ordem até a exclusão da consciência individual.
A tendência geral de Saturno é reprimir desejos e instintos, e também a de outros planetas
Em variados graus, todos em posição de autoridade deveriam estudar a verdadeira expressão de Saturno e continuar seu próprio comportamento no exercício do poder sob essa luz.
Ao considerar vocação, levamos em conta aptidões, gostos e desgostos, preferências dos pais e do que é financeiramente e fisicamente possível.
Todos esses pontos podem ser afetados por Saturno, mas especialmente os últimos dois.
Assim, Saturno na 10ª casa, ao formar quadratura com um planeta forte no ascendente, tende a indicar um conflito entre os desejos pessoais por uma profissão e o que é possível ou imposto.
Em qualquer horóscopo em que a Lua e Saturno sejam fortes, a influência da família pode pesar bastante sobre o nativo e em grande parte limitar suas realizações.
A Lua atuará principalmente de forma psicológica, mas Saturno afetará principalmente a expressão externa, e, por consequência, reagirá sobre a psique. Sua ação é de dentro para fora; é a personificação do “eu não sou”.
Assim, é verdadeiramente o planeta do “homem mundano”. Isso é melhor evidenciado nos mapas dos que se dedicam à política.
Enquanto o conteúdo mundano da vida durar, Saturno domina. Assim que termina (pelo menos em termos da vida presente), cessa a sua função; espiritualmente, converte-se no guardião da entrada para a vida superior e será interpretado, no final, como tendo sido bom para nós, naquilo que nos faz ser aquilo que nos tornamos…
No entanto, um Saturno favorável, ou uma boa resposta a Saturno (se desejamos falar menos deterministicamente), é uma das melhores características que um mapa pode apresentar.
Enquanto o trabalho consciente, a prudência, pontualidade, bom senso e hábitos moderados e bem controlados tiverem valor, assim terá Saturno, bem compreendido e interpretado em nossas vidas, sendo um planeta de imenso valor.
É quando desejamos lhe ditar e extorquir dele, por meio de violência ou astúcia, o que achamos que será bom para nós que ele se torna, aos nossos olhos, um tirano.
Tentar “forçar” Saturno é geralmente perda de tempo e energia; se for possível superá-lo em algum grau, é pela paciência e persistência industriosa.
Saturno tem pouca influência na esfera emocional, apenas resfria e reprime, pois nossos sentimentos tendem a ser dispersos, vagos e informe, sem suficiente necessidade de ordem.
Saturno, porém, é um planeta fiel e traz fidelidade ao nosso âmbito afetivo, mesmo se os afetos se concentram geralmente em poucos objetos.
É o planeta da amizade, com afinidade especial por Aquário, mas isso não significa que, como dizem, ele tenha “um grande círculo de amigos”; ele pode conhecer muita gente e, ainda assim, apenas dois ou três a quem será realmente fiel e duradouro.
No plano mental, ele atua para oferecer cuidado e precisão, e pode ser tão lento em chegar a conclusões que parece estúpido, talvez de um ponto de vista mercuriano.
Mas o que lhe falta em flexibilidade e percepção rápida, ele compensa em julgamento e bom senso; vale a pena demorar-se em suas opiniões, pois geralmente, quando surgem, merecem consideração.
Mas em vocações que exigem ação rápida, como comandos militares e navais, ele fracassa por lentidão, sendo provável que um comandante com Saturno acentuado sempre esteja na defensiva.
Diz-se com frequência que Saturno aflito no meio-do-céu augura queda final. Mas, na verdade, geralmente eleva primeiro, pois as razões para cair não são as primeiras a atuar.
Um Saturno favorável ali pode indicar que, em vez de cair, a elevação será mantida, talvez por esforço; mas um Saturno aflito invariavelmente indica dificuldade ou, no mínimo, incerteza.
Hitler, segundo relatos, tinha Saturno no meio-do-céu, severamente afligido, como demonstram os mapas já citados.
Qualquer planeta no meio-do-céu (meio-do-céu) terá significado considerável. Vamos discutir a relação de Saturno com Aquário depois; basta dizer, neste ponto, que é principalmente neste aspecto que Saturno afeta a moralidade usando essa palavra num sentido um tanto negativo e restrito, frequentemente associado ao vitorianismo.
Como regente de Aquário, Saturno é um planeta social, mas intelectualmente, não emocionalmente.
Está preocupado com a correta ordenação da sociedade e, aqui, sua relação com nossa vida moral aparece no sentido de conformidade com costumes e maneiras estabelecidos e respeitados.
E aqui, como já foi dito, sua ação ocorre mais no sentido de dizer o que não fazer do que em estimular o correto impulso moral.
Seu código é rigoroso e suas penalidades são estritamente aplicadas. Contra isso, os planetas mais vitais tendem a se rebelar.
Estudantes da escola freudiana perceberão que Saturno, nesse aspecto de guardião de nossos padrões pessoais de decoro, é o Censor, uma espécie de policial moral encarregado da função de impedir que elementos indesejáveis no inconsciente, dos quais a mente consciente preferiria permanecer ignorante, subam à consciência.
Nessa função, Saturno torna-se o antagonista de Plutão, planeta que simboliza todas as forças eruptivas desse tipo.
Agora passamos além do esquema planetário como era conhecido pelos antigos. Observa-se frequentemente, em relação aos três planetas descobertos nos tempos modernos, que as condições mundiais no momento da descoberta têm relevância astrológica. Urano foi descoberto por William Herschel, em 1781.
Estava em Gêmeos. Foi nesse ano que as notícias da rendição em Cornwall às forças franco-americanas chegaram à América, um evento que virtualmente encerrou a Guerra da Independência. A Revolução Francesa estava próxima.
A Revolução estava no ar. Havia as Revoluções Industrial e Romântica. Havia peculiaridades físicas a se notar no novo planeta.
Seu eixo tem uma inclinação extrema em relação ao plano da eclíptica (82º) e suas luas giram em sentido contrário ao dos planetas. Sua natureza, em linhas gerais, parece desde cedo ter ficado estabelecida. Não foi vista de maneira gentil. Dizia-se que conferia teimosia, individualismo, excentricidade, com um toque de genialidade.
Essa ideia formada precocemente persistiu. No entanto, nem todas as pessoas nascidas com Urano em destaque em seus mapas são muito excêntricas, nem todas genialidades. Talvez poucas delas fossem chamadas de “pessoas comuns”; mas as que mais se conformam com os tipos comuns humanos podem ser descritas como diretas, francas, sujeitas a explosões de raiva de tipo agressivo, e frequentemente interessadas por assuntos incomuns, embora não sejam invariavelmente os “malucos” que alguns imaginam. Não costumam faltar bondade, embora seja geralmente impulsiva.
Comum são cabelos e olhos escuros e tez morena.
Nunca houve decisão sobre qual signo é regido por Urano, se é que há. Certos estudiosos americanos dizem que os britânicos relacionam Aquário ao novo planeta; não se sabe até que ponto há fundamento nisso.
Certamente a aparência física, já brevemente mencionada, é incomum e muito mais aquariana do que marciana; é muito mais marcante, mesmo, do que os tipos marcianos.
Há várias maneiras por meio das quais se pode abordar esse problema. Notou-se que o signo que geralmente aparece no mapa do parceiro daqueles cuja natividade Urano é significador de casamento.
Psicologicamente, os aquarianos são mais amistosos do que Urano, que tende a mostrar natureza emocional mais “viva” do que Aquário.
Quando afligido por planetas como Marte ou Júpiter vemos tendências a agir rapidamente e impulsivamente, sendo até temerário. Indubitavelmente, a manifestação de Urano não costuma ser estável.
Quando bem posicionado indica bom administrador ou governante, é certo que esse planeta favorece posições oficiais e negócios ligados ao comércio.
Na verdade, é muito influenciado pelo impulso pelo poder e, entre obedecer e exercer autoridade, sempre preferirá o último, mesmo que, se o planeta estiver fortemente aflito, possa tornar-se um aspirante a tirano, ou, no mínimo, muito incerto em seu comportamento.
Provavelmente, essa demanda interior por poder se deve ainda mais ao ódio de ser controlado e ao amor pela liberdade individual.
A maioria dos uranianos provavelmente preferiria (como muitos marcianos) ser deixada livre para seguir seu próprio caminho e viver sua própria vida; mas, se for necessário ocupar posição reconhecida na estrutura social, então uma posição de autoridade é escolhida e a responsabilidade não é evitada.
Diríamos que Urano, se não exatamente — como às vezes se diz — “o planeta da Vontade”, é certamente um planeta muito voluntarioso, e há uma manifestação clara nesse sentido.
Do mesmo modo, é intelectual, mas raramente perde o “toque comum” — para usar a frase de um autor que tinha o planeta ascendendo no nascimento. Tampouco é fraco no nível emocional, pois se entrega a intensas antipatias, sendo sensível a desfeitas e possivelmente vingativo.
Assim, há potencial para um desenvolvimento muito completo, geralmente como uma autoexpressão especial ao longo de uma linha particular, frequentemente incomum.
A melhor palavra, talvez, para descrever a pessoa típica com Urano aflito é a perversidade; tende a pegar as coisas pelo lado errado. É seu próprio pior inimigo e frequentemente desperdiça os resultados de seus esforços por alguma inexplicável tolice.
Um aspecto difícil de Urano frequentemente aparece como responsável por arruinar uma genitura que seria, de outra forma, excelente. Urano tem má reputação em todos os assuntos ligados ao sexo.
Suas visões heterodoxas e conduta errática costumam pôr em apuros um parceiro cujas ideias são mais convencionais; mas é provável que os padrões menos exigentes dos dias atuais tornem mais fácil para ele suportar o jugo do matrimônio.
Parece, então, que para o uraniano mais normal — isto é, para o homem ou mulher com o planeta proeminente mas não afligido — há dois principais canais de autoexpressão no mundo ativo: serviço oficial e ciência, ou, se Vênus e Netuno forem fortes, arte.
Existe uma conexão clara entre o planeta e o governo, seja local ou nacional. Se Urano é favorável, a ajuda costuma vir por esses canais, ou talvez de instituições poderosas e renomadas, como universidades.
Por outro lado, o nativo que carrega o fardo de um Urano mal colocado geralmente fracassa nesse tipo de coisa. Shelley, por exemplo, foi expulso de Oxford; sua posição era poderosa ao extremo, mesmo que se possa dizer que seu Urano era mais forte do que perigoso, exceto pelas circunstâncias especiais nas quais viveu.
Se Urano for proeminente, mas fortemente afligido, conselhos se tornam inúteis, nem a vontade do nativo costuma ouvir o bom senso.
É provável que leve uma vida conturbada e, talvez, rodeado de companhia revolucionária, e seja um “fracasso” do ponto de vista do convencional.
Concluímos, portanto, que Urano é normalmente um dos planetas mais interessantes e, ao mesmo tempo, difíceis de lidar para expressão pessoal.
Ele geralmente possui algumas habilidades, mas elas não são facilmente direcionadas para os canais certos, a menos que o planeta em si esteja bem posicionado e a figura de nascimento adequadamente equilibrada.
É o planeta que, figurativamente, quebrou o anel da órbita saturnina com sua sabedoria acumulada. A tradição, que é a experiência da raça, pouco lhe importa.
Seus interesses tendem ao ultramoderno ou ao decididamente antigo; ele não gosta da média e é o nascido não-conformista. Nesse sentido, é oposto a Saturno em significado e concorda melhor com Júpiter, exceto que, em vez do crescimento natural simbolizado por aquele planeta, Urano gosta de progredir aos saltos e mergulhos.
Parece expressar-se melhor através de contatos construtivos com Mercúrio, Júpiter e o Sol; é menos feliz com a Lua ou Vênus. Em aspectos difíceis com Marte e Saturno, ele se torna definitivamente carregado de perigo.
O mesmo ocorre quando aflige planetas fracos em signos fracos (por exemplo, Lua ou Vênus em Peixes), pois então sua tendência perversa é muito propensa a produzir resultados sérios, como, por exemplo, em N.N. 271 (morte por envenenamento, marido e irmão por dinheiro do seguro), Lua em conjunção com Júpiter em Peixes, normalmente formação bastante gentil, é pervertida pela oposição de Urano.
Netuno
Section titled “Netuno”Este planeta foi descoberto em 1846, sendo então retrógrado em 25 ½ de Aquário. Seu único satélite, como os de Urano, tem movimento retrógrado.
As condições da época em que foi descoberto revelam, mais uma vez, agitação política com certo renascimento do nacionalismo, ou contra desenvolvimentos socialistas.
- Escravos coloniais britânicos foram emancipados em 1833.
- Robert Owen iniciou sua propaganda em 1834 e o movimento cartista começou em 1836.
- As Leis do Milho foram revogadas em 1846.
- O ano de 1848 está especialmente associado a revoluções na Europa.
Parece claro que a descoberta de cada novo planeta inaugurou condições frescas equivalentes a uma revolução e, se outros forem descobertos no futuro, provavelmente o mesmo acontecerá.
Resta diferenciar suas motivações e métodos, se pudermos.
As revoluções americana e francesa, que foram uranianas, foram acompanhadas por muito derramamento de sangue; as de Netuno não foram, pelo menos em escala igual.
Netuno é comumente considerado mais preocupado com a filantropia, a arte e certos estudos e atividades enigmáticos, como o espiritismo, do que com a política; mas os eventos em torno de 1846 parecem alterar o quadro de modo a incluir o último destes.
Diz-se que o movimento espírita moderno começou em 1848, quando as irmãs Fox começaram suas demonstrações.*Pode-se admitir sem muito risco que Netuno tem uma conexão com várias formas de criticismo, incluindo astrologia.
Em segundo lugar, é relacionado às artes e especialmente à música e à pintura, e ao drama.
Em terceiro lugar, que tem afinidade com o amor pelos desamparados e explorados e talvez principalmente pelos animais.
Em quarto lugar, que há uma relação com o mar e assuntos marítimos.
Pode haver pouca dúvida de que Netuno tem uma *A nota de rodapé: “Diz-se que começaram a trazer seus truques para o público sob a influência de uma irmã casada chamada Fish!”, forte afinidade com Peixes.
Isso parece muito mais evidente do que o suposto vínculo entre Urano e Aquário.
Mas é uma certa mutabilidade proteica e evasividade sobre o planeta que o tornou o mais difícil de todos os fatores astrológicos de se explicar plenamente. A ideia radical parece escapar da determinação.
As condições Netunianas e de Netuno são sempre outras do que parecem.
Daí a habilidade daqueles com o planeta forte de agir bem, tanto legitimamente no palco quanto criminosamente em coisas como o golpe de confiança.
Contudo, muitos neptunianos têm um forte senso de honra e são pessoalmente francos e até diretos.
Bem colocado, Netuno frequentemente mostra boa sorte incomum, mas essas fortunas às vezes são mais no papel do que realmente substanciais.
Como afligidor, o planeta é em certos aspectos mais difícil do que Saturno. Do ponto de vista interno, ele é o significador de várias formas de hipersensibilidade. Ele é fastidioso. Pode infligir forte autoconsciência, timidez e medo de palco.
Ele é desconfiado e fisicamente forte e robusto, embora não necessariamente doentio. Medos irracionais são frequentemente gerados sob configurações planetárias em que o planeta entra em destaque.
O traço psicológico mais comum é a preocupação, novamente uma expressão de autodesconfiança.
Netuno não bloqueia nossa autoexpressão da maneira decisiva associada a Saturno; ele confunde, desconcerta e desgasta com ansiedades. Assim como o retiário na arena dos romanos lançava sua rede desconcertante e impeditiva sobre o escudado musculoso, Netuno lança uma rede de intrincados e incertezas sobre sua vítima. Ele é o fogo-fátuo e a névoa da montanha. Aquele filho de Netuno, Peer Gynt, o encontra no Boyg
Assim, é necessário para aqueles em cujos mapas ele aparece como um fator aflitivo, evitar tudo o que não é bem conhecido e bem testado, desconfiar diligentemente das aparências e evitar, na medida do possível, todas as condições complexas e intrincadas
Sua expressão mais ordenada será sem dúvida, na maioria dos casos, no campo das artes. Ele também tem uma afinidade distinta com estudos químicos. Existem também possibilidades na área de enfermagem, trabalho investigativo e bem-estar social e animal.
Para os menos desenvolvidos intelectualmente, há o mar e o comércio de bebidas. Há alguns pontos em comum com Sagitário, bem como com Peixes, e é possível que Netuno seja um planeta da religião, mas, como já dissemos, ele tende ao fenomenalismo espiritualista mais frequentemente do que aos estudos intelectuais e filosóficos.
Em resumo, não diríamos que Netuno em si é um planeta que encontra dificuldade em expressão pessoal; é em sua influência sobre outros planetas, quando em contato com eles, que causa problemas. Tende a criar ilusões e destruir o senso de realidade. Embaça a clareza das percepções, jogando uma névoa sobre o que é real. Tem afinidade com o chamado “inconsciente” e cria fantasias cuja origem o sonhador ignora. Pode ser visionário e idealista além de qualquer outro planeta, mas apenas o estudo de toda a natividade pode determinar se as visões são racionalmente reais ou meras imaginações fantasiosas.
As atividades autoexpressivas de Netuno devem, assim, necessariamente estar sujeitas a certos perigos, porém ninguém pode negar que incluem algumas das maiores realizações da humanidade.
Entre os outros planetas, parece ter menos afinidade com Marte e Saturno, ambos objetivos em seus valores.
Concorda melhor com a Lua e Júpiter e pode indicar expressão muito bela por meio de contato com Mercúrio, que também tem qualidade elusiva, e com Vênus.
Plutão
Section titled “Plutão”Embora descoberto tão recentemente quanto 1930 (a 17º de Câncer), o significado básico deste corpo não é difícil de determinar.É a ressurreição ou ressurgimento do passado — o passado esquecido ou meio esquecido — no presente. Não é por acaso que este período está associado à grande moda da psicanálise freudiana e também com a ascensão das doutrinas nazistas, que no final produziram uma erupção de brutalidade que o mundo jamais pensara que voltaria a testemunhar. Neste sentido, Plutão é o esqueleto no armário e o vulcão adormecido.
O planeta é pequeno em tamanho e muito distante, e alguns têm negado seu status como um verdadeiro planeta, afirmando que não conseguem evidências de sua atuação no horóscopo natal. Sua órbita faz um ângulo de cerca de 17½º com a eclíptica, resultando que o zodíaco sob o qual é referenciado pode estar no ascendente quando o corpo do planeta está a uma distância considerável dali, e assim também com outras posições nas casas. Isso pode complicar a investigação.No entanto, parece ter um valor definido em mapas mundanos, como mencionamos ao discutir o tema da Guerra na página 26. Seu paralelo exato com o ascendente de Hitler pode ou não ser fortuito.
Para nós, parece uma influência pagã, de fato feroz, em suas manifestações inferiores.Temos pouca hesitação em associá-lo ao signo de Escorpião e temos considerado suas direções indicativas de morte e doença de um lado e de saúde melhorada do outro.Mas talvez um significado mais fundamental deste planeta seja aquele que ousei associar com a antiga divindade latina Janus, de quem se diz (Smith’s Classical Dictionary) que ele é “o deus de todos os começos, tanto na vida pública quanto privada, do nascimento do homem e da abertura do ano.” Além disso, Janus era o deus das portas (ianua) que guardava tudo que entrava e saía.
Era, no entanto, o deus não só das aberturas, mas também dos fechamentos, tendo as designações Patulcius (do latim patere, abrir) e Clusius (do latim claudere, fechar).
No entanto, dificilmente se pode supor que o nome Plutão (ainda que possamos modificá-lo com epítetos secundários) tenha qualquer fundamento em fato. Parece que, tão próxima e real é a relação entre o homem e os corpos planetários, títulos apropriados invariavelmente foram escolhidos para estes últimos, mesmo que aqueles que os deram possam ter ridicularizado a sugestão de que, ao fazê-lo, estavam sendo “guiados” ou “inspirados”.
Provavelmente, portanto, a expressão normal dos valores plutônicos coincidiria largamente com aqueles atribuídos a Marte e, em particular, ao Marte-Escorpião, ou seja, àqueles do analisador, inspetor e investigador. No entanto, o autor não pode afirmar, até o presente, ter verificado isso a partir de dados observados. Deve, portanto, ser apresentado apenas como uma hipótese.
Capítulo III - Aspectos e Exaltações
Section titled “Capítulo III - Aspectos e Exaltações”É opinião do autor que todos os múltiplos de 15º produzem aspectos válidos, mesmo que seja necessário considerar um orbe estreito para aplicar a tais distâncias como 15º, 75º e 105º. Em suas experiências pessoais, resultados importantes coincidiram com a formação, pelo Sol progredido, de aspectos dessas denominações. De fato, ele os classificaria como mais potentes do que a série dos Quintis.
Parece razoável, também, esperar a divisão do círculo por 7 e por 9 para produzir aspectos válidos, ou seja, de 51°26’ e 40°, com seus principais derivados. Quanto a quais desses aspectos seriam classificados como “bons” e quais como “maus”, apenas a experiência pode mostrar. De fato, o principal problema que surge do assunto é decidir o que queremos dizer com “bons” e “maus” aspectos e até que ponto e em que sentido essas distinções são verdadeiras por natureza.
Quando o autor estava ocupado compilando listas de pessoas com aspectos semelhantes, durante a preparação de um livro sobre o tema (*), ele organizou as listas de acordo com se os contatos eram tecnicamente benéficos ou maléficos. Mas logo percebeu que era extremamente difícil ver em que sentido as fortunas e carreiras das pessoas com tais aspectos diferem das de outras classes incluídas na lista. Para citar um exemplo: Cecil Rhodes tinha o Sol em trígono com Netuno; F. D. Roosevelt tinha o mesmo aspecto em quadratura. No entanto, os dois casos apresentam pontos marcantes de semelhança.
Ambos foram prejudicados por graves doenças, cada um alcançou grande sucesso político, cada um foi visto, por seus adversários, como inescrupuloso, um atingiu e o outro herdou grande riqueza. Como resultado, o autor inclina-se a dar grande ênfase ao caráter essencial do planeta considerado em qualquer formação, especialmente em relação ao caráter particular do ser considerado, de acordo com isso poder ou não se ajustar à natureza do planeta; e também à sua força, por signo e casa.
Em suma, nenhuma descrição ou classificação “pronta e acabada” bastará; a questão não é tão simples, como o estudante jovem logo constatará por si mesmo. De qualquer forma, “bom” e “mau” são palavras ambíguas. Às vezes as usamos num sentido moral; às vezes queremos dizer apenas aquilo de que gostamos ou não gostamos, como ao falar de uma comida boa ou ruim, ou de mau tempo.
Alguns usam as palavras construtivo e destrutivo, mas estas, embora muitas vezes apropriadas, não são sempre assim.Uma das coisas mais notáveis sobre os bons aspectos é que eles tendem a ajudar o indivíduo a “ir com a maré”, ou seja, como o Sr. Pickwick, “nadar com a corrente maior”. Por outro lado, os maus aspectos tendem a fazer a pessoa desafinar com seu ambiente — talvez ser incompetente. Pode ser que aumentem sua reputação moral, mas não seu conforto.Assim, o quincunce e o semiquadratura são geralmente mais tensos que o trígono e o sextil e levam a extremos.
Dos aspectos menores, quintil e sesquiquintil parecem apropriados. Ângulos, trígonos e sextis podem ser chamados de facilitadores, pois tendem a ajudar acontecimentos ou tendências; quadraturas e oposições são tensivos ou (em signos fixos ou quando Saturno está envolvido) obstrutivos.
O semiquadrado e o sesquiquadrado são friccionais e o quincunce é frequentemente solvente, trazendo dificuldades ao ponto em que começam a se dissolver. É interessante observar que Aristipo, contemporâneo de Sócrates, ensinou (segundo o Dictionary de Smith) que “a sensação consiste na dor e no prazer; ele distinguia dois tipos de movimento, o movimento áspero que produz dor e o movimento suave que produz prazer, a ausência de movimento sendo resultado neutro”.
Existe aqui uma semelhança com a ideia astrológica de aspectos bons, maus e neutros. Pode-se dizer que esta questão de terminologia não é tão importante, mas é conveniente (como já foi dito) falar sobre planetas e aspectos bons e maus. Mas as convenções raramente são verdadeiras.
Existe o fato, porém, que merece ser ressaltado, de que é muito duvidoso que aspectos possam ser justamente classificados de maneira definitiva; faz-se necessário chamar a atenção da mente, em geral, para fora dos planetas em si e voltar-se para as tendências presentes nos mapas, que frequentemente são obscuras ou contraditórias. Além disso, a aplicação dos termos “bons” e “maus” sempre depende daquilo que é tido como bom ou mau; e tal aplicação é questionável até mesmo sob aspectos práticos. Sabe-se que um aspecto tido como “bom” pode resultar em consequências ruins para o indivíduo, e vice-versa.
Tudo depende da pessoa, do momento, e do contexto.A pessoa pode ser confrontada com aquilo para o qual um aspecto “mau” não é mera oposição incompatível: o mau aspecto pode realmente enriquecer sua natureza, apresentando-lhe uma oportunidade inédita, nunca antes vivida.
A sensação que se tem ao se deparar com um aspecto “mau” raramente é de ameaça simples, mas mais frequentemente de que talvez seja desagradável, incômodo, vexatório e perigoso. Dizer que um aspecto difícil está por vir pode ter um impacto muito diferente. Implica que haverá um trabalho a ser feito ou um problema a ser resolvido, não apenas uma ameaça pela frente. É um desafio, não uma mera punição. Na matéria de auto-expressão, o termo “aspecto ruim” é particularmente insatisfatório, pois em muitos casos as quadraturas e oposições tendem mais a promover do que a prejudicar o desenvolvimento. Na verdade, ali pode haver mais perigo em se entregar ao vigor da ação e das emoções, embora nem sempre, especialmente quando Saturno está envolvido.
Existe a possibilidade de que a mente se torne irracional e os julgamentos precipitados. Emoções podem ser quase impossíveis de controlar. Mas quanto mais forte, melhor. Por exemplo, o ciclo típico de Júpiter trino proverá, recebe-se a quadratura entre o mesmo planeta com resultados muito diferentes.
Os seus aspectos podem se mostrar decisivos ao levar alguém ao ponto de eliminar todos os obstáculos ou de realizar grandes feitos sob pressão, especialmente se Saturno estiver envolvido, apontando para as “tarefas de Hércules”, cuja realização pode ser mais benéfica, mas também mais essencial para a vida.
O mesmo vale para aspectos entre outros planetas. Às vezes, o melhor aspecto que alguém pode ter é um aspecto que conduz a grandes obstáculos e provações. O caráter do planeta é sempre mais importante do que o aspecto, e os graus em que o ponto do mapa se encontra também devem ser observados.
Os aspectos considerados bons podem dar prestígio social, mas também podem criar um estilo de vida menos genuíno, se não houver o peso das quadraturas, oposições, etc. Às vezes o indivíduo afunda sob tensão, mas também pode prosperar por causa dela.
Uma vida boa, útil e agradável, portanto, não é privado por ter vários trígonos e sextis, embora uma atitude totalmente tensa possa se transformar em uma manifestação destrutiva ou afundar sob o estresse denotado por tal condição horoscópica.
Os resultados dependem de quantos trígonos e sextis estejam presentes, embora uma autenticidade totalmente verdadeira possa não se manifestar sem a pressão de um mapa astrológico assim.
O que importa é uma integração dos fatores do mapa. Os mapas mais fracos são aqueles em que há poucos contatos importantes de qualquer tipo, com posições planetárias pouco congeniais e péssimas colocações nas casas. Igualmente importante é o equilíbrio, como exemplificado no caso da Condessa de Lovelace anteriormente mencionado. De fato, pode-se até dizer que todo o mal, conforme é retratado horoscopicamente, se resolve em falta de equilíbrio, e isso ocorre principalmente porque o quadrado e a oposição são tão fortes que frequentemente produzem resultados infelizes; eles exageram alguma parte da natureza e criam uma propensão à doença, seja de caráter, de corpo ou de fortuna. Eles perturbam o equilíbrio. Até mesmo trígonos podem causar isso, mas são menos aparentes em seus efeitos, pois normalmente caem no mesmo elemento.
Por outro lado, dois quadrados, se forem de tendências opostas, podem até em certa medida se anular mutuamente. Integração implica que um mapa possui uma significância ordenada, forte e clara em seus indicadores e sem planetas evidentemente fracos. A natividade de Mussolini pode ser classificada como fortemente integrada. O Sol está em seu próprio signo com Mercúrio e ambos estão em sextil com quatro corpos em Gêmeos, harmonizando o impulso vital com os poderes mentais. Há uma grande “fan” formação, com Urano e Netuno em trígono próximo, com Vênus e Júpiter entre eles e em sextil com ambos.
É verdade que uma natureza cruel e astuta é demonstrada pela Lua, cercada entre Marte e Saturno, e que semissêxtil de Urano ao Sol e Mercúrio prejudica tanto a mente quanto o espírito. Mas é uma força forte, e o nativo ascendeu de ser filho de um ferreiro a tornar-se, por um tempo, a pessoa mais importante da Europa.
Hitler, pensamos, devia muito às circunstâncias e à fraqueza psicológica de sua nação. Seu nascimento evidencia menos integração óbvia. Existe uma formação poderosa. O Sol está em semi-sextil com Netuno, a apenas 3’ da exatidão, e esse contato tecnicamente menor desempenhou um papel enorme em sua vida. Mas o ponto a observar é que Marte e Vênus estão no ponto médio entre o Sol e Netuno, a cerca de 15° de ambos; e estes carregam consigo a quadratura de um Saturno dominante. Esta formação envolve então cinco corpos bastante próximos e até certo ponto Plutão também.
O mapa natal de Benito Mussolini
Section titled “O mapa natal de Benito Mussolini”Levantamento de acordo com o método Campanus
Section titled “Levantamento de acordo com o método Campanus”
Mas Plutão está principalmente preocupado por estar em paralelo próximo com o grau ascendente e em sesquiquadro com Urano.
O mapa natal de Adolf Hitler
Section titled “O mapa natal de Adolf Hitler”Levantamento de acordo com o método de Campanus.
Section titled “Levantamento de acordo com o método de Campanus.”
O mapa foi traçado para o horário registrado, 18h30, C.E.T., 20 de abril de 1869, em Braunau, mas foi afirmado que houve dificuldade em estabelecer o horário do nascimento e, portanto, é possível que o nativo tenha nascido sob Escorpião.
Aqui está a condição tensiva e inquieta, com uma propensão perpétua para agressão, agravando as já aquisitivas e ambiciosas propensões do complexo Touro-afligido-por-Saturno.
A Lua e Júpiter estão algo isolados, mas estão ligados por disposição com Saturno, no signo do qual estão; ambos estão bem configurados com o Sol. Mercúrio é um planeta fraco.
Como no caso de Mussolini, está em tensão com Urano, embora não muito estreitamente; novamente, está em conjunção, mas não próxima, com o Sol. Está em oposição ao ascendente. Hitler não pôde usar pensamento preciso e claro, então recorreu às suas famosas intuições, que provavelmente eram uma espécie de palpite psíquico.
Seu mapa não mostra sinais de verdadeira intuição, instinto ou mesmo instintos sólidos. O trígono de Água está vazio; o de Fogo não tem nada de útil.No entanto, pode-se duvidar se a psicologia de Hitler pode ser compreendida apenas por referência ao seu mapa natal. Por exemplo, muito se pode aprender ao comparar sua genitura com o mapa do Império Alemão, erigido em Versalhes em 18 de janeiro de 1871, cerca de uma hora depois do meio-dia, horário local. Por exemplo, a posição de Netuno cai no trígono de Urano de Hitler e a de Plutão em sua conjunção Vênus-Marte. Outros pontos pertinentes revelam coincidências planetárias semelhantes.
A notoriedade de homens eminentes não é meramente uma questão de suas próprias natalidades. Decorre da interação com outros mapas circunstancialmente relacionados, dos quais pode haver, como no caso de Hitler, vários ou até muitos. Nenhum homem vive para si mesmo. Se os astrólogos negligenciam essa grande verdade, isso se deve mais à ignorância do que à falta de dados.
Um ponto final diz respeito ao valor relativo de aspectos aproximativos e separativos. Alguns chegaram ao ponto de afirmar que estes últimos não têm valor algum, opinião que pode ser descartada como ignorante e absurda.
Prima facie, pode-se ser tentado a supor que os aspectos aproximativos são mais fortes; mas pode-se também argumentar que um contato que estava exato pouco antes do nascimento pode ser mais forte do que aquele que apenas se completa quando a criança já nasceu e sua natividade está determinada.
Não tenho nenhuma evidência que me justifique dar qualquer opinião sobre esse assunto.
Exaltações
Section titled “Exaltações”Quanto à posição por signo e, em particular, às exaltações, vale lembrar que os antigos consideravam o signo positivo como indicação do bem, e o signo negativo, do mal — expressões de um planeta.
E essa visão não parece totalmente infundada, pois investigações estatísticas mostraram que Marte em Escorpião, e ainda mais Júpiter em Peixes e Saturno em Capricórnio, são nitidamente propensos a acidentes.
Em geral, pensa-se que um planeta em seu próprio signo é mais forte — Saturno em Capricórnio é, por assim dizer, um “duplo-Saturno” — mais do que necessariamente melhor em operação. Por outro lado, um corpo em sua exaltação é tido como purificado e inclinado a se expressar de forma mais adequada.
O esquema das exaltações transmitido pela antiguidade não é de forma alguma aleatória em sua disposição, mas a razão para isso parece não ter sido notada por escritores modernos e pode, portanto, merecer repetição, embora já tenha sido exposta em outro lugar.
O Sol, impulso vital primordial ou força de vida, é exaltado no signo de Marte, o maléfico menor. Marte, por sua vez, é exaltado no signo do grande maléfico, Saturno. Este corpo por sua vez é exaltado no signo de Vênus, o benéfico menor, e Vênus é exaltada no signo do grande benéfico, Júpiter, que por sua vez é exaltado em Câncer, o signo da Lua.
* Veja Astrologia dos Acidentes, página 20, do autor.
* Veja Zodíaco e a Alma, 2ª edição, do autor.
Assim, obtemos um círculo de manifestação, começando com a Luminária positiva e terminando com a negativa. Plutão parece reger a base deste círculo, o Subterrâneo, Hades, o Invisível, os Reinos Inferiores. Mercúrio pode ser colocado no centro, como o mensageiro entre reino e reino.
Quanto a Urano e Netuno, pode ser que governem, respectivamente, a Descida e a Ascensão. Ou talvez Netuno deva ser colocado no topo, oposto a Plutão, e Urano deve ocupar uma posição ao lado de Mercúrio, considerado por muitos como uma oitava superior.
Netuno
O Sol A Lua Marte Mercúrio JúpiterSaturno Urano Vênus
PlutãoAlém das exaltações tradicionais, outro esquema simples sugere-se. Exaltação significa uma elevação e é interessante notar que parece haver alguma conexão entre as exaltações tradicionais e a relação ascendente-meio do céu.
Aqui, claro, entra a latitude e a questão é se as exaltações devem ser consideradas conforme o local de nascimento.Falando do ponto de vista de nossa parte do mundo, encontramos que quando o signo solar Leão ascende, seja Áries, a exaltação tradicional do Sol, ou Touro, signo em que o Sol é notoriamente forte, ocupa o meio do céu.
Quando Câncer ascende, o meio do céu é ocupado por Peixes, signo muito afim à Lua.Quando os signos mercuriais ascendem, temos Aquário no meio do céu, que alguns alegam ser a verdadeira exaltação de Mercúrio, ou então, no caso de Virgem, o signo companheiro de Mercúrio, Gêmeos.
Quando os signos de Vênus ascendem, encontramos, no caso de Touro, o signo Capricórnio, que nunca, até onde sei, foi considerado como tendo afinidade com Vênus.
Mas Libra ascendente coloca Câncer no Meio do Céu, sendo certamente uma posição favorável para Vênus, talvez preferível (poderia se argumentar) a Peixes.
Quando Áries ascende, o signo tradicional de exaltação de Marte está no Meio do Céu; quando Escorpião ascende, temos Virgem, que possivelmente é um bom signo para Marte e certamente não é ruim.
Quando Sagitário ascende, temos Libra, tradicionalmente o signo em que Júpiter “se alegra”, no Meio do Céu; e quando o signo dos Peixes ascende, Sagitário ocupa esse ponto.
Quando Capricórnio ascende, temos Escorpião no Meio do Céu e isto considero um signo muito apto para manifestar o melhor de Saturno, como exemplificado nos casos de Goethe e Sir Humphry Davy.
Pode ser mais agradável em Libra, mas Saturno trabalha melhor em Escorpião. É verdade que Aquário ascendente significa Sagitário no Meio do Céu, um signo que muitos poderiam considerar ruim para Saturno, mas se Aquário é regido por Urano, pode-se dizer que Sagitário, com seu amor pela liberdade e pelo não convencional, tem afinidade com o planeta.
Além deste esquema, e daquele tradicional, existem certas posições de força notável no signo. Por exemplo, Mercúrio é indiscutivelmente forte em Capricórnio e Marte em Leão. Contudo, nestes casos os planetas não estão em seus próprios trígonos. Isso, entretanto, é apenas uma explicação parcial, pois o mesmo nem sempre é válido: a Lua não é forte em Escorpião, nem Marte em Peixes, nem Vênus em Virgem, apesar da comunidade de elementos.
Capítulo IV - A Polaridade Positivo-Negativo
Section titled “Capítulo IV - A Polaridade Positivo-Negativo”Tradicionalmente, há três divisões principais do zodíaco: em signos masculinos e femininos, em cardinal, fixo e mutável, e nas quatro triplicidades.
Nos últimos anos outros agrupamentos foram sugeridos. Por exemplo, existe uma valiosa divisão dos signos em três grupos consecutivos de quatro cada, que W. H. Sampson (*) nomeia respectivamente como
Primitivos ou Elementais: (Áries-Touro-Gêmeos-Câncer), Individuais: (Leão-Virgem-Libra-Escorpião) e Universais: (Sagitário-Capricórnio-Aquário-Peixes).
Novamente, pode-se contrastar os seis primeiros com os seis últimos, ou, mais enfaticamente, os dois primeiros com os dois últimos.
Pode-se demonstrar estatisticamente que criminosos violentos tendem a apresentar posições planetárias nas genituras em Áries e Touro, e em menor grau em Gêmeos.
Por outro lado, os dois últimos estão frequentemente presentes nos mapas de pessoas idealistas: são os sonhadores de sonhos.
Cada classe tem suas virtudes e falhas próprias. Devemos observar que quanto mais avançamos no zodíaco, mais ampla é a abrangência do significado do signo.
Assim, Gêmeos é a mente factual limitada; Sagitário é o pensamento especulativo exploratório; Leão é o indivíduo por excelência; Aquário é o homem coletivo, a sociedade. Assim, mesmo uma consideração superficial de uma natividade revela muito.
Naturalmente, os aspectos planetários afetam o significado dos agrupamentos poderosos; contudo, quando isso ocorre e um ou mais setores do zodíaco estão fortemente ocupados, isso tem um significado fundamental.
Olhar excessivamente para aspectos e ignorar esses satélites é como não enxergar a floresta por causa das árvores.A divisão dos signos em positivo e negativo, alternadamente, é conhecida de todo estudante. Repete, em termos dos signos, a divisão planetária simbolizada principalmente pelo Sol masculino e pela Lua feminina. É de profunda importância.
Este é um lugar-comum em todo o chamado ensino místico, e é um fato facilmente comprovado pelo pensamento e pela observação, que o princípio unitário do Ser, que em suas manifestações é Vida, adquire imediatamente ao se expressar um caráter dual. Este princípio de polaridade domina toda a esfera do manifesto. Seria supérfluo dar um relato exaustivo (se isso fosse possível) dos modos e formas pelas quais essa verdade é expressa na literatura mística.
No que concerne ao pensamento cristão e hebraico, pode-se traçar sua origem até o Jardim do Éden sob o nome de Adão e Eva, ou mesmo na relação entre escuridão e luz manifesta. Novamente, aparece na Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal.
Deus e o diabo, bem e mal, Ormuzd e Ahriman, espírito e matéria, liberdade e destino, energia e substância, vida e morte, saúde e doença, ação e inação, yang e yin, Urano e Gaia, animus e anima — estas são apenas algumas das díades típicas.
Para aqueles que preferem pensamento posterior, pode-se citar Freud: “Combinei os instintos de autopreservação e de preservação da espécie sob o conceito de Eros e contrastei com um instinto de morte ou destruição…. o quadro que a vida apresenta para nós é resultado da atuação de Eros e do instinto de morte juntos e uns contra os outros” (The Problem of Lay Analyses, 1927, pp. 290, 291). Não é nossa intenção presente discutir como esta dualidade segue da Unidade Primal do Ser, a não ser para dizer que pode ser evidente pela reflexão que este processo é necessário.
A energia deve ter aquilo que é para ser energizado; a luz adquire significado da escuridão, e a virtude do pecado, e assim por diante, em todas as formas onde aparece a polaridade.
Aqui nossa preocupação é abordar a psicologia humana, a vida interior do homem e sua expressão exterior. O resultado desta dicotomia ou divisão dupla no curso da vida é uma diferenciação de tipo tão profunda que, caso não fosse sobreposta nos casos individuais pela quase infinita complexidade da natureza humana, não escaparia à atenção de qualquer estudante, ainda que superficialmente interessado.
O homem, mesmo considerado corporalmente, é uma unidade. O fato de que ele pode querer, sentir e raciocinar como indivíduo confirma isso. Se este fato de unidade fica obscurecido em casos particulares ou circunstâncias especiais (como na incapacidade de um alcoólatra de coordenar seus movimentos), o resultado é imediatamente reconhecido como patológico e anormal.
Toda vida eficaz e inteligente depende do controle exercido por este princípio unitário do homem sobre suas diversas faculdades; os diferentes membros, os órgãos do corpo e as emoções e impulsos.
A maioria de nós torna-se consciente, se nos recolhemos a nós mesmos, de um “habitante no mais íntimo” que pode, por assim dizer, manter-se à parte e observar, e até julgar, as atividades da personalidade que o cerca, permanecendo em si isento e transcendendo em relação a elas.
Este princípio unitário, segundo os psicanalistas, aparece em sonhos como um monarca, príncipe ou chefe, sugerindo naturalmente ao astrólogo o Sol.
Sob o ponto de vista deste habitante interior, tudo ao redor é circunstância. Até os pensamentos e instintos, e ainda mais as ações, de sua própria personalidade, são circunstanciais para ele. O corpo e todas as associações terrenas da personalidade com outras personalidades, com suas operações, e com o mundo da natureza.
Ele pode distinguir entre seus pensamentos e emoções, que ele pode em algum grau controlar, e o ambiente externo sobre o qual ele tem menos domínio; chegando a essa região que está muito além de sua influência, e que é chamada de domínio do Destino, de Adrastéia, o Inescapável.
De alguma forma, o interior de pensamento e impulso batalha para controlar os campos externos. Muitos homens batalham, mas poucos conseguem dominar seus próprios instintos. Mas fundamentalmente há sempre este habitante interior, e ele retorna às circunstâncias externas.
Agora voltamos aos nossos dois tipos, positivos e negativos. Descobrimos que o ego, quando colocado em relação com o ambiente externo, tem a escolha de duas reações. Estas correspondem aos dois tipos básicos: positivo e negativo. O homem pode dominar o ambiente para seu próprio benefício, ou ele pode se submeter a isso.
Grandes pensadores já refletiram sobre este problema.
O “homem no pensamento” tem sua própria filosofia, encarnada em centenas de provérbios. É uma tarefa humana e antiga tentar compreender e solucionar as leis do ambiente e da conduta. E muitos sistemas religiosos e filosóficos tentaram lidar com isso de várias maneiras. Alguns ensinaram que o mundo externo é de alguma forma ilusório, simplesmente materializado para permitir que o habitante interior se expresse. Portanto, o ambiente externo não existe de fato, é uma ilusão, ou, pelo menos, de qualquer modo, algo bem diferente do que parece ser.
A astrologia, sendo integral em sua perspectiva, admite ambos os pontos de vista. Ela aplaude aqueles que buscam conquistar a natureza, mas reconhece também a existência do insuperável, ao menos no momento presente e em circunstâncias particulares. O que o futuro pode trazer em termos de conquistas é outra questão. Os signos positivos são os lutadores, os negativos os que cedem, ou melhor dizendo, são aqueles que lutam nas batalhas defensivas.
Não devemos, na astrologia, cair na armadilha óbvia de identificar o positivo com o Bem e o negativo com o Mal. Já demos alguns exemplos de pensamento polarizado que podem justificar esse erro. Mas na verdadeira astrologia essa correspondência não deve ser levada muito longe. Reconhecemos as virtudes e falhas distintas de ambos os tipos. Atribuímos seu lugar a cada um. Provavelmente acreditamos que uma mistura harmoniosa é, exceto para tarefas especiais, a melhor.
A astrologia, de fato, admite algo como essencialmente mau?
A resposta depende das concepções filosóficas de cada um. Muitos mapas indiscutivelmente indicam vidas difíceis; e essas dificuldades podem ser tais que tornam não só os desafios externos duros, mas também produzem conflitos com modos, costumes e padrões aceitos, isto é, em linguagem teológica, uma tendência a dar tentações ao pecado. Assim, como astrólogos, sabemos disso e o conhecimento deve promover a compreensão. A maneira como interpretamos isso é outro assunto.
No horóscopo prático, um mapa positivo contém muitos corpos em signos positivos, com o ascendente também positivo, enquanto o Sol, Marte, Júpiter, Urano e talvez Plutão podem ser reconhecidos como influências positivas. Por outro lado, muitos corpos em signos negativos e a proeminência da Lua, Vênus e Netuno inclinam-se para a atitude passiva. Mercúrio tende ao positivo, embora seja adaptável e, nesse sentido, cede. Saturno, deste ponto de vista, é difícil de classificar: talvez, com sua exaltação nas Balanças, no ponto médio do zodíaco, represente a síntese de ambos os tipos, prudente na defesa, porém ativo em sua forma lenta e paciente. É o planeta sábio; percebe a necessidade de ambos os valores.
Assim, como dissemos, o tipo ativo tem como objetivo a sujeição do externo a si mesmo e faz de sua vida aquilo que deseja que ela seja. Portanto, tende a ser agressivo, dominante, esperançoso, aspirante e cheio de desejo.
O estadista é o tipo de homem que deseja moldar outros seres humanos à sua vontade. Cientistas, engenheiros e agricultores mostram a mesma tendência, direcionada à natureza.
O tipo ativo é sempre progressista e esperançoso de coisas melhores. Arrisca-se facilmente e pode degenerar em jogador, pois uma de suas fraquezas comuns é a falta de paciência para quem busca resultados rápidos. Além disso, seu otimismo pode levá-lo a ignorar fatos duros e óbvios. Pode ultrapassar leis sociais e morais, desenvolvendo-se nas linhas familiares de Hubris, arrogância e orgulho obstinado.
Estas são características de algumas fases da emoção positiva, o elemento Fogo.
Mas o tipo positivo-ar também é ativo em linhas de construção mental. Busca controlar o ambiente através do trabalho em estudo ou laboratório.
Um desenvolvimento comum deste tipo intelectual positivo segue a linha de que as coisas desagradáveis do mundo são inexistentes. Essa crença, que recebe apoio em nossos dias em experiências cotidianas, às vezes assume um curso religioso de argumentação, aqueles que o afirmam que, sendo Deus bom e tendo criado todas as coisas, cada coisa e condição criada também deve ser perfeitamente boa, não importa o que nossos sentidos testemunhem. Neste tipo, a luta normal com o objetivo torna-se uma luta interior entre o que é considerado Verdade Divina e “mente mortal.”
A hora de nascimento de Mrs. Mary Baker Eddy é desconhecida, mas ela nasceu em 16 de Julho, 1821, e imediatamente notamos a característica quadratura Sol-Saturno-Júpiter. Aquário é um ascendente não improvável, o que colocaria o Sol na sexta casa, com os assuntos dos quais seus ensinamentos tanto trataram, enquanto a conjunção dos dois principais planetas pode cair na segunda ou terceira casa, provavelmente na primeira. Tal tensão, do sexto para o segundo, mostraria um forte senso de frustração em relação às limitações materiais e, particularmente, àqueles de meios mundanos e saúde corporal, e Júpiter, enquanto desejasse ajudar, seria impedido pela quadratura, indicando dúvidas e dificuldades religiosas. Trígonos poderosos de outra conjunção, de Urano e Netuno para Saturno-Júpiter, produziram uma solução, presumivelmente satisfatória para Mrs. Eddy, como tem sido para muitos milhares de seus discípulos, de caráter transcendental condizente com a natureza dos dois planetas auxiliares.
Não precisamos fazer uma pausa para perguntar: se tudo é perfeito, a mente mortal não conseguiu impor estas ilusões. Filósofos mais clássicos lutaram heroicamente para demonstrar que tudo está para o melhor nos mundos possíveis, mas dificilmente esse é o lugar para examinar as teorias. A maioria das pessoas concordará que há espaço para melhoria e é tarefa do astrólogo ajudar a si mesmo e aos outros em uma maior compreensão e apreciação da vida.
Uma atitude frequente é o tipo tipicamente Saturnino de dever. Aqui, por assim dizer, o sofredor busca ajuda de um do cachorro que o mordeu. Saturno, que simboliza muitos dos nossos sofrimentos e problemas, nos ordena cumprir nosso dever e descansar satisfeitos, sem nos envolver em especulação metafísica.
O Epicurismo (degradado), que nos diz para aproveitar tudo e viver para o presente, se alia aos planetas benéficos, em sua manifestação mais nobre.
Todos os sistemas que enfatizam a ideia de karma são saturninos, envolvendo o conceito de justiça estrita. Eles sofrem pelo fato de que quase destroem a possibilidade de beneficência desinteressada; e o mesmo vale para as apresentações do Cristianismo que acentuam a noção de recompensas e punições futuras.
No entanto, a característica que todas as formas positivas têm em comum é a recusa em simplesmente aceitar o mundo externo passivamente. Elas são agudamente conscientes da existência de um Não-Eu que é, pelo menos na aparência, diferente do que desejam que seja, e buscam uma solução para o estresse de forma ativa, seja por meio de ação, pensamento ou emoção.
Já o tipo passivo, a atitude do ego em relação ao externo é de submissão, de aquiescência. Não busca alterar o que está fora de si, mas aceita as coisas como as encontra e raramente tenta moldá-las. “Ele tem uma compreensão das coisas divinas que concordou nobremente com a Necessidade”, disse o estoico. Assim, a pessoa passiva tende a considerar as coisas como pertencentes ao reino do necessário e do predestinado; não diz “o que não pode ser suportado deve ser suportado”, mas prefere suportar muitas coisas que uma mente equilibrada tentaria alterar e melhorar.
Ele “aceita as coisas como as encontra”. Ele não deseja conquistar o novo, mas preservar o velho; é tímido e prefere o conhecido confortável ao exploratório, preferindo um saber medíocre ao glorioso e ao perigo desconhecido. “As coisas são melhores como estão”; ele “deixa como está”, não gosta de coisas “modernas” e diz que o que era bom o suficiente para sua mãe é bom o suficiente para ele.
Essa classe não é necessariamente menos inteligente que os positivos. Muitas vezes será mais, pelo menos em termos de erudição e aprendizado formal. Ao evitar uma vida exterior desenvolvida, pode conseguir desdobrar as faculdades interiores. Só que lhe falta experiência real e contato com a vida.
Dr. Richard Garnett, o bibliotecário do Museu Britânico, tinha os “Quatro Principais” (Sol, Lua, regente e ascendente) em signos negativos, assim como outros dois corpos. Por causa de sua tendência prudente, os negativos são frequentemente grandes colecionadores e acumuladores, e essa propensão pode se manifestar em uma ampla variedade de objetos, desde selos até certificados de ações, e na acumulação de conhecimento factual. Isso não é apenas denotado por muitos planetas em signos negativos; em sua forma aguda é mais frequentemente mostrado por conjunções Lua-Saturno. Mas esses, essencialmente, têm um significado semelhante ao do excesso de planetas negativos nos signos.
Essas pessoas podem estudar tanto o homem quanto a natureza, mas preferem o último. Não veem a natureza como algo a ser usado, mas como algo a ser admirado e amado por si só, por seu próprio valor. Escutam o que a natureza diz; não tentam impor nada nela.
Na medida em que são ativos — e obviamente não podem evitar a ação completamente enquanto estiverem vivos, mesmo que vivam na cela de um eremita — sua atividade é defensiva, não agressiva. Nesse sentido, lutarão tenazmente, como se vê pelas nacionalidades de Câncer, como os holandeses, tanto em sua pátria quanto na África do Sul.
Para o positivo, o Eu é o fator supremo e tudo o mais é uma margem, mas para o negativo, o exterior é algo que deve ser constantemente e ansiosamente observado, se possível da segurança comparativa do lar e do ambiente doméstico.
Fica claro que o que popularmente se chama escapismo, em suas inúmeras formas, pertence aos negativos; e em particular o escape da realidade para os reinos da fantasia — em outras palavras, sonhar acordado — é um hábito negativo, particularmente aliado ao elemento Água em conexão com Ar. Assim, os obstáculos que a vida real apresenta são evitados e um Paraíso imaginário é construído, no qual o ego pode se projetar livremente em qualquer papel que lhe agrade, como o de um santo, um rei, um conquistador, um estadista e assim por diante. Naturalmente, tais indulgências podem levar a resultados deploráveis, quando, por exemplo, o sonhador perde o contato com a realidade por completo e passa a acreditar que é alguém poderoso ou famoso. No entanto, se uma leve tendência a isso é séria, é discutível.
Vício e alcoolismo são métodos de obter uma sensação ilusória de adequação. O tipo negativo consciente está ciente de seus defeitos, de sua incapacidade de lidar com a vida real; a bebida o faz sentir, temporariamente, à altura das tarefas. Claro, poucas pessoas estão em posição de viver em completo isolamento. Mas seria imprudente dizer que todos os alcoólatras pertencem a essa categoria.
O fatalismo é comumente encontrado entre os negativos, pois desse ponto de vista os exime da responsabilidade pela ação vigorosa: tudo está predestinado, então por que se preocupar?
Negativos frequentemente se alegram com seus livros, propriedades, jardins e hobbies; mas quase sempre os tiram de seu conteúdo com a súbita invasão de circunstâncias que voluntariamente evitariam.
Como regra, o Negativo é verdadeiro; ele não tem impulso interior para ser desonesto. A desonestidade é uma aventura arriscada e tais feitos não são de seu gosto. Se for criminoso, normalmente foi levado a isso por influência ou pressão de outros tipos mais empreendedores.
Existe um forte elemento de proteção na composição passiva. Ela é mais paciente, mais compreensiva e mais simpática do que o pólo ativo, embora, novamente, por ser autoprotetora, possa ser uma crente convicta no adágio de que a caridade começa em casa.
O grande amor pelos animais é comum. Para o reino animal, em geral, ocupa uma posição passiva vis-à-vis ao homem e está em grande parte à sua mercê. Miss Lind-af-Hageby, a conhecida antivivisseccionista, tem Sol, Lua e todos os planetas em signos negativos.
O sexo é a suprema exemplificação do princípio da polaridade e o ato sexual é a consumação da fusão entre os dois pólos, no nível físico. Mas muitos homens nascem com genitálias negativas, e vice-versa.
Dr. Jung, em Psychological Types, trata dos primeiros padres cristãos Orígenes e Tertuliano, de maneira que é de grande interesse nesta conexão. O primeiro emasculou-se para silenciar os clamores do corpo e assim se tornar melhor receptor do influxo divino. Assim, ele buscou, por uma operação cirúrgica, mudar sua polaridade. Tertuliano, ao treinar como advogado, esforçou-se para ultrapassar os limites impostos por sua capacidade intelectual e senso lógico na afirmação de que a ressurreição era “certa porque impossível”. Podemos dizer, astrologicamente, que Orígenes tentou extirpar o elemento Fogo de sua natureza e Tertuliano tentou banir o Ar e a Terra — razão e senso comum — o Cristianismo, em grande parte uma religião de Água, muitas vezes se encontrou em conflito com os valores representados pelo Fogo (em sua forma comum, espíritos animais) e pelo Ar (raciocínio filosófico).
Ambos os Padres mantêm a visão de que uma parte de nossa natureza deve ser renunciada em prol de outra. A astrologia admite manifestações ordenadas e desordenadas de todos os seus valores, mas recusa-se a julgar qualquer um deles como sendo essencialmente mau. Pelo contrário, um exame cuidadoso mostrará que todos são necessários. O objetivo é a ordenação e integração.
De passagem, notamos que a auto-castração também foi praticada pelos adoradores pagãos da Grande Mãe, o símbolo do princípio passivo.
O ataque aos órgãos sexuais é um modo óbvio de tentar subjugar a parte naturalmente ativa da natureza ao princípio passivo naturalmente subserviente. Mas muitas práticas muito menos facilmente compreendidas visam essencialmente o mesmo resultado. Por exemplo, jejum religioso, que subjuga os espíritos animais e supõe-se tornar o sujeito mais capaz de receber iluminações espirituais superiores.
A aversão à razão é comum entre muitos dos tipos passivos. Pois a razão é essencialmente um princípio ativo; de fato, embora não atue de maneira desagradável. A razão também é uma limitação; obedece à leis e depende de definições exatas de termos. Portanto, é contrária às características do homem emocional, pois os sentimentos não conhecem leis. Assim, o tipo passivo-emocional, simbolizado na astrologia pelo elemento Água, mais foge de toda razão; mas o Fogo também insiste em uma expressão mais livre do pensamento lógico do que permitiria.
Assim estava William Blake (Ascendente e Lua em Câncer, Sol em Sagitário), considerando a razão como princípio de morte. É certo que a preponderância das atitudes mentais analíticas e céticas leva a um fim.
Blake escreveu:“Se o Sol e a Lua duvidassem, Eles imediatamente desapareceriam.”
Nos Upanishads lemos que “a mente é a destruidora do real” e o místico medieval escreveu “Por amor pode-se obter e segurar, mas por pensamento nunca.” Tais sentimentos representam a revolta contra a tirania do Ar. Nossa ciência lhes concede certa justificativa, pois sempre demos ao Fogo certa prioridade entre os Elementos.
É interessante notar que tanto os métodos ativos quanto passivos de sobrevivência racial ocorrem em formas muito facilmente reconhecíveis.
Por exemplo, a ferocidade do carnívoro é essencialmente da categoria positiva, e à mesma classe podemos relacionar a habilidade demonstrada por certos animais em alto grau na caça e na busca por alimento.
Métodos passivos típicos são a fuga, o camuflar, a armadura protetora e o mero volume. Outra proteção para a raça é a proliferação extrema, em que ambas as polaridades, positiva e negativa, estão envolvidas.
É pela sua força mental que o homem alcançou seu domínio atual sobre o globo. Ele não tem os dentes ou garras do carnívoro, a armadura e a pele grossa do crocodilo e do rinoceronte, ele não é prolífico, não tem a velocidade na fuga do cervo ou dos pássaros. Mas inventou armas mil vezes mais destrutivas que garras ou dentes, fez para si uma armadura de aço e fabricou máquinas que superam qualquer animal em sua rapidez e resistência.
Ele tenta compensar a pouca proliferação por meio de clínicas de bem-estar infantil. Procura proteção artificial contra o clima por meio das roupas e casas, e inventa alimentos especiais que supostamente possuem virtudes desconhecidas dos produtos naturais.
A solução do conflito de polaridade no plano físico do sexo é mais ou menos satisfatória para a maioria dos seres humanos, mas o problema psicológico não é tão fácil de tratar. Fisicamente, todos os humanos normais são macho ou fêmea, mas psicologicamente há todos os tipos de graus e variações.
Todo homem tem uma Lua em seu horóscopo; toda mulher tem um Sol, e assim por diante. Se a genitália mostra um conflito acentuado de polaridade, a tensão não pode ser evitada. Parcerias conjugais podem se dissolver, mas a luta interior deve ser resolvida ou continuará até a vitória final do princípio negativo, no que diz respeito ao corpo, é a morte. Para alcançar uma vida completa, os polos devem ser fundidos ou, pelo menos, ensinados a operar em harmonia.
Alguém poderia perguntar se o conflito de polaridades é necessariamente mau? Existem aqueles que acreditam em guerra e tensão. Parece que uma falha completa em reconciliar os opostos dividiria a natureza humana em insanidade ou morte; mas há verdade no aforismo de Heráclito de que “a discórdia é mãe de todas as coisas”. Isso se aplica igualmente às tensões de aspectos “maléficos”, que nem sempre indicam uma tensão de polaridade.
A tensão gera atividade e harmonia total tende ao repouso e à estagnação. Uma das primeiras lições que um estudante inteligente aprende é que não se pode classificar natividades como boas e más apenas somando o número de aspectos considerados benéficos ou maléficos.
O problema envolve a filosofia de vida que cada indivíduo pode adotar. Em outras palavras, o que ele entende por “bom” e “mau”? Isso não podemos responder para ele; mas parece um fato que a maioria daqueles que a humanidade aclama como “grandes” ou mesmo como “bem-sucedidos” têm mapas mistos de nascimento. Aspectos construtivos mostram seus poderes de realização; formações obstrutivas mostram as dificuldades que tiveram de superar para conquistar aplausos.
Mapas muito harmoniosos não procuram feitos que desafiem — estão bastante felizes como são. Mapas muito discordantes geralmente variam demais com suas circunstâncias (e muitas vezes consigo próprios) para alcançar realizações reais e úteis. Assim, suas conquistas são temporárias e tendem ao extremismo.
No entanto, pode-se admitir que quando a estrutura social se degenerou a tal ponto que medidas violentas são necessárias, natividades violentas também podem ser requeridas para limpar os estábulos de Áugias. Assim, o horóscopo de Lênin* é principalmente de tensão severa, embora não completamente. O de Gandhi mostra uma mistura de valores intensos e construtivos.
Alguns leitores, provavelmente do tipo negativo, podem considerar o quadro de tensão e difícil reconciliação como deprimente.
Talvez seja mesmo, ao menos para essa classe.
Mas parece haver uma tendência na natureza para estabelecer certo grau de equilíbrio funcional, mesmo quando o mapa é difícil. O mesmo pessimismo pode parecer justificado pelo fato de termos mais aspectos e planetas “maus” do que “bons”. Mas aqui, novamente, a resposta parece ser que o pano de fundo da vida é ao menos razoavelmente agradável.
Na maior parte de nossas vidas, não sentimos diretamente o impacto de nenhuma de nossas formações horoscópicas, harmoniosas ou discordantes.
A perturbação clara e incontestável na nossa consciência de nossas “aflições” é episódica, não perpétua, exceto nos casos de doença crônica ou incapacidade. Alguns, como Pope, dizem que “esta longa doença é minha vida.” Há uma lamentação nisso, mas até Pope teve suas compensações. Se há funcionamento normal do corpo e a doença recebe tratamento justo, o mesmo se aplica aos nossos assuntos. Os jovens tendem a pensar nas dificuldades como naturais à natureza dos principais períodos; mas, com o tempo, aprendem melhor.
O trabalho do astrólogo é de guiar e direcionar. Ele vê quando e onde o progresso é possível; quando e onde a frustração estiver próxima.
Outro fato útil é que somos afetados pelas natividades daqueles com quem convivemos. Não vamos ao extremo absurdo de um autor que alegou que o intercâmbio sexual funde as natividades do casal participante, de modo que pelo resto da vida cada um traz sobre sua própria a genitura do outro, nem precisamos especular sobre qual seria a condição horoscópica, digamos, de Nero, se isso fosse válido para os últimos anos de sua vida. Mas o homem ou mulher que carece de “Fogo” pode obter compensação via a companhia de um amigo do elemento Fogo, e assim por diante com todos os tipos.
Pode-se argumentar que é melhor para um tipo fortemente desenvolvido, seja positivo ou negativo, ativar tal tipo e não tentar se tornar algo diferente do que “deveria” ser. Aqui, mais uma vez, trata-se de uma questão de visão individual. Mas pode-se afirmar com segurança que ao menos uma compreensão de outros tipos e certo grau de simpatia e aproximação devem ser buscados.
(*) Todas as natividades citadas nesta obra sem dados podem ser encontradas em 1001 Notable Nativities ou nos dois folhetos adicionais compilados por Maurice Wemyss e intitulados More Notable Nativities e Famous Nativities. Algumas são em graus variados hipotéticos.
Capítulo V - Aspectos Em Termos Dos Signos
Section titled “Capítulo V - Aspectos Em Termos Dos Signos”Os livros didáticos geralmente lidam com os vários aspectos entre corpos. Mas, por força, deixam para o estudante considerar por si mesmo que modificação será introduzida nas descrições dos livros didáticos pelos signos que os planetas aspectados, em cada instância particular, podem ocupar.
Um livro que contivesse todo aspecto possível em toda possível combinação de signos seria, naturalmente, quase inconcebível. E mesmo assim isso não seria definitivo, de nenhuma maneira. Pois, mesmo que eu, por busca diligente, encontrasse, digamos, vinte exemplos de Sol em trígono com Marte, Áries em Leão, mesmo esses vinte casos não seriam de modo algum comparáveis. Nenhum aspecto pode realmente ser abstraído do horóscopo a que pertence e ser tratado como autossuficiente. Tais abstrações são feitas — nossos livros didáticos consistem em pouca coisa. Mas todos devem reconhecer que estão no mais alto grau artificial e não correspondem a nada na Natureza. Justificam-se dizendo que nada mais é humanamente possível.
Neste capítulo, a proposta é reverter o procedimento usual e, em vez de tratar os contatos planetários sem referência aos signos, tratar os aspectos em termos dos signos sem referência direta, exceto incidentalmente, aos planetas que podem estar envolvidos.
E acredita-se que essa abordagem será encontrada como informativa e útil. Se todos os aspectos entre Sol e Marte, por exemplo, forem examinados, será descoberto que têm algo em comum, independentemente de caírem todos nas triplicidades de fogo, ar, terra ou água. Afirma-se que todos os aspectos entre, digamos, Áries e Leão, ou quaisquer outros dois signos, terão um elemento comum em seu significado, independentemente dos corpos que os formam. Naturalmente, esse elemento comum será afetado e muitas vezes amplamente obscurecido pelas qualidades dos corpos; mas continuará existente.
Ao examinar os signos, em preparo para este trabalho, devemos observar suas várias classificações.
Já tratamos daquela de Positivo e Negativo.
Há a tendência dos três primeiros ou quatro para a crueza e praticidade, e a correspondente disposição dos últimos dois ou três para o idealismo.
Há a distinção entre o escopo limitado dos seis primeiros e a expressão expandida dos seis últimos, sobre a qual falaremos mais em um capítulo seguinte.
Além disso, existe a divisão em três Quadruplicidades.
Existem as quatro Triplicidades ou Elementos simbólicos.
Há a divisão, não tão frequentemente notada e ainda assim muito importante, entre os signos de Fogo e Água regidos pelas Luminares, Júpiter e Marte, de um lado, e, de outro, os signos de Ar e Terra regidos por Mercúrio, Vênus e Saturno. Não temos nome para esta divisão, ou para Fogo-Água em contraste a Ar-Terra, mas o contraste é real e importante. Fogo e Água são emocionais; Ar e Terra são mentais. Em cada caso, o positivo é anabásico ou tendendo para cima e o negativo é catabásico ou tendendo para baixo.
O fogo simboliza, em seu nível mais baixo, os espíritos animais; daí ele avança na escala de manifestação para a aspiração e (combinado com o Ar) a imaginação criativa. A água exibe sua qualidade nas formas para as quais aplicamos palavras como humores e estados de espírito, pessoal e desejos descendentes.
Se, emocionalmente, podemos relacionar o Fogo à alegria, devemos conectar a Água à tristeza. Podemos ir além e afirmar que eles têm, respectivamente, uma afinidade com Vida e Morte.
Os dois princípios são bem retratados no poema de Tennyson “The Two Voices”. Eles são o espírito que afirma e o espírito que nega.
Mas, como devemos enfatizar, há na Natureza um movimento em direção à normalidade que compensa tendências excessivas em uma direção. O Fogo, apesar de seu magnífico impulso de vida vívida, pode colapsar fortemente. A Água, por toda sua inclinação melancólica, pode exibir tenacidade e paciência. Nem todo suicídio, por exemplo, é do tipo Água.
Moralmente, também, o Fogo pode ser descuidado ou, pelo menos, carecer de compreensão, enquanto a Água mostrará simpatia e entendimento.
Na prática, o Fogo tende a ser excessivamente ousado e a Água excessivamente tímida, mas, justamente por essas fraquezas, aquela pode ser astuta e perspicaz, prudente e previsora.
Se esses dois elementos forem fortes, em detrimento da representação Ar-Terra, a natureza é obviamente excessivamente inclinada ao emocionalismo.
O Ar é, em sua manifestação mais elevada, intelecto puro e (combinado com o Fogo) imaginação criativa. Em níveis mais baixos, inclina-se para sonhos acordados inúteis e indolência, mas é associativo, amigável e inofensivo, sem profundidade de sentimento.
A Terra é a mente prática, que, em suas expressões mais baixas, tende, assim como o Ar, à preguiça, e também à grosseria, estreiteza de mente e estupidez.
Agora vamos considerar o significado das várias combinações de signos ao serem ligados por aspecto, começando com os dezoito contatos possíveis de signos que surgem por quadratura e oposição. Existem seis grupos, cada um com três tipos específicos:
Assim:
- Fogo quadratura com Água
♈ - ♋ ♌ - ♏ ♐ - ♓
- Terra quadratura com Ar
♉ - ♒ ♍ - ♊ ♑ - ♎
- Fogo quadratura com Terra
♈ - ♑ ♌ - ♉ ♐ - ♍
- Ar quadratura com Água
♊ - ♓ ♎ - ♋ ♒ - ♏
- Fogo oposição a Ar
♈ - ♎ ♌ - ♒ ♐ - ♊
- Terra oposição a Água
♉ - ♏ ♍ - ♓ ♑ - ♋
(1) Quadraturas entre corpos em Fogo e Água geram grande força, até mesmo violência, e são potenciais fontes de tragédia. No entanto, ocorrem frequentemente nas genituras de pessoas bem-sucedidas e talentosas. Não é preciso procurar muito, em uma coleção de mapas de pessoas famosas, para encontrar exemplos desse tipo.
A propensão ao sentimento excessivo pode surgir como indignação incontrolável ou virtude, ou pode declinar em sentimentalismo.
(a) Áries-Câncer. Isso é representado por Annie Besant, a “peregrina apaixonada”, Isadora Duncan, a dançarina clássica, Mrs. Eddy, Von Keyserling, o filósofo alemão, G. B. Shaw e Gandhi. Pode ser chamada a quadratura do pássaro tempestuoso.
(b) Leão-Escorpião. Isso parece muito menos presente nos mapas dos famosos. É potencialmente uma colocação difícil para o contato em quadratura. Pode nutrir amargura, alimentada pela memória de injustiças antigas; pode ser vingativa; a vida emocional será tomada por uma dor penetrante. Seria uma boa posição para um satirista; de fato, encontramos isso presente na natividade de William Blake, que escreveu algumas linhas tempestuosas. A natureza fixa dos signos se aprofunda e endurece os sentimentos.
(c) Sagitário-Peixes. Pela natureza “mutável” dos signos, isso apresenta um problema muito mais difícil. É provável que haja excesso de sentimento e emoção, com inquietação emocional, particularmente sobre problemas do intelecto. É porque ambos os signos são jovianos, propensos à prodigalidade.
Os casos são — Rei Eduardo VII, Chopin, P. B. Das, Vaillant (anarquista francês), Charles Dickens, Thomas Hardy, Sir Isaac Newton.
Uma análise cuidadosa desses exemplos mostrará como as características da formação funcionam; às vezes, as quadraturas são de fato notoriamente hostis ao sucesso. Como dissemos, geram força.
Isso é tudo sobre a interação Fogo-Água.
(2) Como dissemos, tanto Ar quanto Terra se relacionam à vida mental, ao pensamento.
(a) Touro-Aquário exibe o contraste entre uma atitude idealista e voltada para o social e uma atitude autocentrada. Pessoas cujos mapas mostram esse tipo de quadratura frequentemente se envolvem com comércio ou finanças, por um lado, e com buscas científicas ou filantropia, por outro. Vem à mente Lord Avebury (Sir John Lubbock), banqueiro, arqueólogo e naturalista, e ao se observar as posições em seu aniversário (30 de abril de 1834), o autor ficou interessado em notar que ele tinha o Sol em Touro e a Lua em Aquário. A combinação não parece produzir grande tensão psicológica e pode ser considerada como uma divisão de interesses que acrescenta aos prazeres da vida (sobre o qual Lord Avebury escreveu um livro) em vez de tirá-los. O Ar é uma influência de acomodação e normalização.
Pode haver precipitação física desabilitante; e, como exemplo, podemos citar a natividade de Franklin D. Roosevelt, onde, entretanto, as aflições são notavelmente pesadas. O desejo do nativo de tender para as condições materiais (Touro) ou das pessoas (Aquário) é verdadeiro para esse tipo. Lord Avebury instituiu feriados bancários na Grã-Bretanha.
Nesta combinação, portanto, representa idealismo prático, ou ciência e sentido.
Pode-se observar (embora devamos tratar do assunto mais adiante) que Aquário se destaca pelo chamado instinto gregário ou de rebanho. Daí as aflições que envolvem este signo geralmente mostram que o nativo é incapaz de se adaptar facilmente à vida social, pois o meio social ao seu redor, por algum motivo, resiste à configuração de seu horóscopo.
Fica claro que nenhuma das quadraturas Terra-Ar é tão difícil em sua natureza quanto aquelas entre Fogo e Água.
(b) Virgem-Gêmeos: Aqui temos dois signos ambos comuns na natureza e regidos pelo mesmo planeta, e as quadraturas aqui também são menos perigosas que muitas, embora possam produzir descontentamento devido à frustração do Elemento Ar superior pelo inferior Terra, e isso pode se manifestar como uma atitude crítica, difícil de agradar e propensa a sentimentos e comentários amargos. A quadratura geralmente gera atividade mental elevada e inteligência nada medíocres, embora possa haver indolência física.
Talvez uma das principais fraquezas dessa classe seja a falta de incentivo; tendem a não achar nada digno de esforço. Há uma tendência ao excesso de livros e ao isolamento.
Naturalmente, muito dependerá da força de Mercúrio nos casos assim. Se estiver severamente aflito, pode ocorrer desonestidade e prática astuta.
(c) Capricórnio-Libra: Este tipo tende ao polimento, gravidade e certo distanciamento. Seria adequado a um estadista, diplomata ou homem profissional, especialmente um especialista.
Curiosamente, ocorre nas natividades tanto de Gladstone quanto de Disraeli.
É a antítese da quadratura Áries-Câncer (como seria de se esperar); aqui não há raiva de guerreiro, mas uma atitude contida e estudada, aparentemente indiferente, mas realmente avaliando tudo cuidadosamente. Seria perfeito para um grande funcionário público, como de fato Tallyrand definiu: “completamente eficiente e desprovido de zelo.”
Aqui está a tradução fiel do trecho apresentado na imagem para o português:
Agora já discutimos os contatos entre Elementos que pertencem ao mesmo de um dos dois grandes grupos primários do zodíaco. Ou seja, entre Fogo-Água (ambos emocionais) e entre Ar-Terra (ambos mentais). Passamos agora para aqueles conflitos que cortam essas divisões, isto é, entre Fogo e Terra e entre Ar e Água. Estes, claro, são basicamente diferentes em sua natureza. Aqueles que já tratamos tendem a ser exagerados em caráter; levam ao excesso de emoção ou de mente. Na classe que discutiremos agora, mente e emoção entram em confronto direto; não encontramos exagero de nenhum dos dois, mas uma luta pela supremacia entre ambos.
(3) Fogo em quadratura com Terra parece uma combinação obviamente difícil.
É eminentemente a quadratura da frustração objetiva, de não obter o que se quer. A natureza emocional, os desejos, encontram aqui os fatos sólidos do mundo objetivo que dizem “não” a eles. Se os signos estão ocupados por corpos semelhantes à natureza (por exemplo, o Sol em Fogo e Saturno em Terra), então os efeitos serão, claro, ainda mais claros e mais drásticos — este ponto se aplica, é preciso dizer, a todos estes estudos.
É, portanto, a quadratura da luta árdua. Encontramo-la, por exemplo, nos mapas de J. M. Barrie e do grande Hahnemann, e, de forma marcante, em Adolf Hitler, que tinha um planeta terreno (Saturno) em Fogo e um planeta ardente (Marte) em Terra. De fato, ela aparece no mapa de Winston Churchill — Lua em Virgem em quadratura com Sol em Sagitário. Trouxe o orgulho de Luís XIV (Mercúrio em Virgem em quadratura com Marte em Sagitário) para dificuldades.
Será possível ver que essa formação não significa necessariamente derrota, seja ela interior ou exterior. Quanto ao primeiro caso, podemos referenciar uma natividade que foi objeto de uma competição em “Astrology” de dezembro de 1944. A nativa nasceu em Weymouth, Dorsetshire, em 2 de agosto de 1864, às 00h30. Aqui, o Sol em Leão está em quadratura com dois planetas em Touro. Ela voluntariamente e alegremente renunciou à vida e viveu em circunstâncias de extrema dificuldade durante toda a sua vida — e desfrutou isso completamente. Dessa forma, a vontade entra em cena; não podemos alterar as linhas principais de nossas natividades, mas podemos certamente segui-las pronta ou relutantemente de acordo com nossa própria determinação. É verdade que as “linhas principais” de nossas qualidades psicológicas também são indicadas pelo horóscopo de nascimento. Júpiter em Sagitário não é Saturno em Capricórnio; mas existe uma expressão ordenada, em oposição a uma expressão desordenada, de ambos os valores.
Uma digressão sobre Destino e Livre Arbítrio dificilmente seria fora de lugar aqui, pois o conflito Fogo-Terra está precisamente ligado a esse problema. Ele chega a um auge aqui, e aqueles que refletem profundamente sobre ele (e o astrólogo filosófico dificilmente pode evitar fazê-lo) geralmente têm esse tipo de estresse em seus mapas. Poder-se-ia citar Alan Leo novamente neste contexto.
Um “Jovem Desperdiçador” (Notable Nativities, Nº 260) que se considerava fadado a desperdiçar suas posses tinha, de maneira muito apropriada, o Sol em Áries em quadratura com Saturno em Capricórnio.
Aqueles que se deparam com o problema Fogo-Terra, então, devem esperar obstrução na expressão de vida. Não precisam, contudo, reagir da maneira tola daquele homem que encontrou nisso uma desculpa: tentarão com empenho, cuidadosamente e pacientemente, podem muito bem esperar obter pouco pelo esforço, e então aceitarão os resultados de seus esforços com bom ânimo. Cada caso vai variar de acordo com as forças envolvidas, i.e., a causa ocupada e o restante do horóscopo. A mulher acima, apesar de seu Sol aflito em Leão, tinha um trígono quase exato com Netuno. Outros precisam se adaptar. Se tivesse colocado o coração nas riquezas, teria inevitavelmente se decepcionado devido às quadraturas de Touro e Saturno.
A extravagância de N.N. nº 260 foi um ato de bravata tola, como se alguém pudesse provar sua indiferença à limitação terrena jogando fora o que possui.
Para abordar o tipo Fogo-Terra sob seus três aspectos, começaremos com.
(a) A quadratura Áries-Capricórnio, que, em contraste com a classe Capricórnio-Libra, tem uma corrente de egoísmo e tende à aspereza e violência, como por exemplo o caso do assassino em massa Kuerten (nascido às 3h30, 26 de maio de 1883, em Colônia) e Notable Nativities n° 56, 560 e 764.
Ela é menos excitável que Áries-Câncer, porém mais astuta. Provavelmente encontraria melhor expressão em alguma ocupação que envolva habilidade em ação, com certo grau de dificuldade e perigo, como uma vida no mar ou em colonização pioneira. Rejeitaria fortemente uma vida monótona.
(b) Leão-Touro tem possibilidades violentas, frequentemente com um motivo de ganho monetário. Landru, por exemplo, o “Barba Azul” francês, tinha Plutão ascendente em Touro em quadratura com Marte em Leão. Mas o “incorruptível” Robespierre tinha o Sol em Touro em quadratura com Netuno e Marte em Leão. Pode-se esperar um forte elemento especulativo em questões financeiras. Haveria grande teimosia e orgulho palpável. Está propensa à precipitação física sob a forma de obstinadas doenças. Há também propensão a dores emocionais.
(c) Sagitário-Virgem é uma combinação tipicamente crítica, Virgem tende a reduzir a prática à ordem e expressão, enquanto Sagitário dispersa sua energia exuberante facilmente na busca de suas explorações intelectuais. Se se tratar de um contato desarmonioso, os impulsos serão dispersos em vez de realizados; também tende a dores emocionais.
É o tipo de quadratura que se encontraria nos mapas de entusiastas de controvérsias teológicas, e Henrique VIII, que teve sua cota dessa forma de atividade, tão em voga em seu tempo, teve uma quadratura nesses signos, associada à típica posição teológica, Júpiter em Gêmeos. Seu uso de motivos religiosos na obtenção do divórcio combinou bem com a quadratura entre os autocentrados Virgem e Sagitário. Sua filha Elizabeth tinha configuração semelhante.
(4) Passamos agora para a quadratura Ar-Água, um conflito que frequentemente produz condições mentais não saudáveis, incluindo fobias ou medos irracionais. Essa relação não é difícil de entender. É o impacto entre a mente racional e os conteúdos variadíssimos do subconsciente, com o qual a Água está intimamente conectada. Existe tão pouca afinidade ou semelhança entre esses dois elementos que é certo que dificuldades desse tipo surgirão.
É como se casar um silfo, um delicado espírito do Ar, com um fogo-fátuo, que é o produto insalubre de pântanos e brejos. Reconciliação é impossível; o desenlace é difícil. Apenas o esforço contínuo da natureza para normalizar, assistido por um tratamento psicológico habilidoso, pode resolver os tipos de complexos chamados. Aparências vagas, derivadas de experiências remotas do cérebro — talvez de antepassados distantes, talvez de choques na infância, ou até algo como problemas gástricos ou hepáticos, surgem e procuram perturbar a ação pura do pensamento e da razão.
Se a quadratura Fogo-Terra representa a luta entre a vontade e a dura resistência da realidade, esse tipo de quadratura representa os efeitos do caos do inconsciente. Assim como cada um vive seus próprios estados no mundo subjetivo, cada um deve conviver com suas próprias experiências subconscientes, que, sob o aspecto estelar, permanecem subterrâneas.
(a) Pode-se propor que a quadratura Gêmeos-Peixes seja menos séria porque os signos comuns sempre têm a possibilidade de dispersar suas dificuldades em conversa e discussão, e a qualidade fixa do “complexo” é mais provável de ocorrer sob os signos fixos. Mas surgem circunstâncias em que falar é impossível, ou seja, em solidão, e o autor teve casos graves de fobia de solidão (e do escuro — simbólico da negatividade) sob essa quadratura. Medo de insanidade também pode ocorrer. Dou como exemplo um caso de obsessão por um negro (novamente um símbolo do negativo). A Imperatriz do México, que perdeu a razão após a execução de seu marido e desenvolveu medo de veneno, tinha esta quadratura combinada com outras tensões extremamente graves.
Todas as formas de medo são exageradas se Saturno, que tem seu detrimento em Câncer, o principal signo de Água, está implicado.
Nesse tipo, provavelmente haverá tendência para tagarelice superficial e inquietação mental e física, com boa dose de gentileza geral. Pode-se dizer que quase todo fator pisciano — e isso inclui Netuno — opera contra rigidez e aspereza.
(b) As inibições Libra-Câncer tendem à dificuldade de agir. Medo de palco é um bom exemplo, timidez é outro. O último é uma condição geral que surge na presença de estranhos; o primeiro ocorre em circunstâncias especiais. Ambos provêm de uma sensação de incapacidade que, em certas situações, paralisa o poder de agir, mesmo quando a razão assegura que não há nada a temer. Parece como se a vontade fosse incapaz de exercer sua força normal; há sempre alguma situação que o nativo, provavelmente de maneira bastante normal, simplesmente “não consegue enfrentar”.
Que seres humanos, especialmente os criados em grandes cidades, devam ter propensão a esse tipo de inibição, não parece nada estranho. A maioria de nós é apenas mais um entre milhares de outros. Quando crianças, dependemos dos pais; como empregados, dependemos do patrão; na velhice, da gentileza ou até da caridade de outros. Assim, muitos vivem em estado de medo e ansiedade conscientes, enquanto em outros a mente consciente rejeita esses estados, apenas para reprimi-los no inconsciente, de onde surgem cedo ou tarde disfarçados de algum modo que só o olhar de um estudante atento percebe.
Entretanto, normalmente a natureza humana reage de forma saudável a esses fatos e a maioria das pessoas, talvez, consegue encontrar para si uma posição na vida que possam preencher com satisfação razoável. Mas quando a vocação é mal escolhida ou quando o destino é particularmente cruel, a vítima pode perder toda confiança em si e toda esperança e coragem; ou pode desenvolver alguma inibição fóbica, que irá afetá-la apenas em situações específicas, mais ou menos visíveis na natividade.
Se o nativo Fogo-Terra não consegue obter o que quer, o sujeito Ar-Água não consegue fazer (ou mais propriamente, não quer fazer) o que deseja.
Porém, que não se pense que o quadro é demasiado sombrio, pois Libra é um signo altamente normalizante e Câncer não é de forma alguma um signo adverso, de modo que os casos ruins são incomuns, embora seja mais provável que a maioria seja menos séria do que comumente se acredita.
Em qualquer caso de desequilíbrio, raramente é apenas um contato planetário que precisa ser responsabilizado.
(e) Quadraturas Aquário-Sagitário indicam dificuldade em expressão de si através de fobia social ou timidez psicológica, como o caso de alguém desse tipo em que o nativo era tão tímido que não se atrevia a “jantar fora”. Charles Darwin tinha essa quadratura, não corrigida pelo restante do mapa, e afirmou que sua timidez era conhecida. Urano em Aquário em quadratura com Sol em Sagitário, paralelo ao Urano em Escorpião de seu filho (nascido em 12 de fevereiro de 1809).
Assim, enquanto o nativo de Libra-Câncer pode desejar evitar posições nas quais esteja em destaque (medo de palco), a categoria presente não gosta de imersão em encontros sociais, assembléias. É bem-sabido pelos homeopatas que alguns pacientes neuróticos se sentem melhor na companhia de outros; outros, ao contrário. Escorpião é, naturalmente, um signo solitário, Aquário, um tipo gregário; aqui as duas tendências estão em conflito. O isolamento do inglês vitoriano e pós-vitoriano pode ser indicado pela quadratura do regente em Aquário a Netuno (um planeta tímido) em Escorpião em nosso mapa de 1801. Não parece que esse traço nacional infeliz tenha surgido antes do século XIX.
Em formas extremas (e são estas que devemos estudar como melhor ilustração dos princípios envolvidos), fica claro que podemos encontrar um ódio genuíno (Escorpião) da raça humana (Aquário): uma rejeição feroz do fato da natureza gregária do homem e de suas consequências e responsabilidades naturais.
Assim, casos extremos desse tipo produzem o homicídio indiscriminado ou assassinato em massa.
Em casos comuns, a manifestação provavelmente assumirá a forma de timidez marcante ou desconforto na presença de pessoas externas. Às vezes, isso toma a forma de hábitos não convencionais e um “culto” de “ser diferente” dos outros, o que é, em parte inconscientemente, uma expressão de desaprovação.
Por outro lado, se houver planetas “fortes” envolvidos, pode haver reação contra a timidez que se manifestará como jactância, arrogância ou comportamento agressivo. Como os signos fixos estão envolvidos, essas características não desaparecem, mas a tendência pode ser sublimada em ocupações como cirurgia ou mesmo serviços militares.
Chegamos agora a duas classes de oposição, aquelas entre Fogo e Ar e aquelas entre Água e Terra. Cada uma delas tem como complementos os sextis entre os mesmos elementos, que indicam seu funcionamento harmonioso, mas mesmo as oposições não deveriam apresentar um problema impossível de reconciliação, já que os Elementos envolvidos não são hostis.
(5) Fogo e Ar, em oposição, indicam uma tensão entre as aspirações e a razão, e, como estão em seus níveis mais elevados, não deveriam estar em conflito, portanto não há base para supor que se levante uma luta irreconciliável. É verdade que nos níveis inferiores talvez se encontrem os sinais usuais de oposição, como separação; mas isso também será encontrado quando examinar que esses não possuem um efeito sempre prejudicial.
Pode-se citar, por exemplo, a separação da Sra. Annie Besant de seu marido e os sucessores que ocorreram na Sociedade Teosófica sob sua liderança. Na verdade, esses eventos são comumente considerados como próprios de uma “mente em crescimento”.
(a) A primeira oposição – Áries a Libra – encontra-se como exemplo no caso de Nietzsche.
Em seu horóscopo, encontramos a oposição dos mesmos planetas (Mercúrio e Urano) nos mesmos signos, assistida por uma forte medialidade, isto é, sendo assistida pelos nodos ascendentes e descendentes da lua, além de uma conjunção marcante de Vênus e Júpiter. Ele também era alguém que “buscava com paixão”, e alguém pode perguntar por que ele perdeu sua razão final. Era, evidentemente, mais por excesso de entusiasmo do que por carência, e recentemente mais por excentricidade exaltada do que apatia. Aos críticos, poderia ser dito que no final dessas coisas só se poderia relatar um nobre esforço de algum tipo. (Assim, seu signo ascendente é Escorpião, o símbolo psicológico de muitos modos em busca dos ideais do pensador.) Os trabalhos de Besant interrompem a conjunção de Júpiter nos signos, enquanto a Sra. Besant manteve-se em contínuo contato com o oculto.
Ainda assim, ambos os casos mostram a possibilidade do especulativo romper as restrições do Ar. No entanto, o fracasso, se fracasso houve, tinha o selo da nobre busca por algo maior. Existe algo do gênero, em maior ou menor grau, nos conflitos Fogo-Ar.
(b) As oposições Leão-Aquário produziram grandes homens, distinguidos por coragem e resistência. Líderes (Leão) de homens (Aquário) em circunstâncias difíceis (a oposição), como Winston Churchill e Ernest Shackleton, vêm à mente.
É o signo de quem vai tentar o aparentemente impossível. Muitas vezes o objetivo é o bem de marcação, frequentemente através da pesquisa científica; às vezes é menos elevado e tem possibilidades de violência. Mas sempre parece indicar alguém de poderes excepcionais.
Os exemplos a seguir podem ser registrados: Abbas Effendi, William Blake, S. T. Coleridge, Rupert Brooke, George Crabbe, George Eliot, Mrs. Eddy, Presidente Ebert, Henry Ford, Pierpont Morgan, Maria Rainha dos Escoceses, Von Tirpitz e Frederico, o Grande.
Algo do temperamento heróico dessa oposição aparece no caso de Edith Allonby (N.N. 296), que cometeu suicídio para tentar chamar atenção, como esperava, às ideias contidas em seu livro.
Parece que ambos os últimos tipos mencionados são, em certo sentido, lutadores, mesmo que o conflito seja apenas mental, usando a expressão de Blake.
(c) Sagitário-Gêmeos parece manter as tendências, mas especialmente no plano mental.
É o disputante e argumentador por excelência, particularmente sobre problemas religiosos e filosóficos. Mas parece produzir pessoas eminentes de maneira diferente das duas classes precedentes; de todo modo, é mais difícil encontrar bons exemplos. Os casos comuns tendem a uma posição intermediária em todos os aspectos; não fornecem nem os heróis nem os vilões da peça. Sua principal atividade é pelo pensamento, expresso vocalmente ou pela escrita. Embora seus pensamentos possam ser surpreendentes, suas ações geralmente são corretas e convencionais.
Essa oposição pode ser esperada para produzir, outras coisas iguais, inquietação intelectual, e possivelmente brilho. Pode haver pessimismo (Thomas Hardy: Sol em Gêmeos oposição Saturno-Sagitário) devido à dificuldade de reconciliar as aspirações do fogo com o fato da experiência do ar.
Às vezes essa polaridade produz a condição conhecida como infantilidade, ou a atitude de Peter Pan em relação à vida; a recusa em deixar as felizes irresponsabilidades da infância e crescer, aceitando os fardos da vida adulta. O nativo prefere a companhia de crianças à de pessoas de sua própria idade. Há uma tendência a insistir nos tempos de escola e no “velho estilo”.
(6) Por fim, temos as três oposições Terra-Água.
Essas são os opostos complementares do tipo Fogo-Ar e representam uma tensão nos dois elementos negativos, que, entretanto, são naturalmente aliados e são essencialmente lentos demais para dar origem a discórdias ativas.
É uma questão de luta entre os humores que surgem, principalmente, dos contatos sensoriais e das pressões compulsivas do mundo externo e suas necessidades. Um exemplo demasiadamente comum na vida da maioria de nós: um homem deixa um lugar quente e confortável em uma manhã fria para tomar seu café da manhã e pegar o trem — isto pode servir como símbolo do tipo de tensão que temos em mente. Algo muito cotidiano e nada glorioso.
Parece claro por que não precisamos esperar um conflito agudo aqui. Pois, se o espírito se satisfaz ao aceitar as coisas como elas são, é bastante provável que aquiesceu à visão epicurista da vida que também satisfaz os humores e sentidos. De fato, já foi dito que “água e terra fazem lama”, e certamente os exemplos menos agradáveis dessa polaridade podem se afundar em prazer sensual. “É indicada uma posição que ameaça muito gosto por autoindulgência física.” Pode-se citar George IV como um sensualista preguiçoso e egoísta (Lua em conjunção com Júpiter em Touro, oposta a Marte).
No seu melhor, não é uma formação inspiradora, tão pedestre quanto o Fogo-Ar é etéreo; a essência da tendência descendente.
Assim já citamos Nietzsche sob Fogo-Ar. Mas ele também tinha Marte oposto a Júpiter, Virgem a Peixes, e aqui vemos o elemento da “fera loira” em suas concepções, o que teria desagradado Annie Besant.
Mesmo em suas melhores manifestações, o trabalho de vida será encontrado, em certa medida, fundamentado no físico. Isso ocorre nos mapas de enfermeiros e médicos. Encontramos isso no caso do Dr. C. E. M. Joad (nascido em 12 de agosto de 1891), que nunca hesitou em confessar o gosto pelos aspectos corporais da vida.
(a) Touro-Escorpião certamente aponta para o prazer das coisas dos sentidos, possivelmente além dos limites da discrição dietética, e há um perigo óbvio de precipitação na forma de doença, especialmente aquelas formas que são de natureza auto-tóxica. É bem conhecido que George IV pagou o preço pelo seu amor à mesa com gota e extrema obesidade. Em tal contexto, é necessário estudar cuidadosamente Marte e Saturno, para ver até que ponto a atividade física e o autocontrole podem contrariar as inclinações voluptuosas da polaridade. É uma combinação bastante perigosa, mais para o nativo do que para os outros.
(b) Virgem-Peixes tem um exemplo marcante (nos Termos das Luzes e também nos dois benéficos): J. W. Goethe. É uma polaridade artística e colorida e também apresenta inclinação para o natural (e até certo ponto, ciência críptica). Também possui um aspecto sensual. Quanto às suas inclinações ocultas, pode-se citar não só cada signo lançando um trígono ao próximo signo do mesmo elemento, e assim por diante, pois há doze sextis. Para cada um desses valores distintos, cabe-nos tentar uma descrição, mesmo que breve, de cada um deles. Já dissemos o suficiente sobre os significados básicos dos Elementos para facilitar essa descrição parcial; mas é desejável obter, se possível, as experiências mais marcantes das quais deduzimos e ilustramos nossas conclusões.
Certas formações especiais merecem algumas palavras.
O Grande Trígono recebeu um nome ruim dos astrólogos antigos. É claro que pode indicar falta de equilíbrio, especialmente se mais de três corpos estiverem envolvidos. E a falta de equilíbrio, em nossa avaliação, é a pior das características.
Mas também parece tender a buscar o caminho mais fácil, evitando dificuldades e dependências de outros. É apaziguador. Certamente não costuma aparecer nas natividades de homens “fortes”. Aqueles que ocupam posições importantes, por causa ou apesar disso, geralmente serão promovidos mais por circunstância do que por mérito próprio.
O grande trígono em Fogo é naturalmente menos dependente que o dos outros elementos, mas até mesmo uma peculiar ausência de envolvimento surgirá com os outros. Falta-lhe forte individualidade; na política, é um bom homem de partido.
Isso ocorreu no mapa de Neville Chamberlain, cuja política à época de Munique levou ao uso comum, em jargão político, do termo “apaziguamento”.
Exceções podem ser levantadas, como sempre em nossa ciência, mas os exemplos acima são substancialmente verdadeiros.
Outras formações correspondem ao tipo “Leque”, quando três corpos ou grupos de corpos estão equidistantes, por exemplo, um trígono com outro corpo em sextil com cada um, ou um sextil com outro planeta em semi-sextil com cada um. Não parece haver razão para que esse termo deva ser aplicado também a um quadrado com outro corpo em semiquadratura com cada um, embora alguns possam considerar que nesse caso leque seria melhor que trígono. O Grande Quadrado, ou Cruz, e o “quadrado em T” (uma oposição, com outro corpo em quadratura com cada elemento) são agrupamentos familiares e impopulares que normalmente geram ou indicam mais energia do que o ser humano pode facilmente suportar. O Príncipe Consorte teve um exemplo de Grande Cruz, envolvendo em sua base o governante e os quatro planetas “masculinos”. Ele foi colocado em uma posição difícil e individualista e foi vítima de muita ansiedade mental e física. Sua saúde nunca foi robusta e ele morreu relativamente jovem.
Trígonos
Section titled “Trígonos”(1) Áries para Leão. — Um excelente aspecto para trabalho criativo pessoal. Um bom exemplo é o de Alan Leo; observe como sua personalidade teve grande influência no que realizou.
(2) Leão para Sagitário. — Um caráter vibrante e uma boa dose de amor pelo poder, orgulhoso e “sensível” em questões pessoais. Disraeli (☽ — ☉); Robespierre (♂ — ♃).
(3) Sagitário para Áries. — A característica de busca por poder também tende a aparecer aqui, com muito vigor, ousadia e independência. Rainha Vitória ( — ♀), Enfermeira Cavell (♂ — ☉ — ♆), Northcliffe (♃ —☽), Bismarck ( — ☉).
Observa-se que fortes harmonias de Fogo tendem a produzir o que se chama personalidade, mais do que grande intelecto, habilidade, conhecimento ou indústria. Alan Leo, por exemplo, não foi um astrólogo particularmente estudioso ou original, mas, por suas habilidades de organização e liderança, atraiu muito trabalho notável de outros e estabeleceu o caminho que muitos seguiram depois dele.
(4) Touro para Virgem. — Um artesão ou escriturário cuidadoso e consciencioso. Exemplos entre pessoas bem conhecidas parecem ser raros.
(5) Virgem para Capricórnio. — Uma boa posição para um estudante de ciência ou política. H. G. Wells é um exemplo marcante. (☿ ☉ — ♃).
(6) Capricórnio para Touro. — Outra combinação política, sendo o elemento Capricórnio aparentemente dominante sobre o de Touro.
Hitler ( ☽ ♃ — ☉), W. Lilly (☽ — ☉), Milton (♄ — ☽). Pasteur (☉ etc. a ♄) e Alfred R. Wallace (♆ ♅ — ♄) representam a ciência natural, frequentemente atraente para signos de Terra.
Observa-se que os nativos de trígono de Terra tendem a ser pessoalmente sem destaque, se todas as outras coisas forem iguais. Eles são quase todos industriosos—trabalhadores com a mente ou o corpo. Cuidado, paciência e habilidade na ação são seus atributos. Aqui está seu campo apropriado para autoexpressão. Se são ouvidos com respeito, não é por suas qualidades pessoais, mas por sua habilidade prática e conhecimento. Quando abandonam sua modéstia, costumam fazer papel de tolos.
Quando chegamos ao Trígono de Ar, encontramos nomes de pessoas eminentes nas artes ou letras; encontramos os pensadores. São geralmente menos ordinários na aparência que os homens de Terra, e podem demonstrar graça e charme em público, mas atraem mais pelo pensamento do que por “magnetismo pessoal”. Preocupam-se mais com “assuntos privados” do que os de Terra ou, pelo menos, sua abordagem é mais abstrata e teórica. Libra não introduz tanta atração pessoal quanto Leão. Aquário tende a resfriar o fervor, de modo que, embora brilhe, o entusiasmo não é excessivo.
- O fato de que exemplos precisam ser retirados de coleções de pessoas cujas carreiras, para o bem ou para o mal, foram celebradas deve ser levado em conta. Caso contrário, podem-se tirar conclusões erradas.
(7) Gêmeos-Libra. — Aqui, a ciência é representada por Sir Humphrey Davy (♅ — ♂), letras por Erasmo (♃ — ☿), filmes por Mary Pickford (♂ ♆ — ♄) e pintura por David Wilkie (☽ — ♀).
(8) Libra-Aquário. — Aqui deveríamos esperar que letras e ciência fossem predominantes. Espera-se de tais nativos poderes de exposição lúcida. Um conferencista sobre literatura ou ciência seria uma profissão adequada.
Exemplos serão facilmente encontrados.
(9) Aquário-Gêmeos. — Exemplos são Maurice Hewlett, Thomas Hardy e Nell Gwyn — note-se o “toque popular”, tão característico de Aquário, nos dois últimos.
O Ar é fortemente associativo e os trígonos deste Elemento são extremamente úteis na vida social. Por outro lado, a Água tende à timidez e à vida reclusa. Há uma forte inclinação para assuntos arcanos, sondando os “segredos da natureza” e assim por diante.
(10) Câncer-Escorpião. — Aqui temos John Dee (☉ — ♂), o pitoresco alquimista, matemático elisabetano e astrólogo, com seus experimentos espiritualistas e caças infrutíferas ao segredo da transmutação.
Outro exemplo é Thomas Hardy, que ilustra o lado melancólico e sórdido desse Elemento.
(11) Escorpião-Peixes. — Provavelmente a combinação mais corajosa das combinações de Água e é um ótimo tema para um conto de aventura marítima. Um bom exemplo é R. L. Stevenson (♀ — ♆ ☽) — coragem na aventura, histórias de mar e a alegoria “O Médico e o Monstro” — note-se o efeito do signo duplo aqui. “Sepharial” é outro caso (♃ — ☉).
(12) Peixes-Câncer. — Um trígono maternal e simpático, com forte tendência ao ocultismo ou metafísica. Exemplos são Baden Powell, Coue, Richard Garnett, A. P. Sinnett e A. J. Balfour. Também seria uma boa combinação para negócios e ocorre no mapa de J. D. Rockefeller (♅ — ☉). Agora passamos aos sextis, todos os quais têm afinidade com as casas 3 e 11.
Aqueles em Fogo-Ar frequentemente produzem dons intelectuais brilhantes com grande poder de imaginação; há certo elemento de inspiração aqui. Os de Terra-Água são práticos e voltados para negócios, inteligentes em assuntos práticos e adversos ao pensamento especulativo.
(1) Áries-Gêmeos é uma combinação prática e espirituosa, de respostas rápidas.
(2) Áries-Aquário é mais científica e cultural, mas ainda mentalmente aventureira e autoconfiante.
(3) Touro-Câncer é provavelmente o sextil ideal para empresários: argutos, cuidadosos e com senso das necessidades do público. Também é amável no trato pessoal. É uma das posições mais práticas. Como exemplo, Cromwell (☉ ♉ ⚹ ♃ ♋).
(4) Touro-Peixes também deveria ser bom para negócios, mas é mais idealista que o anterior e tem interesses mais amplos.
(5) Gêmeos-Leão concordaria bem com um escritor de livros infantis e, de fato, J. M. Barrie tinha isso (♅ — ☉), bem como outros famosos escritores como Shaw (☽ — ☉), Chesterton (☉ — ♅) e Tennyson (☽ — ☉), tornando justificável afirmar que este é, sobremaneira, o aspecto do escritor, especialmente no caso daqueles que gostam de escrever e não escrevem apenas como meio de ganhar dinheiro ou propagar alguma causa ou teoria.
(6) Câncer-Virgem é uma dupla astuta e perspicaz. No cotidiano sugere habilidades para negócios ou vida doméstica.
(7) Leão-Libra é essencialmente uma combinação poética e amante da beleza, apropriada para qualquer ocupação que envolva ornamento e decoração.
(8) Virgem-Escorpião é uma boa dupla para um soldado ou médico; é um aspecto algo austero e reservado e não vê dificuldade em ser “duro para ser gentil”; é capaz de estudo cuidadoso e preparação, e ação drástica no momento certo, por exemplo, F. M. Montgomery (♂ — ♃ ☉ ☿). É industrioso, com muita atenção aos detalhes, e crítico (Sainte Beuve).
(9) Libra-Sagitário remete mais à linha artística ou religiosa de expressão de Leão-Libra. Geralmente é perspicaz e há possibilidades de brilho aqui, mas para objetivos comuns pode ser idealista demais e descuidado com valores materiais.
(10) Escorpião-Capricórnio parece ser a base ideal para um diplomata ou cortesão, pois haveria a tendência de habilidade em usar a fala para disfarçar pensamentos, e provavelmente uma inclinação aos mínimos detalhes do comportamento de corte. Eduardo VII representa bem esse tipo e se diz que amava seu papel de reinado e também era meticuloso com questões de rituais, uniformes militares e trivialidades similares. Goethe passou muito tempo em funções e cerimônias de corte e tem esse par representado não pelo aspecto, mas pela presença de Saturno ascendendo em Escorpião e Marte regente em Capricórnio.
Goering tem atividade com Sol em Capricórnio e Lua em Escorpião, e Goebbels tem as Luzes nos mesmos signos, porém transpostos. Note o amor do primeiro por uniformes e decorações.
(11) Capricórnio-Peixes frequentemente tem grande interesse por história natural e investigação científica, tanto que encontramos Einstein com o Sol em Peixes sextil Marte em Capricórnio, e similarmente Isaac Newton tinha Sol em Capricórnio formando trígono com quatro astros em Escorpião e Sol em Peixes.
(12) Sagitário-Aquário produz dois exemplos notáveis — Charles Dickens e Lewis Carroll. Em si, esperaria-se uma visão algo satírica da natureza humana desses dois signos. É interessante (embora um pouco fora do nosso interesse principal aqui) notar como a relação de Sagitário com viagens aparece em “Alice” e em várias obras de Dickens, como em Pickwick Papers. É exatamente o tipo de dualidade de signos na qual se poderia esperar esquetes e sátiras engenhosas sobre a natureza humana.
Até aqui com os sextis.
Agora chegamos aos dois múltiplos de 30° (aspectos de 30°), o semissextil ou dodecilo de 30° e o quincúncio ou inconjunto de 150°.
Esses necessariamente envolvem um conflito de polaridade positiva-negativa, exceto nos raros casos de aspectos dessas ordens que não caem nos signos — raro, por causa da estreiteza dos orbes permitidos. Para expressar uma opinião pessoal, o autor considera o contato de 30° quase insignificante, a não ser que esteja implicado numa formação maior, como, por exemplo, o Sol de Hitler a 30° de Netuno, com dois planetas importantes situados exatamente entre eles. Tampouco se está preparado para concordar com a crença a priori comum de que seja um aspecto harmonioso. Tem afinidade com casas 2 e 12 e, às vezes, o segundo desses tipos facilmente revela-se prejudicial, como no caso de Hitler, também nas Natividades Notáveis nº 653, “Escândalos e Prisões.”
O contato de 150° provavelmente é mais forte. Muitas vezes é importante direcionalmente, já que corpos em quadratura radical, trígono ou oposição passam por isso. Tem significado para casas 6 e 8 e muitas vezes indica doenças ou infortúnio.
Se for permitido apenas 1° de orbe para essas duas classes de aspecto, então são naturalmente bastante raros (exceto por direção). Agora nos restam os aspectos de 15°, que chamei de “friccionais”, para indicar o que é considerado sua qualidade principal, a saber, que tendem a significar incômodo contínuo, mais do que eventos definidos e importantes. Deve-se mencionar aqui, porém, a questão dos aspectos que caem “fora dos signos”. Essa condição surge com todos os aspectos. Um trígono pode sempre cair do fim de um signo para o começo do próximo, de modo que, embora dentro do orbe permitido, não ocorre com signos do mesmo Elemento.
Tais casos realmente exigem consideração especial; pode-se dizer aqui apenas que são frequentemente considerados menos fortes do que os aspectos com posicionamento normal, e essa opinião provavelmente não está totalmente fundamentada, pois a harmonia dos signos compensaria ao menos em parte a desarmonia do aspecto, e vice-versa quando o aspecto é “bom” e os signos mutuamente incongruentes.
Quando chegamos ao semiquadrado, sesquiquadrado e outros contatos de 15° — se houver outros, como acreditamos — encontramos que, em média, eles realmente se dividem em duas classes, igualmente numerosas. Para qualquer pessoa na primeira metade de (digamos) Áries e em sesquiquadratura com outra em Leão, cairá totalmente em Fogo e até certo ponto estará harmonizada, enquanto alguém na segunda metade de Áries lançaria seu sesquiquadrado para Virgem, e o inverso ocorreria. Da mesma forma, o semiquadrado da primeira metade de Áries cairia em Touro, mas aqueles da segunda metade cairiam na porção muito mais afim com Gêmeos.
Parece provável que aspectos de 15° caindo em signos afins possam ser realmente facilitadores, em vez de difíceis; em todo caso, é razoável acreditar que são melhores do que os mesmos aspectos em signos incongruentes.
Na verdade, toda a tese deste capítulo é tentar demonstrar como a harmonia dos signos é importante e o quanto se pode julgar apenas com base nela, enquanto até agora quase toda a ênfase tem sido colocada nos corpos formando o aspecto, dando aos signos um valor secundário. Que seu significado seja secundário ao dos corpos pode ser verdade; mas eles estão longe de ser sem importância.
Deve-se notar que as combinações de signos sobre as quais falamos podem operar de maneira bastante poderosa mesmo sem aspectos, se os dois Elementos estão fortemente ocupados, seja por satélites. Um exemplo, em termos de psicologia nacional, é o mapa comumente aceito para os Estados Unidos da América, onde dois planetas estão em Gêmeos e o Sol e três planetas estão em Câncer. Aqui, o choque Ar-Água é bastante aparente na antítese da atitude “durona” que os americanos por vezes demonstram e seu evidente emocionalismo por outro lado. A Lua e Saturno também estão em Ar, sendo que este último não chega realmente a formar quadratura próxima ao Sol, mas mesmo sem contato específico tal conflito pode ocorrer, embora de maneira mais geral do que no caso de um aspecto próximo que serve de foco.
Morin, o famoso astrólogo francês, tinha planetas em Aquário e Peixes, e assim também C. W. Leadbeater: isso está em excelente acordo com escritores que tratam temas crípticos com espírito científico — na medida do possível. No caso de um missionário católico romano, descrito como “cheio de candura, simplicidade e devoção” e nascendo em Tours, 5h, 12 de agosto de 1861, há Sol e dois planetas em Leão e mais três planetas em Virgem: isso concorda bem com sua vida — amor expresso no serviço.
Desde que a sequência dos signos não seja insignificante, mas sim o oposto, fica claro que uma forte ênfase em dois signos consecutivos deveria sugerir uma possível união harmoniosa. Essa condição tende a formar um caráter mais definido em vez de uma composição dispersa de algum horóscopo, indicando uma coesão de interesses. É uma espécie de integração pela concentração.
Capítulo VI - Os Primeiros Seis ou Signos do Norte
Section titled “Capítulo VI - Os Primeiros Seis ou Signos do Norte”Talvez algumas reflexões preliminares sobre o assunto do próprio zodíaco não estejam fora de lugar.
O dicionário o define de forma simples como um cinturão nos céus que se estende por cerca de 18° de cada lado da eclíptica, que é o círculo descrito pelo aparente movimento do Sol, originado pela revolução anual da Terra ao redor desse corpo.
Até aqui tudo bem.
Mas, embora haja apenas um zodíaco, há certamente um número infinito de maneiras de subdividi-lo. Os astrólogos modernos, no Ocidente, comumente usam apenas um: começando pelo primeiro ponto de Áries, que é o ponto no qual a eclíptica cruza o equador e inicia seu arco norte, dividimos a eclíptica em doze setores exatamente iguais de 30° cada.
Como surgiu esse procedimento?
Há, naturalmente, doze constelações zodiacais bem conhecidas, ou grupos de estrelas, que têm os mesmos nomes que os doze signos. Em algum momento, talvez (seguindo a sugestão de Maurice Wemyss) por volta do ano 548 d.C., essas constelações coincidiam com os signos de mesmo nome; mas, devido ao fenômeno da precessão dos equinócios, isso já não ocorre, e acredita-se que, atualmente, o primeiro ponto de Áries tenha se deslocado para trás em relação às constelações, por cerca de 19°, de modo que está a cerca de dois terços do caminho dentro da constelação de Peixes e só chegará à constelação de Aquário posteriormente.
Parece provável que o zodíaco original tenha sido dividido de acordo com as doze constelações, pois o observador antigo provavelmente teria notado grupos de estrelas em vez de formado a teoria de um zodíaco de dimensões exatamente iguais começando a partir do primeiro ponto de Áries.
Mas, quando maior exatidão era exigida, o fato de que as doze constelações eram de extensão irregular provavelmente o incomodava; e parece que ele, por acaso ou inspiração, surgiu com a noção de uma divisão precisa de 30° do zodíaco, sendo ignorante, até a época de Hiparco (século II a.C.), de que a precessão dos equinócios forçaria gradualmente uma decisão sobre qual seria o verdadeiro zodíaco — o dos signos sempre começando de 0° de Áries ou o das constelações começando com a constelação do Carneiro. Os hindus até hoje permanecem fiéis às constelações; nós, no Ocidente, quase sem exceção, aderimos ao zodíaco dos signos.
A escola de pensamento que tende a considerar a astrologia como uma “ciência natural” provavelmente achará difícil supor que o zodíaco seja realmente a criação matematicamente perfeita de doze signos iguais apresentada a nós, enquanto aqueles que aderem a uma visão mais platônica — ou talvez devêssemos dizer pitagórica — considerarão este exemplo uma extraordinária ilustração da tão citada máxima de que “Deus geometriza”.
Maurice Wemyss atribui validade a ambos os zodíacos, com bastante razão de seu lado, mas, na prática, poucos astrólogos ocidentais se importam com as constelações, exceto muito superficialmente. É evidente que se afastar do zodíaco dos signos e adotar o das estrelas significaria declarar que toda a astrologia dos últimos séculos, ou, pelo menos, a maior parte dela, era errada, e que aqueles que pensavam o contrário estavam equivocados. Tal coisa não parece de modo algum necessário.
Todavia, ninguém tem o direito de dizer que essa divisão de 30° da eclíptica é única e justificada. Os chineses têm outra divisão completamente diferente, e os hindus usam as mansões lunares como outro método de divisão. Se considerarem que esses métodos são válidos, não temos o direito de rejeitá-los sem exame.
Nem eles têm o direito de condenar o nosso.
Voltando agora aos signos individuais, ao tratar dos elementos e das quadruplicidades, já falamos algo sobre eles. Quanto a ser possível descobrir um significado básico ou valor para cada um, as opiniões divergem. Provavelmente seria preciso dizer que ninguém conseguiu fazer isso até agora. Eles mesmos são razões básicas, ou Logoi.
As obras de Alan Leo trazem mais de uma tentativa de aplicar uma única palavra explicativa para cada signo. Isabelle Pagan escreveu com grande charme e perspicácia, e muito devemos ao brilhante tratado de W. H. Sampson. Estes são todos valiosos esforços para iluminar mistérios profundos, mas é certo que nenhum desses autores diria, nem por um momento, ter chegado a uma conclusão completamente satisfatória e definitiva. Na verdade, se uma solução completa para esses enigmas fosse alcançada, o arcabouço do conhecimento humano teria sido aperfeiçoado e só restaria o preenchimento dos detalhes.
Mas isso é impossível. É da essência de um verdadeiro mistério o fato de sempre poder proporcionar mais iluminação e nunca se esgotar em sua profundidade última. E, porque os mistérios zodiacais permeiam todas as coisas manifestadas, seja a manifestação interior, subjetiva ou objetiva, também é verdade dizer que tudo termina em mistério — omnia abeunt in mysterium.
Se houver algum caminho científico pelo qual o ser humano possa intelectualizar a aproximação ao Mistério Supremo, que Platão denominou O UM E O BOM, por baixo, então parece que ele deve primeiro atravessar os mistérios do zodíaco, que contêm todos os segredos da manifestação daquele Um nos mundos inferiores.
Aqui, tentamos lançar um pouco de luz sobre os signos a partir de uma ótica psicológica individual, assim como em um trabalho anterior (*), tentamos fazer o mesmo de um ponto de vista cósmico. Qual o significado último, até onde conseguimos penetrar, dessas Assinaturas Divinas no que diz respeito ao homem e à mulher do presente, que lutam em sua jornada, e como provavelmente elas exibem seus valores na sua vida? Esse é o problema apresentado. Designamos o tema como um mistério e abordamos o assunto com humildade, contentando-nos em lançar um pouco mais de luz sobre ele em algumas poucas mentes, preferindo dizer pouco a dizer muito. Parece correto tentar uma ideia original de pensamento, antes de servir ao leitor, longos trechos retirados das obras de outros, por mais iluminadoras que sejam, ou, pior, reescrever o que outros já disseram sem reconhecer a fonte dos próprios relatos.
Tampouco escreveremos a partir de um ponto de vista filosófico particular, pois será doloroso para muitos, para quem as deficiências e distorções que desfiguram os ensinamentos práticos são encontradas no fracasso em entender adequadamente esses princípios. Portanto, se quisermos abordar o estudo do zodíaco sob as condições mais proveitosas, devemos tentar fazê-lo com mentes abertas. O pensamento humano e as concepções pessoais devem ser desejados, desde que sejam humildes.
É inútil tentar moldar esses mistérios ao nosso gosto. Quão absurdo é o discurso comum de “governar as próprias estrelas”! Existem apenas duas possíveis posições a considerar: pode-se virar as costas para essas questões numa mera ignorância, ou buscar inteligentemente cooperar com elas. Mesmo cooperação é uma palavra ousada de se usar; obediência seria melhor.
Não queremos sugerir que a cooperação com princípios divinos seja impossível sem conhecimento técnico de astrologia. Pode-se, obviamente, expressar os Valores Espirituais, dos quais os signos são simbólicos, sem conhecê-los pelos nomes astrológicos, ou por quaisquer nomes; tudo isso pouco importa. Mas se alguém pode estudá-los cientificamente por outro sistema, exceto aquele Ensino Integral que abrange todas as abordagens ao tema, não sei dizer. Certamente o caminho seria muito mais difícil. McDougall tabulou seus instintos específicos como resultado de estudos nos quais presumivelmente a astrologia foi excluída; mas parece ter atingido o número significativo de doze e muitos deles estão corretos em nossa linha de pensamento. Pode-se afirmar que ele passou dois ou três semanas no estudo de obras como as de W. H. Sampson, que já mencionamos acima, e então coordenou seus próprios conceitos com os da astrologia; teríamos atingido uma conclusão melhor em bem menos tempo. Assim, vemos os signos do zodíaco fornecendo um critério absoluto de verdade tanto quanto o uso corrente dessas concepções de princípios permite, e temos um perfeito padrão pelo qual tudo o mais deve se conformar, ou ser julgado como erro.
Ao estudar esses signos em horóscopos reais, o melhor é usar o método direto ao invés do indireto, ou seja, se o desejo é ver os signos em sua melhor forma. Mas há um grande perigo nisso se não se entender que um signo é uma regra, e que apenas raramente seus valores são mais bem aproveitados quando o Sol está colocado nesses signos, e que parece estranho que, sendo uma divisão da eclíptica, que é o caminho solar, Sol em Áries normalmente não apresenta a grosseria que aparece quando Áries ascende; Sol em Touro é firme, mas ascendente Touro tende a ser obstinado e irracional, e assim por diante.
(*) No capítulo III do The Zodiac and the Soul.
Do ponto de vista da psicologia individual, pode-se talvez chamar os quatro primeiros signos, compreendendo como fazem um de cada Elemento, de experimentais. Neles parece que vemos o sujeito experimentando novos poderes.
Áries é o começo. É a simples afirmação “Eu sou”. Não faz essa afirmação em nenhum espírito metafísico. Está longe dos campos de investigações metafísicas e teorizações. É a consciência simples da existência e, sendo Fogo, recebe essa afirmação intuitivamente e não pela reflexão sobre si ou sobre o não-eu. Mais tarde, os filósofos transcendentes podem falar sobre a fusão da alma com o Todo, da perda do eu para ganhar o Eu, do sentido da unidade com todas as coisas. Nada está mais longe do espírito ariano. É certo que é uma distinção básica, não só separada de tudo o mais, mas nem mesmo ligada aos outros pelo afeto. Ele rejeita toda aparência de vínculo e busca um prazer próprio. Não é criativamente destrutivo. Não há impulso de criar, pois isso exigiria envolver-se com algo diferente do eu, e o eu não precisa ser ligado ao não-eu; isso significa ocupar-se apenas com o eu, a menos que isso interfira com a autoexpressão pessoal.
Mas Áries é lutador. Um grande lutador quando vê algum outro elemento em seu caminho; batalha ferozmente e faz um bom guerreiro. Por exemplo: é difícil encontrar um político muito puro nesse signo. Mas foi nesse signo que se viu o vínculo com Peixes em Aquário, e aqui veio a ligação com os resíduos da humanidade, sem mencionar uma conjunção muito próxima em Peixes, também em contato com o grupo de Áries. Por si só, Áries luta quando pessoalmente irritado ou impedido.
Sua belicosidade também tem outra origem. Como signo de inícios, gosta de novas ideias e novos movimentos, e isso naturalmente conduz a conflitos com formas estabelecidas.
Os defeitos e virtudes do signo são facilmente rastreados à sua natureza essencial. É impaciente, pois não teve tempo para aprender nada pela experiência, e tem o vigor natural do cavalo que acaba de iniciar a corrida. É insensível, ou ao menos indiferente, porque sua própria natureza o obriga a ser autoconsciente (do nível instintivo, é claro) e não consciente do outro. É impulsivo — mas também bravo — por falta de imaginação. É inclinado a se vangloriar de suas próprias conquistas, pois aí reside seu interesse. Partilha com outro signo de fogo, Sagitário, a tendência de exagerar para conseguir efeito e chamar atenção ao que diz. É generoso—ou ao menos liberal—porque não deseja estar cercado de posses, pelas quais não se importa. É capaz de fracassar de modo impuro ao lidar com situações complicadas, quando experimenta sua paciência junto a outras pessoas pelas quais não tem interesse. Sua natureza interna faz com que seja autoconfiante, e seu ímpeto é ser franco, honesto e aberto, embora, por vezes, seja difícil de discernir. Além disso, a dissimulação é odiada; prefere proclamar ruidosamente sua mensagem que pensa entregar, em egotismo descarado. Sua própria probidade está na mesma causa da sua generosidade, pois o desapego significa não estar vinculado às coisas. Ele é um bom soldado que não deseja se sobrecarregar, mas porque não precisa do que é conquistado. Na verdade, é visto na jornada do zodíaco pelo desencanto e desapego espiritual de Peixes assim, começamos com o desapego material de Áries. Libra exige o que é seu, nada mais; Áries nem se preocupa em recolher sua herança, mas apressa-se a “tratar dos negócios do Pai”, para os quais foi enviado à manifestação pelo vazio. E o Pai é simbolizado pelo Sol, exaltado em Áries. Áries é a encarnação primária do Fogo Supernal, uma criança ou jovem, com todas as falhas da adolescência, mas com sua promessa também.
O contraste entre os dois signos opostos é óbvio, mas sempre há uma diferenciação acentuada que quase equivale à oposição entre um signo e os dois que o flanqueiam. Peixes são o pó e as cinzas do fogo extinto, de onde, podemos confiar, a Fênix da ressurreição tomou voo; Áries é o novo começo.
Aqui encontramos muitas semelhanças com Áries, mas uma grande diferença. Não há desapego em Touro. Aqui o ego descobriu verdadeiramente as maravilhas e delícias do mundo externo, começando com o próprio corpo.
Áries usa seu veículo físico apenas como isso — um canal ou instrumento para a autoexpressão. Se ele falha, a resposta é impaciência e provavelmente desapontamento, mas não será aplicado a menos que isso seja imposto ao eu.
Touro descobre rapidamente que o corpo pode ser um instrumento de deleite e autoindulgência. O self em Áries não se preocupa tanto em olhar para seu corpo, gostos e desgostos, mas Touro enfatiza: é pelo corpo que a natureza deseja ser desfrutada. Não é um fim em si, mas um meio pelo qual o eu pode se expressar. Não há sentido em satisfação fácil, como há em Áries, pois Áries é cardinal, tampouco Touro deseja alterar nada, pois normalmente tudo está de acordo com seu gosto. A mente ainda não chegou a indagar o porquê das coisas e especular sobre possíveis melhorias. Touro vagueia pelos pastos do mundo como um touro — suas necessidades são simples e básicas — sexo, abrigo e comida.
Assim, começa a trabalhar para criar uma família, construir e cultivar. Mais preocupações e esforços são uma perda de tempo e aborrecimento. A afirmação do signo é Eu possuo e desfruto. Em outras palavras, há um mundo ao redor no qual alguma coisa é agradável, e isso eu pretendo apropriar e chamar de meu. Contudo, não é precisamente aquisitivo no sentido ativo. O procedimento taurino não é tanto “levantar e pegar”, mas se assentar sobre alguma coisa e afirmar que, doravante, ela lhe pertence.
Ele é o verdadeiro criador do termo “direito do ocupante” de nossa lei. Nutrição é provavelmente a correta alocação aqui dos instintos de McDougall.
É, no entanto, notavelmente honesto, pois todos os signos fixos tendem a respeitar a lei e a ordem, por serem de natureza fixa, e porque seus desejos são simples e a discussão é um incômodo. No entanto, ele possui muito mais do que Áries, e, quando incorre em crime, normalmente isso ocorre porque sua propriedade foi invadida, assim como Áries diante das invasões de sua liberdade de ação. Mas Áries, levando o individualismo à autoexpressão, frequentemente entra em conflitos pelos direitos de outros; Touro toma consciência de tais coisas quando são ameaçadas.
Ele é contente em sua perspectiva e está preparado para respeitar o direito de propriedade.
Ele se contrapõe a Áries principalmente em dois pontos: está contente em vez de descontente, e é paciente em vez de ser o oposto. Ambas as virtudes surgem principalmente da fixidez: se alguém deseja que as coisas permaneçam como são, não é difícil ficar satisfeito, pois geralmente as coisas de fato permanecem como estão, ao menos no campo onde reside o típico nativo de Touro, ou nas atividades tradicionais que o atraem se mora na cidade. Se alguma mudança é feita, ele normalmente não é paciente ou contente, mas reage violentamente e exibe seus instintos primitivos de modo bastante claro, como em Áries.
É também um disciplinador maior do que Áries, novamente por estar mais consciente das outras pessoas que possam interferir em sua rotina. Para disciplinar outros requer tempo e paciência, e, muito antes de o filho ser moldado como Áries gostaria, este signo já perdeu o interesse na tarefa de formação de caráter.
Esses dois signos são definitivamente os dois primitivos por excelência, e a ênfase pesada em ambos na mesma natureza apresenta um difícil problema.
Todos os signos fixos têm uma inclinação ao poder. Alguns podem chamar isso de complexo, mas é extremamente simples, e Áries resulta disso naturalmente via fixação. Cada signo fixo, em certo sentido, tende a manter as coisas como estão, desde que sejam como ele quer. Ele só deseja alterar uma condição se puder mudá-la e, então, mantê-la—em perpetuidade sem alteração. Cada signo fixo fixa seus interesses devido à razão estabelecida, embora seja provável que o poder em si não seja a atração natural para a maioria. Para Touro, ele se vincula ao prazer corporal, em alimentação, sexo e moradia, e há para eles um gozo em amar suas terras e lares.
Agora, em contraste com Touro, encontramos em Escorpião uma profunda insatisfação, e em vez do contentamento fácil com as coisas como são, há um profundo desejo de analisar e examinar. A mesa que Touro achava boa para comer é descoberta por Escorpião como composta de cargas elétricas, e, se Touro lesse mesmo os clássicos, diria de forma improvável, ao ser indagado:
“Cur quis non prandeat, hoc est?”
“Isso é motivo para perder o almoço?”
Gêmeos
Section titled “Gêmeos”Touro experimentou com matéria bruta e achou muito bom; o próximo signo experimenta com a mente, também com muito entusiasmo. Aqui temos a Curiosidade de McDougall. A afirmação de Gêmeos poderia ser: Eu estou interessado. “Interesse” = entre ou entre.
Seus interesses são infinitos, mas um tanto superficiais, pois, embora o homem tenha descoberto a mente e a inteligência das coisas, ainda estamos no Tetrádico Elemental, e ele continua essencialmente infantil. Por exemplo, não há apreciação da verdade como tal; apenas a revelação de que coisas são inteligíveis e que há uma infinita delícia em entendê-las. É uma busca pela compreensão, em nível infantil, para ver como funcionam. De fato, em uma criança é quase uma curiosidade símia; ou a atitude de Kipling “por que porquê”. Não há a alegria de realizações intelectuais; o prazer ainda está apenas no prazer, não há sentido de dever ou propósito nisso.
Ainda não se desenvolveu o senso moral. A moralidade só surge depois e, embora a mente de Gêmeos já tenha suas relações estabelecidas e suas inclinações estejam por perto de seus precursores zodiacais, sua ação é predominantemente autocentrada e sua média de egoísmo é tão alta quanto a de seus dois predecessores zodiacais. Suas atividades mentais.
Os signos mutáveis são amorais, e é bem-sabido que uma aflição nos signos mercuriais tende à desonestidade aquisitiva, fazendo de Gêmeos o agente não totalmente involuntário do desejo taurino de posse.
O fator mutável introduz flexibilidade e poder de adaptação, exatamente o oposto da estabilidade taurina. Mas a mente está igualmente preocupada com o mundo objetivo. Eis a grande diferença entre Gêmeos e seu oposto zodiacal: não é filosófico nem preocupado com razões abstratas. Gosta de coletar fatos. Sua mente é direcionada para a utilidade ou só aprecia experimentar o uso de suas próprias faculdades. Em questões além de seu alcance, geralmente é agnóstico ou mesmo irreverente.
É o primeiro signo com um símbolo humano e, apropriadamente, os Gêmeos são crianças.
E como Gêmeos é humano, embora infantil, não pode repousar como Touro no colo da Mãe Natureza ou consentir com um progresso meramente evolutivo e natural. Por isso, sob Gêmeos, vemos a educação. É o signo da escola e do estudioso.
Além disso, é mutável e o fato de cada signo fixo ser seguido por um mutável indica o despertar do espírito de inquietação e agitação que deve preceder qualquer estagnação. Em Gêmeos, temos o princípio da intercomunicação, por todos os meios — viagem, cartas, fala, telefone, telégrafo.
É o signo da criança curiosa, que não está satisfeita com qualquer resposta, a não ser que lhe digam que determinada espécie é uma vaca, e ela pergunta “Por quê?”
Assim, na mitologia, Mercúrio pica Touro e dirige-o contra a sua vontade, e na combinação taurino-geminiana, na experiência do escritor, foi uma união muito feliz. “Mens agitat molem.” Mãe Natureza tem trouxe uma criança estranha e travessa com ideias novas. Do ponto de vista taurino, isso é muito triste e intrigante. Touro, de certo modo, representa um Paraíso primitivo, embora não seja o Paraíso idealizado ou o Elísio de Libra. Esses signos estão relacionados por quincúncios — assim como Escorpião, o tentador, tem relação quincúncia com Gêmeos e, se não é um instigador, é ao menos um perturbador.
Em um trabalho anterior, o autor relacionou Gêmeos ao princípio da distinção, ou ao fato da diferença. Assim, Gêmeos percebe essas diferenças e, ainda assim, como signo de ar, é associativo. E aqui não há contradição, pois não haveria razão para associar coisas que são meras duplicatas uma da outra. Mas Gêmeos só pode unir coisas em contato umas com as outras; deixa o trabalho de unificação para Libra. É conectivo, mas não unitivo.
Câncer
Section titled “Câncer”Para aqueles que são principalmente desenvolvidos no lado mental, como acontece frequentemente no mundo moderno, a passagem de Gêmeos para Câncer parece uma regressão. Depois de alcançar a mente aguçada, embora limitada, de Gêmeos, que queda parece voltar para um signo que é em grande parte instintivo e tem a reputação de mergulhar na emoção, especialmente das mais sombrias! Além disso, Câncer é o signo da família, da casa ou do clã, e é frequentemente marcado por limitações distintas, até mesmo no nível emocional; está sujeito a todos os tipos de preconceitos assim que os interesses do clã estão envolvidos. Isso é mais evidente entre os escoceses, uma nação de Câncer; e na China, também há um código moral que rege os relacionamentos com os que estão dentro do clã e outro para com os que estão fora A distinção entre os prazeres francamente corpóreos de Touro e os prazeres e tristezas imaginativos de Câncer é bem notável. Por exemplo, no amor, é o contato físico que atrai o signo anterior, mas para Câncer são os elementos emocionais e formados por fantasia que proporcionam prazer.
No seu nível mais baixo, vê-se Câncer bem ilustrado por encontros de chá entre mulheres, onde os principais itens de conversa são doenças e operações, intimamente descritas, e intermináveis fofocas familiares.
Por que toda essa primitividade sucede a luz clara de Gêmeos, onde os homens começam a se tornar verdadeiros pensadores humanos? Deve-se admitir que, se todos os signos são verdadeiros mistérios, o trígono de água apresenta os três arcanos mais obscuros do zodíaco: nem são de caráter alegre. Basta considerar os regentes das três casas correspondentes: o Sepulcro, a Morte e o Encarceramento.
De certo modo, todos os signos desta triplicidade estão conectados com dissolução, com alguma forma de morte. São potencialmente trágicos, todos as águas do Mar Vermelho pelas quais só se pode passar com fé; todos seguem o que parece ser uma grande realização. No caso de Câncer, isso é a descoberta da mente.
Gêmeos é de espírito brilhante e feliz; Câncer é temeroso. Podemos ver como sua afirmação é “Eu sinto e temo”. Sentimento é uma palavra ambígua. Não queremos dizer, é claro, os sentimentos corpóreos de Touro, mas os sentimentos interiores.
Câncer é Mãe Natureza. Não natureza física, que é mostrada no trígono terrestre, mas natureza sentida no íntimo, como uma mãe tímida, e há muito choro. Niobe chorando por seus filhos mortos, mortos porque foram exaltados demais. Ela é protetora, e uma não pode ser totalmente protetora a menos que esteja sempre alerta contra o perigo, nunca dormindo em seu posto.
O apego à tribo, família e crianças deve-se ao instinto de autoproteção. É o primeiro signo daquela tendência gregária que floresce em Aquário. À lealdade a grupos maiores, obtém-se a proteção desses aglomerados. Entre eles, a pessoa está feliz e viva; fora deles, pálida, tímida, angustiada e talvez até amedrontada. O contato Saturno-Câncer frequente produz essa condição de forma marcante, mesmo até o nível da fobia, uma pressão do irracional sobre a natureza racional.
Por outro lado, Câncer é cardinal e, apesar de sua sensibilidade, essa parte de sua natureza muitas vezes força-o para os holofotes, e, ao superar a timidez, não hesita em aceitar tal iluminação. Na timidez do Câncer, vemos as influências de Virgem, signo útil para se recolher e evitar a sociedade.
Apesar das divergências, a combinação de Gêmeos e Câncer em um mapa, por pressão planetária, nem sempre é uma desventura. Produz escritores de grande imaginação, por exemplo, Sir Rider Haggard (Sol e Saturno ascendendo em Câncer, dois planetas em Gêmeos) ou Thomas Hardy (Sol e dois planetas em Gêmeos, Lua em Câncer). Note, em ambos os casos, interesse pela terra.
Dos planetas, é provável que Vênus seja mais forte em Câncer e é melhor que a Lua mesma lidere nesse signo, já que pode sobrecarregar o poder lunar. Apenas do outro lado, a Lua é tradicionalmente forte em Touro, onde suas ansiedades são ocultas.
A oposição de Câncer para Capricórnio representa a antagonismo entre agrupamentos naturais e grupamentos políticos e sociais organizados. A composição de Câncer depende do sangue e raça; o agrupamento capricorniano depende do poder político; vemos essa oposição no mapa nazista de forma surpreendente, já que essa oposição ocorre fortemente no horóscopo “Versailles” alemão. Ostensivamente pregando as leis naturais de raça e sangue, os nazistas estavam prontos para aprofundar as linhas de cruzamento “científico” e conferir “Teutonismo” honorário a forasteiros que serviam ao seu propósito.
Mas todas as oposições são potencialmente benéficas se a antítese puder ser sintetizada. Câncer necessita dos limites do Capricórnio, e este pode obter muita ajuda do insight instintivo da Caranguejo.
É provável que vários dos instintos de McDougall tenham parentesco com Câncer, ou seja, nutrição, voo e, principalmente, aquisição. Câncer é o coletor; é a tendência do esquilo de acumular para uso futuro, uma propensão útil para um signo que precede o impulso produtivo de Leão. É parte do impulso geral de Câncer de fortalecer sua posição, de “mak siccar” na linguagem de um nativo de Câncer.
Essa propensão à coleta se estende a muitas coisas, de terras e casas até selos e títulos de velas.
Outros dispositivos naturais para autoproteção que são de caráter canceriano são a pele grossa do rinoceronte, a couraça do tatu, os buracos e tocas de vários animais, como o camaleão, e centenas de outras espécies de mariposas a zebras, e a aderência tenaz da lagosta e das teias da aranha.
O último é um exemplo iluminador; Câncer é sempre o crustáceo manco buscando a pedra sob a qual pode se fixar e evitar a corrente de mudança.
O segundo signo de fogo do zodíaco traz uma influência adicional da energia criativa divina.
Leão nem sempre foi tratado com gentileza pelos escritores astrológicos, talvez porque muitos deles, naturalmente, são mercurianos, que, mais uma vez naturalmente, não parecem apreciar a grandeza do signo. De todo modo, já foi mencionada a opinião, comum entre zoólogos, de que o leão não é tão corajoso quanto aparenta, assim como o fato de que Leão compartilha com Escorpião a distinção de ser um dos dois signos animais perigosos e desagradáveis do zodíaco. Ele é, de fato, o único predador puro do ponto de vista humano. No entanto, a humanidade sempre utilizou o leão como símbolo de grandeza e realeza.
Leão é o signo criativo por excelência. Câncer, como Mãe, deve compartilhar essa distinção; mas é Leão que corresponde à quinta casa, a casa da prole.
Mas Leão é muito mais do que meramente filoprogenitivo. É um signo de criação artística, especialmente as formas diretamente ligadas à expressão da beleza, não à verdade. Leão não é escritor; escreve de modo desajeitado e descuidado. Não é um orador particularmente fluente. Mas no Leão cultivado existe um profundo senso de beleza e amor por ela.
É verdade que, nos assuntos mundanos, Leão frequentemente alcança posições por meio de maior visão do que por ação efetiva. Inspirou e vitalizou outros, que realizaram seu propósito. Esse foi notoriamente o caso de Alan Leo. Em algum aspecto, não se pensa em Alan Leo como apenas um educador elementar (em ambos os sentidos) nos livros que foram necessários para que outros o sigam; diz-se que foi acusado de possuir outros para fazer o trabalho por ele; mas, afinal, se ele não tivesse escrito, eles não teriam seguido.
Seu intelecto e educação vêm apenas do próprio valor. Sob sua direção, ossos mortos revivem; e de os muitos milhares que agora estudam o assunto nos países de língua inglesa, quantos devem a introdução dele, ainda que indiretamente, a ele?
Não escrevemos isto como um elogio digressivo ao nosso velho e honrado líder; mas porque pareceria verdadeiro, mutatis mutandis, de muitos filhos do signo e de suas obras.
Outros tiveram maior conhecimento técnico, escreveram com maior insight e uma gama cultural e acabamento literário muito mais amplos, mas quantos são respeitados como seres humanos como ele deveria ser?
Assim, como com todos os signos fixos, parece que foi o que Leão é e não o que faz que importa.
Entretanto, existe uma verdadeira bondade no verdadeiro Leão, uma calorosa gentileza de coração e abnegação sem afetação que é rara noutros signos. Ajuda prontamente, mas não só materialmente, ou mesmo principalmente. Sua simples presença fortalece e anima.
É o signo do Esplendor Divino.
Todavia, é simbolizado por um animal, e neste signo o homem não está além dos perigos de uma relação com o reino natural e as paixões irracionais.
A verdadeira magnificência é a adequada autoexpressão do nativo de Leão, a capacidade de ver todas as coisas em larga escala e completamente. A falha é o orgulho, não o orgulho sensível de Escorpião, mas sim o orgulho do estado e da vaidade. Existe a tentação de dizer “Porque meu é o reino, o poder e a glória”, pelo que o célebre ditador italiano, com Sol e Mercúrio conjuntados nesse signo, prontamente sucumbiria. Por isso, sua fraqueza é ser bajulado e facilmente enganado. Existe uma fome de afeto e uma propensão ao profundo orgulho e isso pode ser a medida abundante que Leão dá e necessita receber. É conhecido como sinal de desafortunado no casamento, provavelmente por esse motivo parece provável que o Fundador da religião cristã tenha nascido sob Leão, ou talvez com o Sol nesse signo. Pelo menos não consigo pensar em qualquer outro signo tão adequado para essa Encarnação. De qualquer forma, seus ensinamentos registrados nos Evangelhos caracterizam-se por muitas características puramente leoninas. Em particular, isso é verdade na ênfase dada à fé, pois se a afirmação de Câncer é Eu Sinto e Temo, a de Leão é Eu Tenho Fé. E isso é como deveria ser, pois o Sol é o poder por trás de toda vida, então a fé é a base de todas as nossas ações e nenhum racionalismo pode escapar desse fato. Mesmo o racionalista deve assumir a validade da razão; a razão não pode ser utilizada para demonstrar sua própria veracidade; e, se tomarmos a experiência como critério, deve-se assumir a incerteza da memória.
É verdade que no Cristianismo também há traços piscianos fortes, e, igualmente, de Aquário. Mas o caráter do Fundador é amplamente leonino; os traços piscianos referem-se mais ao Jesus idealizado das igrejas e talvez não tenham ajudado na compreensão real dos Evangelhos.
Certamente, a Gênitura da Encarnação pode ter tido elementos piscianos fortes; isso seria bastante provável. Mas não pode ser questionado que Jesus era um homem de extraordinário poder e autoridade, que impressionou as pessoas profundamente por sua pura presença; e isso indica fortemente o Leão. Além disso, as referências recorrentes à Filiação apontam para o mesmo signo. Curiosamente, Leão é tanto o Filho quanto está relacionado à quinta casa.
Como é leonina a abertura e frases de fechamento da Oração do Senhor!
Incidentalmente, a primeira petição é claramente que se trata da Virgem com o feixe de milho. Na próxima passagem, com seu espírito de mutualidade — “perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido” — é Libra, tanto quanto a oração para que sejamos livrados do mal é súplica de Escorpião.
Assim, os quatro signos centrais do zodíaco estão distintamente representados.
Astrólogos que desejam interpretar a religião conforme sua ciência devem considerar o Sol como símbolo da Deidade, ao menos neste sistema, e para eles, por consequência, são realmente divinos os atributos de Leão. Com efeito, pode-se estudar a natureza da divindade de modo científico ao examinar o Sol em seus aspectos mais elevados, não como um ímã vaidoso e egocêntrico, mas como fonte de afeto e paternidade amorosa para todos sobre quem seus raios possam brilhar.
Assim, nesta forma, a astrologia fornece uma reflexão definitiva sobre o Ser Divino.
Considerando Leão em termos de oposição a Aquário, vemos aqui o homem como indivíduo contrastado ao coletivo da humanidade. Portanto, nossas observações na página anterior são facilmente compreendidas. Quando a oposição é reconciliada, há a chance do surgimento de um grande líder. Quando a oposição está plenamente ativa, o indivíduo rejeitará o coletivo, ou vice-versa. Um exemplo disso é Robespierre, com duas más influências opostas (talvez mais tarde que a hora registrada), provavelmente ascendente Aquário. Comparado com Leão, o signo de Saturno é frio, distante, não ligado, embora certos contatos exibam qualidade humana sem ser violentos ou drásticos. Isso condiz com o caráter das “pessoas” de Leão; é geralmente indiferente e difícil de interessar em seu círculo. O aristocrata tem dificuldade em se adaptar e viver entre a maioria. Leão é o aristocrata — em sua verdadeira luz é o rei; Aquário é o democrata dos anos 1930 e 1940 e não se encontra um único planeta nesse signo.
Contrapondo Leão aos dois signos quincúncios, Capricórnio e Peixes, fica evidente, como costuma ocorrer em tais comparações, as diferenças. Realmente, o quincúncio é a relação incipiente, como dizem os americanos — a relação que quase não existe. Pode-se ainda referir à maneira como o leonino Jesus detestava os fariseus capricornianos e seus modos. Alguns desses fariseus, afinal, devem ter sido honestos de acordo com suas convicções! Não podem ter sido todos hipócritas. Porém, há algo em Capricórnio que Leão não tolera.
Leão e Peixes não são tão hostis; de fato, quem pode desgostar de Peixes? Mas um elemento pisciano forte parece trazer à tona o pior lado de Leão; enfraquece-o e uma tendência autocomplacente costuma aparecer.
A verdadeira autoexpressão de Leão está no amor, não nas variedades apaixonadas ou sentimentais, mas na bondade de coração para todos. E, objetivamente, na liderança por meio do caráter e na manifestação do poder vitalizador.
Entre os instintos de McDougall, parece que tanto o reprodutivo quanto o parental poderiam ser atribuídos a Leão.
Virgem
Section titled “Virgem”Ao deixarmos Leão, chegamos ao segundo signo do Trígono Terrestre.
Em Virgem, a matéria bruta de Touro se refine e notamos, de imediato, um claro foco mais delicado e organizado no comportamento, para o bem-estar ao qual o nativo dedica atenção intensa. É o signo dos cuidados físicos, higiene e remédios próprios preventivos.
Da mesma maneira, o deleite instintivo na realidade física que é aparente em Touro torna-se um estudo cuidadoso em Virgem, um estudo que não se dirige tanto ao prazer quanto ao uso. Assim, Virgem é o signo das artes manuais e da agricultura, particularmente em seus aspectos mais científicos.
Oferece muitos pontos de contraste com Leão. Não é o signo de liderança por serviço; não busca resultados brilhantes senão úteis. É paciente e não se desvia da rotina e do trabalho; detesta exibição e evita responsabilidade e publicidade. Não é ambicioso, mas contenta-se com uma boa posição e salário justo.
Por muitos aspectos, não é um signo afortunado do ponto de vista mundano. Frequentemente sofre de timidez e falta de segurança social e autoconfiança. Às vezes, o senso de inadequação — o tão discutido complexo de inferioridade — reage em presunção aparente e também numa crítica excessiva. Marte em Virgem pode ser duro, como exemplificado pelo rude comportamento de acampamento de Napoleão I; Saturno em Virgem é frequentemente deprimido e depressivo. Mesmo Vênus e Júpiter perdem suas verdadeiras graças nesse signo; falta-lhe expansão.
Sabemos qual é o verdadeiro regente desse signo? De todos os do antigo panteão, provavelmente é Vulcano, o ferreiro coxo cujas façanhas provocam o riso dos deuses. A lentidão e a delicadeza estão associadas à Virgem.
Mas como o nome do signo é de Virgem, precisamos encontrar uma atribuição apropriada entre as deusas virgens do mundo clássico. Palas Atena é quem mais se aproxima disso; ela era patrona das artes e das ciências; os romanos a chamavam de Minerva — entidade semelhante à mãe do bom senso. Palas era também uma deusa guerreira e, como tal, seria inadequada ao caráter gentil da virginiana.
Tampouco podemos conectá-lo a Diana. Chegamos facilmente à Prosérpina ou Perséfone, filha de Ceres, sobre quem se conta a conhecida história de ter sido arrebatada da Terra por Plutão e forçada a passar metade do ano no submundo como rainha dos mortos. Isso obviamente se refere, ao menos em seu aspecto exotérico, à morte da vegetação no inverno e ao seu renascimento na primavera, estando em pleno acordo com a relação conhecida do signo com a natureza verde.
Como esposa de Dis ou Plutão, poderíamos esperar que Virgem fosse oposto a Escorpião, como signo de morte. Mas Peixes, como veremos, também é um signo de dissolução física. Certamente há uma oposição clara entre Virgem, o signo preciso e ordenado, com seu aguçado senso de fato e atualidade, e o difuso e descuidado Peixes, com seus sonhos e visões. Enquanto as emoções dos Peixes vão em todas as direções, Virgem é autocontido e limitado em suas simpatias, com forte tendência de que a caridade começa em casa; de fato, normalmente é um signo centrado em si, fechando como o primeiro signo ou limite inferior do zodíaco, após o qual cada signo tende a apresentar os princípios de seu oposto em forma expandida.
Assim, Virgem serve fielmente ao seu mestre ao ser o homem individualizado; Leão. Peixes serve à humanidade — Aquário.
Já foi dito que existe frequentemente uma ligação estranha entre signos em relação de quincúncio. Vênus e Marte, por exemplo, aparecem sob este critério. Virgem e Aquário são a Donzela e o Homem (seria melhor dizer o homem, pois o único símbolo humano nos signos é o dos Gêmeos). Se seguirmos H. Sampson, Virgem representa o signo da civilização comportamental, enquanto Aquário, o signo da civilização social. É frequentemente afirmado que os americanos, a nação mais tecnicamente desenvolvida julgam a civilização pelo padrão local de encanamento. Dédalo, o protótipo grego de todos os inventores, parece uma figura virginiana, e o mito de seu voo de Creta com seu filho Ícaro, que voou alto e perdeu suas asas sob raios do sol, parece referir-se às ambições de Capricórnio, o quinto signo a partir de Virgem. A história de seu engenho criando uma vaca de madeira para Pasífae pode apontar para a possível reversão de Virgem para as condições animais de Touro. Virgem, Libra e Escorpião seguramente representam o Jardim do Éden, Adão e Eva, e a Serpente, respectivamente. Talvez o centauro Sagitário simbolize as alternativas: mais crescimento junto aos deuses ou a reversão a um estado sub-humano.
Está claro que Mercúrio, o poder da inteligência, será submetido, em seu aspecto terreno, em Virgem, à tentação de usar suas capacidades num campo meramente pragmático e de negligenciar considerações ideais. O homem, em Virgem, adquire poder sobre existências e forças naturais reais, distinto do poder potencial em Leão. Ele tem que fazer a escolha quanto ao modo de aplicação desse poder.
O Mr. Sampson escreveu eloquentemente sobre um aspecto de Circe em Virgem — Circe, a bela feiticeira que transformou a tripulação de Ulisses em porcos, mas foi frustrada por seu líder, o sábio ideal dos gregos.
Certamente, as responsabilidades daqueles que possuem o poder de usar os segredos da natureza nunca foram tão óbvias como nestes anos. Mas parece ao presente autor que é Escorpião, mais do que Virgem, que penetra nos recessos mais profundos da natureza e, embora alguns virginianos sejam egoístas e limitados em seus interesses e simpatias, há pouco para nos justificar (em minha opinião) em relacionar a Circe má porém glamourosa a este signo um tanto pouco excitante. No entanto, a magia cerimonial é tradicionalmente atribuída à 6ª casa.
Capítulo VII - Os últimos seis ou signos do sul
Section titled “Capítulo VII - Os últimos seis ou signos do sul”Aqui entramos na segunda metade do zodíaco e começamos os signos que, quaisquer que sejam suas falhas, jamais estão totalmente imersos em si mesmos. Deixamos a primeira metade com Virgem, de todos os doze o mais autocentrado e satisfeito consigo mesmo, “casado com seu trabalho” e desejando, acima de tudo, ser deixado em paz; e entramos em Libra, o mais dependente dos signos, para quem uma vida solitária, em todos os sentidos da expressão, é uma vida incompleta.
Tem ainda a distinção de ser um recém-chegado ao zodíaco.
Segundo S. Elizabeth Hall, em seu trabalho profundamente interessante e erudito Astrology: the Link between Two Worlds (*), “A Balança não é encontrada em nenhum monumento mesopotâmico e é mencionada pela primeira vez no zodíaco grego por Varrão, no primeiro século a.C. Pertence a um desenvolvimento posterior da astrologia, assim o conceito original de ‘um círculo de animais’ parece ser menos proeminente: é uma abstração intelectual, expressando a ideia de equilíbrio.”
Libra contrasta com seu co-signo, Touro, com o qual está em quincúncio, no sentido de anseio. Touro é dos signos mais facilmente contentes; Libra é assombrada por um senso de exílio, “muitas vezes sentada junto às águas da Babilônia”. Se for feliz, é uma felicidade branda, não robusta; sempre há um pano de fundo de sofrimento paciente, a memória de uma antiga injustiça, feita ou sofrida. Algo em seu passado remoto saiu errado, de modo que desde então nada mais tem sido como deveria. Algum acontecimento misterioso que a tradição cristã chama de Queda, parece, para os astrólogos, ter relação com Saturno para este signo.
(*) Publicado por J. M. Watkins
Em Virgem o homem tem a oportunidade de purificação física para o casamento de Libra, mas, quando tudo deve estar bem, como se viu, é ao sétimo dia — um número que remete a esse signo — que a sombra do Escorpião parece cair sobre o caminho.
Talvez haja aqui outra comparação útil com o outro signo de quincúncio, Peixes, onde Vênus está exaltada. Libra, talvez, deseja antecipar a finalidade dos Peixes e não apenas se tornar símbolo do descanso temporário, mas do final, do descanso definitivo. E Escorpião avisa que, após todo o trabalho árduo de Virgem, resta ainda algo a ser feito. Após a labuta e monotonia de Virgem, possivelmente, apenas por ora, pode haver repouso.
Essa conexão com o repouso naturalmente tende a fazer Libra parecer um signo preguiçoso. Quando está ascendendo, sempre existe o perigo de cair em ‘acédia’ — torpor, preguiça, letargia — que é um dos Sete Pecados Capitais. Ou ao menos em indiferença, laissez-faire, a propensão de deixar as coisas por decidir e fazer. Contudo, o Sol em Libra não é letárgico, mas quase o oposto, embora o Sol sofra toda sua desvantagem aqui e seu Sol em Libra geralmente pareça estar em segundo plano, ainda que normalmente esteja no controle. Por exemplo, Hindenburg e Ludendorff.
À parte seu amor pela paz — que em algumas circunstâncias se torna uma fraqueza — Libra tem a virtude da honestidade e da sinceridade. Simula muito mal. Também costuma cumprir suas obrigações conscientemente, embora frequentemente assuma compromissos dos quais depois se arrepende ou dos quais gostaria de escapar.
Libra, em política, é um “fazedor” e instinto para discernir pontos de acordo, sendo assim um medianeiro excelente ou “intermediador honesto”. Destaca-se em poderes de imaginação construtiva real; como em arquitetura e reforma social. Pode planejar com clareza e precisão. Mas o melhor canal de autoexpressão para o signo é como professor ou expoente. Pode apresentar ideias em linguagem clara e direta, percebe a atitude e capacidades de seu público, e ajusta sua expressão conforme necessário, enquanto seu estilo é conciliador e agradável.
Como signo de reciprocidade ou mutualidade, tem um aguçado senso de justiça. A criança que reclama prontamente que algo “não é justo” geralmente está sob Libra. Dessa maneira há uma conexão com Capricórnio, como seria esperado pela exaltação de Saturno em Libra. Mas Capricórnio busca ordem como ideal, enquanto Libra procura estabelecer direitos e obrigações primeiro, como requisito necessário à verdadeira ordem. Ordem sem justiça é mera rigidez e tende à violência de Áries e à autocracia final. No exercício da justiça Libra precisa das virtudes de Virgem, para determinar direitos, uma cuidadosa e meticulosa coleta de fatos é necessária. Libra, por si só, é muito propenso ao compromisso, pois isso é uma saída fácil; mas um compromisso feito com facilidade pode satisfazer nem uma parte nem ambas e impedir a solução final das diferenças.
O compromisso é considerado hoje como virtude distintamente britânica. Seja isso relacionado à ascendência de Libra em nosso mapa britânico, não sei, mas as gerações anteriores dos ingleses não eram dotadas desse dom. Elizabeth falava de seus súditos como “teimosos” e estrangeiros daquele período eram descritos em termos que se aplicam apenas a uma raça marciana. No horóscopo da Lei Estatutária de Westminster, Libra está não ocupado; mas Vênus é forte, sendo em Capricórnio em conjunção com Lua e Mercúrio, em trígono para Netuno mas em quadratura para Urano associando pessoas de diferentes opiniões e interesses para cooperar; e isso, de fato, é dito como um dos mais destacados poderes de Hitler. Ele sempre via o interesse comum quando outros falhavam em discutir adequadamente a divisão dos despojos.
Alega-se que Hitler jamais poderia ter sido nativo de um dos signos mais tranquilos e pacíficos, especialmente pois também possuía o Sol em Touro. Diz-se que, diante de certas aflições, ele talvez tivesse sido um homem mau, mas não teria sido ativo; teria sido indolente demais. Pode-se argumentar que Hitler não era um homem fisicamente energético ou, pelo menos, não de modo consistente, e que Libra, sendo um signo de ar cardinal, é frequentemente ativo intelectualmente, enquanto muita energia pode ser atribuída à conjunção da Lua com Júpiter em Capricórnio e Mercúrio em Áries, também como regente com Marte e Plutão paralelos ao ascendente.
Mas provavelmente a chave para as forças dinâmicas do homem reside mais em sua época pré-natal e, sem cair nessa área controversa, pode-se sugerir que o estudante deveria, mesmo que não queira explorar mais, examinar os aspectos prevalecentes no final de julho de 1888.
Destacando isso, pode-se lembrar que Ptolomeu chama o sétimo signo Chela, as Garras (do escorpião), e é possível que esse título ainda seja vagamente sugerido por esse signo até os últimos graus do signo. Nosso moderno sistema pelo qual cada signo consiste de exatamente 30º é um pouco geométrico, talvez, pois a verdadeira natureza não é tão exata.
Retornando:-
Como vimos, Libra é um signo ativo intelectualmente e é sonhador de sonhos, embora nesse aspecto seja talvez menos poético e mais prático do que Peixes. Pode evitar o erro de se envolver demais em fantasias inúteis e voltar seus poderes para imaginação construtiva real; como em arquitetura e reforma social. Pode planejar com clareza e precisão.
Mas o melhor canal de autoexpressão para o signo é como professor ou expoente. Pode apresentar ideias em linguagem clara e direta, percebe a atitude e capacidades de seu público, e ajusta sua expressão conforme necessário, enquanto seu estilo é conciliador e agradável.
Como signo de reciprocidade ou mutualidade, tem um aguçado senso de justiça. A criança que reclama prontamente que algo “não é justo” geralmente está sob Libra. Dessa maneira há uma conexão com Capricórnio, como seria esperado pela exaltação de Saturno em Libra. Mas Capricórnio busca ordem como ideal, enquanto Libra procura estabelecer direitos e obrigações primeiro, como requisito necessário à verdadeira ordem. Ordem sem justiça é mera rigidez e tende à violência de Áries e à autocracia final. No exercício da justiça Libra precisa das virtudes de Virgem, para determinar direitos, uma cuidadosa e meticulosa coleta de fatos é necessária. Libra, por si só, é muito propenso ao compromisso, pois isso é uma saída fácil; mas um compromisso feito com facilidade pode satisfazer nem uma parte nem ambas e impedir a solução final das diferenças.
O compromisso é considerado hoje como virtude distintamente britânica. Seja isso relacionado à ascendência de Libra em nosso mapa britânico, não sei, mas as gerações anteriores dos ingleses não eram dotadas desse dom. Elizabeth falava de seus súditos como “teimosos” e estrangeiros daquele período eram descritos em termos que se aplicam apenas a uma raça marciana. No horóscopo da Lei Estatutária de Westminster, Libra está não ocupado; mas Vênus é forte, sendo em Capricórnio em conjunção com Lua e Mercúrio, em trígono para Netuno mas em quadratura para Urano.
A relação entre Libra e casamento é estabelecida pela tradição antiga e é óbvia. Este é uma especialização importante de sua função de mutualidade.
Neste signo, portanto, aquele grande trabalho, a relação harmoniosa entre o Positivo e o Negativo, deveria ser alcançada. A relação sexual propriamente dita provavelmente está sob o signo seguinte, mas o que deve precedê-la, o fluxo de duas personalidades em afeto e compreensão mútuos, é decididamente libriano. O exercício da função sexual de Escorpião sem considerar a preparação libriana é mera animalidade; de fato, muitos animais se entregam ao jogo amoroso, que pode ser suficiente para despertar harmonia emocional na criatura envolvida, antes da cópula. Claro que muitos homens têm horóscopos femininos e muitas mulheres têm horóscopos masculinos, em maior ou menor grau, e nisso complicações surgem. Daí derivam-se o “marido dominado pela esposa” e o aviso de que “ela usa as calças”. Ou, ainda, há casos onde ambos os parceiros são predominantemente masculinos ou femininos. Em quarto lugar, há casos em que sexo físico e horoscópico são divergentes.
Corpos em Libra influenciam fortemente a vida conjugal, talvez como se vivêssemos na sétima casa, e isso se estende ao movimento lento dos planetas que permanecem por muito tempo em um signo. Mas nisso vemos o crescimento de toda uma subgeração e sua atitude em relação à vida matrimonial. Se, porém, o planeta em Libra tiver relação próxima com uma das Luzes ou com Vênus ou ocupar o ascendente, o indivíduo pode ser claramente caracterizado.
Entretanto, o tema do casamento exige exame próprio. Não se pode deixar de notar que os princípios para Libra são os ideais de uma vida feliz e satisfatória.
Libra não é, de fato, um signo intensamente emocional. Sua felicidade no amor baseia-se na satisfação de uma sensação consciente ou inconsciente de deficiência, que só um parceiro complementar pode suprir. A palavra apropriada para sua vida emocional talvez seja afeto, a Philia grega. O amor, como emoção que Libra tem para dar, é solar. Em Libra sempre há o senso de moderação relacionado à exaltação de Saturno. De fato, Libra é o signo do Ponto de Equilíbrio, ou “nada em excesso”.
Contrastar Libra com Áries é praticamente desnecessário, pois o ponto fica claro. O mais autocentrado dos signos aprende que precisa se conectar a outros, e em Libra os princípios ideais de reciprocidade são retratados. Adão encontra Eva e a ama.
Escorpião
Section titled “Escorpião”Este signo possui uma má reputação na astrologia tradicional, pois os antigos consideravam que o signo negativo regido por qualquer planeta sempre manifestava o pior lado daquele corpo. Assim, todas as coisas más que podiam ser atribuídas a Marte eram atribuídas a Escorpião. Áries era corajoso; Escorpião, brutal e traiçoeiro.
Os astrólogos modernos quase que completamente descartaram essa teoria e a pesquisa justificou esse descarte. Um exame de 34 casos de crimes violentos (admitidamente um número insuficiente, mas, ainda assim, suficiente para ser considerado) mostra que o número de corpos em Escorpião está na verdade abaixo da média, enquanto o ascendente em Escorpião é frequente em casos de sucesso excepcional. Parece adequado, em qualquer discussão sobre este signo, começar com uma limpeza em sua reputação.
Escorpião contrasta com seu oposto, Touro, pois significa poder derivado do caráter em oposição ao poder baseado em posses. Denota a força interior da natureza. Na juventude, Escorpião é geralmente, como convém a um signo de água, reservado, tímido e retraído, mas à medida que seu senso de energia interior e capacidade se desenvolve, sua história pode tomar um rumo bem diferente.
Frequentemente parece possuir um poder mágico real ou ao menos magnético de personalidade, mas, além disso, tem persistência, indústria e agudeza que o levam longe, especialmente se digeriu as lições dos dois signos anteriores (pureza física e princípio moral). Em alguns aspectos, lembra Virgem, com quem, segundo a lenda, esteve unido antes de Libra ser introduzida ao zodíaco. Tem o mesmo desejo de conhecer e entender processos físicos. Mas enquanto Virgem geralmente constrói e resolve, Escorpião gosta de analisar e dissecar. Tende a perseguir o infinitamente pequeno, como Sagitário persegue o infinitamente grande. Ambos possuem paciência ilimitada na busca de seus objetivos, mas Escorpião, de um modo geral, é dotado de maior energia física e coragem.
Sua fraqueza geralmente é de caráter psicológico e, em particular, o medo do que vai além do físico, diante do qual, em suas investigações, muitas vezes se aproxima e recua, já que, como signo de água, tem afinidade natural. Não teme tanto a dissolução física quanto teme o que a morte física pode trazer. Muitas vezes encontra, e até teme, os segredos do “país desconhecido”, de onde ninguém retorna. Shakespeare, por exemplo, pouco diz de si, retorna aos próprios medos quando escreve sobre Escorpião ou Plutônio, que provavelmente expressam seus próprios temores. Macbeth traz o mesmo tom para suas peças. O significado físico de Macbeth resulta de atos ruins, e soa quase como retribuição. É o signo da tragédia — tragédia que resulta de atos malignos e tem tom de retribuição.
A tragédia que resulta das operações do destino — a tragédia, digamos, de “Tess” dificilmente pode ser atribuída a Marte, mas sim a Saturno. Muitas vezes, os dois estão interligados.
Não se pode negar a existência desse elemento sombrio na vida de cada signo. Ocorre nos três membros do trígono de água. Mas em Câncer é a tragédia da mãe chorando por seus filhos, seja tribo, família ou nação; ou talvez uma timidez instintiva e senso geral do aspecto triste da vida.
Em Escorpião é uma tragédia pessoal, a de o homem forte ser derrotado pelo que é mais forte, o nadador que afunda nas ondas. Assim, William Cowper escreveu um de seus poemas mais pungentes sob o título “O Náufrago”, no qual compara seu próprio sofrimento espiritual ao de um marinheiro lançado ao mar:
“Nenhuma voz divina a tempestade acalma, Nenhuma luz propícia brilha. Quando, afastados de toda ajuda efetiva, Perecemos, cada um sozinho; Mas sob o mar revolto, E lançado em profundezas maiores do que ele.”O horóscopo do poeta, dado em “More Notable Nativities” de Maurice Wemyss, mostra Mercúrio em Escorpião em trígono para Saturno. A hora está desconhecida.
Os quatro elementos repetem-se sucessivamente no zodíaco e cada série termina com um signo de água. Cada uma dessas etapas, então, termina com água, que pode ser interpretada como fracasso depois do sucesso ou frustração após a realização. O fracasso pode até ser a morte. Na verdade, já salientei em outros momentos, Júpiter-Netuno é talvez mais representativo disso do que qualquer outro corpo. W. H. Sampson considera que Escorpião se relaciona com dissolução, e talvez Marte-Plutão-Escorpião represente o fator destrutivo, e Júpiter-Netuno-Peixes é a liberação da vida, da alma neste plano.
Da minha própria experiência, é fácil ver por que Escorpião obteve o título de signo da morte quando morte natural era rara. De fato, hoje, dificilmente por morte natural queremos dizer adormecer tranquilamente, um retorno pacífico, na medida em que o corpo está envolvido, à Mãe Natureza. Tal dissolução deveria ser Júpiter-Netuno, mas na prática nem sempre é assim.
Mas, passando dos problemas de morte física, Escorpião é certamente o fim de uma fase, o segundo na circunferência do zodíaco. O que começou na glória de Leão, com seus dons divinos, que coexistiram com Virgem e repousaram em Libra, é testado ao extremo em Escorpião. Eis a Noite Escura da Alma, como dizem os místicos, quando a luz de Leão se foi, e as obras de Virgem e a paz de Libra não são mais suficientes. Aqui está, como dizem os orientais, a colheita do karma, bom e ruim, e habitualmente o plantio de ações frescas em solo kármico. A vida que começou em Áries agora completou seu curso médio. Talvez termine aqui, abandone a esperança como o poeta que se perdeu no inferno, e revelará todo tipo de maldade; ou então suporta o que vem com coragem e supera essa fase. Nós, astrólogos, ao menos sabemos que além deste estágio há algo mais.
Dos instintos primários de McDougall, punhos, com a emoção correlata de raiva, ou Repulsão com a emoção de desgosto, ainda parecem adequados; o signo agora sob discussão, e preferivelmente o último, como sendo negativo em caráter.
Certamente, entre as falhas mortais dos teólogos, Escorpião lembra Plutão.
Numa visão cada vez mais amplificada de cada um dos quatro signos fixos: Touro, orgulho de posse; Leão, orgulho de vitalidade exuberante; ou, decadentemente, orgulho de pompa e circunstância; Escorpião, um orgulho amargo, proveniente da inveja ou, pelo menos, acompanhado dela, e Aquário, orgulho do conhecimento ou da vaidade intelectual. O orgulho escorpiano é tão profundo que é difícil compreendê-lo.
Podem-se ver as riquezas de Touro, a grandeza de Leão, as estantes de livros e laboratórios que representam o conhecimento de Aquário; e embora não se pense que sejam objetos de orgulho, pode-se reconhecer que lá estão e que, em algum sentido, são incomuns.
Mas com o orgulho de Escorpião muitas vezes é difícil ver onde está seu fundamento, mesmo que para uma autoestima ilusória. Milton diz que Satanás tinha um “sentido de mérito insultado”, mas não se sabe, tanto quanto se tem notícia, se ele era esclarecido quanto a esse mérito, ou porque Satanás o achava insuficientemente apreciado. Certamente, até hoje, às vezes encontramos filhos de Escorpião lamentando o mesmo assunto e recusando-se a ser consolados. Se Câncer frequentemente chora, Escorpião frequentemente amaldiçoa.
A verdadeira expressão desta qualidade é o autorrespeito, oriundo da valorização do caráter; e o nativo de Escorpião, que apresenta uma imagem de autorrespeito, mesmo que com um toque de altivez, provavelmente oferece o melhor exemplo deste signo, no que concerne à personalidade.
Finalmente podemos contrastar Escorpião com os signos de quincúncio, Áries e Gêmeos, apenas para observar o quanto são diferentes. Áries é autoexpressivo; Escorpião é autocontrole, autorrepressão. Gêmeos, tagarela alegre com a “pureza da infância”; Escorpião senta sozinho e rumina.
Assim termina os quatro signos do Indivíduo.
Sagitário
Section titled “Sagitário”Aqui chegamos ao terceiro grande impulso criativo do Fogo, expresso em termos mentais sob a regência de Júpiter.
A resposta deve ser que este signo é claramente a conclusão da evolução do homem em termos de fogo; mas que também deve alcançar a conclusão em termos dos outros três elementos. E o dote vital não é o fim do destino do homem, mas o começo. A vida é dada para ser usada, e isso é tão verdadeiro para a vida espiritual quanto para qualquer outra.
Sagitário é certamente um signo vital em qualquer sentido e não mantém seus talentos enterrados. É inquieto, mental e fisicamente. O que possui, gosta de compartilhar. Por isso não é apenas generoso ou pródigo até com dinheiro, mas é também o mentor geral, o pregador, o conselheiro. Existem aqui dois perigos.
Antes de tudo, o pregador deve estar certo de que realmente tem algo útil a dizer e tem o direito de dizê-lo. Caso contrário, ele não passa de conselheiro para quem é tão sábio e virtuoso quanto ele próprio, ou até mais.
O amor de “colocar os outros no caminho certo” e dar bons conselhos é forte em ambos os tipos jupiterianos; fazer isso lisonjeia o homem comum e por esse motivo é uma tentação para sua vaidade. Aqueles que de fato estão qualificados para dar bons conselhos aos outros, exceto em assuntos especializados, são muito poucos.
Essa propensão aparece, numa de suas formas mais baixas, como a obsessão do apostador de que “sua sorte vai mudar”.
Naturalmente, a inclinação joviana para a hipocrisia tem seu lugar aqui: se nada real é transmitido como “informação”, há a tentação de fingir possuir.
À medida que a busca pelo sentido do discurso oferece um atalho para a riqueza, assim temos vários casos que representam fraudes que, dando o segredo de algum atalho rápido, prometem poderes e conhecimentos esotéricos. Existem, é claro, muitos golpes assim.
Possui formas mais altas e mais baixas. Há um otimismo fundamentado no argumento filosófico — de fato, a origem mais usada dessa palavra é atribuída a Leibnitz, que a deduziu da ideia do Ser Perfeito, sendo a teoria que toda criação deve ser igualmente perfeita. Nas palavras de George Macdonald: “O que podemos evocar é a única e melhor forma que, para a pessoa e sua condição naquele momento, poderia ser assumida pelo melhor bem”.
Em seu pior aspecto, essa esperança é a obsessão insana do jogador de que “sua sorte vai virar”.
Sagitário contrasta com Gêmeos em sua profusão e descuido, ambos traços de fogo. Gêmeos é um professor de fatos e números, exato e preciso; Sagitário é um professor de ideias e teorias. Ele busca ir além do já comprovado, o que satisfaz Gêmeos, rumo ao desconhecido e inexplorado. Fisicamente não é sempre o grande viajante que a tradição descreve, mas mentalmente é o verdadeiro viajante rumo a mares desconhecidos. Fatos concretos são coisas limitantes, e o signo odeia confinamento.
É um bom psicólogo natural e gosta de estudar a natureza humana, tendo uma abordagem mais viva do que os signos saturninos.
Contrasta fortemente com os signos de quincúncio, sua imprudência sendo o oposto da timidez canceriana e da inquietação de Touro. R. L. Stevenson expressou um sentimento típico de Sagitário ao dizer que amava viajar mesmo antes de ter chegado ao destino. “Incompletude” é característica do signo e, nesse sentido, é símbolo do progresso cósmico. Assim como Júpiter governa fluxo e movimento, enquanto a Terra aguarda, os Peixes chegaram ao oceano, e, em Sagitário, há um brilho sem fim e uma chama ascendente constante.
Capricórnio
Section titled “Capricórnio”Sagitário, o primeiro dos signos universais, como W. H. Sampson os chamou, é uma influência feliz. O fogo realmente se torna mais feliz à medida que progride no círculo. Universalidade não é estranha ao espírito, mas o contrário. O mesmo não se dá com a Terra. Touro é considerado o mais satisfeito dos doze; Virgem é visto como inclinado à inquietação; Capricórnio é estigmatizado como melancólico e desanimado. Esse velho estigma é, sem dúvida, exagerado, mas a razão do descontentamento não está longe, embora não possamos resolver a questão dizendo simplesmente “O signo é regido por Saturno”. Terra é, por natureza, autocentrada e limitada.
Em Touro, as necessidades são poucas e tais que a Mãe Natureza pode suprir com trocas simples, trabalhosas em vez de penosas. Virgem ainda está na primeira metade do zodíaco, mas está no limite desse setor e é liberado pela sensação de responsabilidade que vê à frente e horizontes que ampliarão quando aquela paisagem familiar já não for tudo o que se deseja.
Em Capricórnio, a tendência autocentrada tem que encarar os problemas da vida coletiva, ou então falha, como alguns capricornianos que caem de volta em um egoísmo e isolamento que deveriam ter sido superados. Aqueles que escolhem esse caminho quase sempre terminam mal. Eles são, em geral, pessoas que superestimam sua própria importância ou ficam frustradas por não alcançar reconhecimento devido e invejam os outros. Capricórnio musical, por exemplo, é bastante original e frequentemente muito sensível; mas podem ser peculiares e em geral nunca são bem-sucedidos socialmente e exibem tendência ao acúmulo de dinheiro, segurando o bastão pelo lado errado, pelo menos na vida comum. A característica de astúcia pode aparecer em tipos inferiores, mas raramente é notada por mim, e quando aparece geralmente é aquela que induz ao engano, por motivo de interesse.
Sol em Capricórnio se conforma mais ao quadro usual, prudente, conservador e ambicioso. Mercúrio está extremamente bem colocado nesse signo e frequentemente mostra muito talento para lidar com o mundo dos negócios.
O interesse pela política mostra a tendência para uma universalização do princípio-terra. Deriva-se do desejo inato de produzir ordem mundana perfeita em escala o mais larga possível. Naturalmente, o conceito de perfeição pode ser, ou, pelo menos, parecer, equivocado para muitos, pois é baseado em ideias totalmente erradas. Isso se aplicaria a Hitler, com sua Lua-Júpiter nesse signo. Mas a visão de uma Nova Ordem é típica de Capricórnio, mesmo que sua realização seja falha.
Diante dessa visão de ordem universal perfeita do mundo tido, Capricórnio é, sem dúvida, frequentemente desanimado, pois estamos longe de realizar qualquer coisa desse tipo, e os defeitos das nossas circunstâncias atuais são evidentes e por perto. É como estar no topo, sendo sob Saturno, a concepção de perfeição em certo sentido estática, como resultado de disciplina e controle gerais. Prussianismo, na verdade. Se as lições de Sagitário forem aprendidas, isso não surgirá.
O lado austero, fatalista, quase sombrio do signo parece ter sido exagerado. Claro, isso se contrasta com o câncer, o protótipo bondoso e simpático; mas, na verdade, os pais nativos de Capricórnio são (tanto quanto minha observação permite) mais atentos e conscientes das responsabilidades da parentalidade do que muitos outros. De fato, eles levam essa questão muito a sério. Igualmente, embora erráticos e caprichosos em muitos aspectos, uma vez casados, geralmente são parceiros dedicados e conscienciosos.
Capricórnio também é chamado de signo diabólico, compartilhando essa distinção com Escorpião. Ambos tendem a produzir orgulho, certamente. Mas, ao atribuir qualidades demoníacas ao Capricórnio, não posso deixar de pensar que os astrólogos exemplificam, na verdade, outro aspecto mais atraente, aquele do bode expiatório universal que assume sobre si os pecados do povo.
Penso que, havendo mesmo poderes e entidades diabólicas, eles não se limitam apenas a dois signos, mas possuem técnica adaptável aos nativos de todos eles! A tentação de Escorpião pode residir nos quase poderes mágicos que, como já escrevemos, às vezes possui e que por vezes faz surgir pessoas mais fracas em suas mãos, como Fausto nas de Mefistófeles.
A tentação capricorniana é frequentemente apontada como desejo de poder e dominação terrena. Mas certamente isso é uma verdade simbólica, nem sempre exemplificada na prática. Na vida real, o homem saturnino raramente tem a oportunidade de poder nas circunstâncias que lhe são apresentadas; ele é encontrado trabalhando pacientemente pelo que obtém. Nem, até onde posso observar, ele se mostra indignado por esse infortúnio; é Sagitário, não o bode caluniado, que gosta de dinheiro fácil.
Os judeus estão principalmente sob Capricórnio e frequentemente acusados de gostarem de caminhos fáceis para a fortuna. Seja este realmente o caso, não posso dizer: devo admitir que, como raça, são singularmente industriosos. E ainda assim o mundo cristão condena a visão capricorniana, mas certamente soaria estranho para essa tradição amorosa — o amor de Capricórnio — o formalismo em religião, a profanação de lugares sagrados na busca pelo ganho.
Países governados por Capricórnio tendem a exibir o sistema de castas em alguma forma ou outra. Os britânicos (o Sol está em Capricórnio em dois dos três horóscopos nacionais sugeridos) são considerados esnobes. Esta tendência faz parte do amor pela ordem que é inato ao signo ¹. Já mencionamos o perfeccionismo dos melhores tipos de Capricórnio. Isso se aplica também à vida moral deles — e à dos outros, pois tendem a ser críticos rigorosos de si mesmos e dos vizinhos.
Eles são frequentemente altamente introspectivos e examinam seus atos e motivações de forma que parece mórbida para tipos mais vividos. De fato, há algo de aquático em Capricórnio, pois a cabra que é seu símbolo frequentemente é retratada como meio peixe (*). Na ordem dos planetas a partir do Sol (colocando os planetas sobre Virgem), Capricórnio cai sobre Netuno; e há distintos signos para os quais essa atribuição não é totalmente sem mérito.
Talvez seja a tendência ao autocentramento combinada com o perfeccionismo que faz com que Capricórnio frequentemente se mostre descontente consigo e com os outros e, como resultado, seja econômico nos elogios e consequentemente impopular. É um incentivador modesto.
Sua expressão ideal, em vida ativa, provavelmente seria no serviço civil ou diplomático. Universidades, repartições governamentais e grandes casas comerciais substanciais. Faz excelente conselheiro e intermediário. Planilhas de balanço e livros de contas seriam uma alimentação apropriada. Mas isso deve ser levado em consideração em relação a pessoas com muitos corpos nesse signo, e não àquelas com ele no ascendente, pois como temos muito diferentes, mais inquietos e obviamente cardinais, mais amigáveis e menos dignos.
¹ Assim, Vênus está bem colocada em Câncer, Marte é particularmente forte em Leão, Júpiter é dito ‘alegrar-se’ em Libra, Saturno em Escorpião é excepcionalmente poderoso, e Urano mostra semelhanças com Sagitário — especialmente a aversão ao controle.
(*) S. Elizabeth Hall, em Astrology: the Link between Two Worlds, aponta que os três últimos signos têm cada um uma conexão aquática, que ela atribui ao Sol estar neles durante a estação das águas na Mesopotâmia. Ela associa Aquário à ideia de dilúvio.
Aquário
Section titled “Aquário”Pode-se esperar que os dois signos regidos (segundo a tradição) por Saturno fossem os mais fáceis de entender dos doze. No entanto, não é assim; já indicamos as contradições que surgem ao tratar de Capricórnio, em tantos casos tipificados pela Universidade e pelo funcionário público eficiente e ainda tão frequentemente descontente, caprichoso e incerto, vítima evidente de anseios emocionais insatisfeitos.
É igualmente difícil colocar Aquário sob um único tipo definido; e isso talvez fosse de se esperar do símbolo, que, estranhamente, introduz a ideia de água corrente em um signo que é corretamente fixo em ar.
Como último do trígono do ar, o Aguadeiro deve representar o resultado final do desdobramento mental do homem. Como tal, deveria ser o cientista e o artista em suas expressões mais intelectuais. Não tanto o cientista preocupado diretamente com a natureza — esse adoraria cair para Capricórnio, como signo de terra—mas o matemático superior, aquele que lida com símbolos e com as ideias que eles indicam. Até certo ponto, isso parece correto.
Mas Aquário tem uma propensão notável para a sociologia e, como meio em direção aos aspectos práticos dessa ciência, a política. É aparentemente mais adequado à política do que Capricórnio, ao passo que se pode dizer que a energia básica que o anima é diferente. Capricórnio é político nato ou estadista, para carreiras e posições fixas; Aquário é mais frequentemente atraído pela legislação, movido pelo desejo genuíno de beneficiar a humanidade.
Podemos admitir que o discurso sobre fraternidade aquariana e irmandade pode conter exagero, ao menos na maneira emocional e imaginativa com que é frequentemente expresso. Mas Aquário pode citar uma lista longa de homens e mulheres que amaram seus semelhantes e atuaram na política e literatura para ajudar os oprimidos. Foram, de fato, idealistas, embora por vezes equivocados.
Essa característica talvez não seja mostrada tanto pelo domínio saturnino ou mesmo pela afinidade frequentemente destacada entre Urano e Aquário; mas é claramente significada pelo símbolo do homem despejando água de seu vaso. Pode também ter relação ao fato de, em nossas latitudes, Aquário ascendendo significa Peixes interceptados na primeira casa e que uma pessoa nascida com o Sol em Aquário geralmente gasta parte importante de sua vida com o luminar progredido nos Peixes. Mas o fato permanece: Aquário é um grande trabalhador pelo bem da humanidade, não geralmente em caridade privada, mas na política (T. D. Roosevelt, Abraham Lincoln) ou em cartas (Robert Burns, Charles Dickens).
É dito, claro, que vivemos, ou, pelo menos, nos aproximamos, da “Era de Aquário”. Ou seja, o equinócio vernal, retrogradando pelas constelações do zodíaco, deve estar próximo do confim da constelação de Aquário, o que se presume ser de significado igual ao das eras correspondentes. Só que os limites das constelações são incertos (a não ser para os astrônomos) e é impossível dizer quando muitos eventos semelhantes aconteceram, ou voltarão a acontecer.
É fato que houve forte influência aquariana em assuntos humanos no século XIX, como nas revoluções americana e francesa, na revolução industrial e no movimento romântico. Isso pode ser atribuído à descoberta de Urano, mas talvez também possa ter sido o início de uma Era ou Sub-Era de Aquário.
Quando consideramos os tipos mais comuns de Aquário, vemos que eles são sociáveis, mas emocionalmente um tanto distantes, frequentemente interessados por música ou ciência, e apreciam a natureza selvagem. Esta última, de fato, é um traço marcante de Aquário, que parece ser incompatível com um signo fixo de ar, mas é inegável.
Vale observar que não é sempre a humanidade abandonada que apela ao aquariano, mas também interesses mentais negligenciados e fora do comum. As palavras do Hino de Cleantes a Zeus, “nada é mais caro ao homem do que tu”, poderiam, com pequena alteração—“a maior parte dos homens para homem”—ser aplicadas ao aquariano.
Assim como muitos consideram Capricórnio pouco confiável e enganador, alguns veem os nativos de Aquário como inconstantes. É verdade que frequentemente agem de forma estranha e parecem contradizer seus altos ideais com suas ações. Parecem sujeitos a caprichos e fantasias que às vezes intrigam e às vezes incomodam os outros.
Os agricultores que compraram exemplares das Notas de Ruskin sobre Sheepfolds devem ter sentido que foram desonestamente enganados quando descobriram que o trabalho em questão era projeto para uma união de igrejas. Possivelmente Ruskin não previu isso, mas de qualquer modo o caso mostra que foi ação por afinidade Aquariana e criticada principalmente nesse campo.
Alguns escritores, especialmente nos EUA, parecem tomar isso como típico do signo, e os aquarianos, que antes tinham tendência a serem rebeldes, sentindo-se intensamente livres, acham que Urano é mais afim a eles do que Saturno. Geralmente Urano é mais intenso que Aquário; tem gostos mais fortes e é digno de nota que muitos soldados nascem com Aquário ascendendo, embora não com o Sol nesse signo. Isso pode ter relação ao caráter gregário da vida militar, e talvez também ao fato de Escorpião ascender na décima “natural”, se assim se pode considerar. Aquário é distintamente o signo do homem coletivo, assim como Leão representa o indivíduo, e o problema dos nossos tempos é reconciliar as duas concepções: sociedade e indivíduo. Às vezes, somos perturbados ao ver a caricatura do “Homenzinho” — como uma pessoa medrosa, agradada por pequenas coisas e claramente vivendo com medo da vida, sendo forçado a entrar em conflito com uma ou outra das mil regulações que se estabeleceram para mantê-lo em ordem.
Em contraste, há o robusto John Bull, que representava nossos avôs, dando espaço a essa pequena criatura. Será por causa do advento da tão proclamada Era de Aquário, ou algo parecido? A Era de Aquário trará problemas, como as Eras anteriores trouxeram.
A preservação da liberdade individual será um dos principais temas desse paradoxo, visto que parece que a humanidade consiste de indivíduos que lutam para viver, lutando por si mesmos. Assim como há uma mãe que gosta de ar puro para seus filhos, há muitos que prefeririam insanidade do que sanidade, e que consideram melhor viver no primeiro bloco de apartamentos, do que uma mãe que tem que buscar cada gota de água de uma bomba de vila a meio quilômetro, muitas vezes mantendo seus filhos muito mais limpos do que quem tem água canalizada em todos os cômodos.
As estranhezas da alma humana têm intrigado muitos estudantes. No entanto, neste período, Aquário tem a situação nas mãos, figurativamente falando, e pretende viver, pensar ou existir, Plangendas.
Mas o ápice do paradoxo é que Aquário muitas vezes não é apenas o planejador, mas também o mais vigoroso opositor de ser sujeito ao planejamento, um signo misterioso.
A Rússia, aquele país aquariano, que em nossos tempos passou do caos autocrático para o planejamento igualmente desprezado, onde milhares de famílias são desenraizadas e enviadas a centenas de quilômetros, assim como um fazendeiro move um rebanho para um novo campo porque precisa de pasto, pode nos prover com mais desenvolvimentos dramáticos da Mensagem do Portador da Água.
“Eis que faço novas todas as coisas!” parece ser a nota de Aquário.
Peixes
Section titled “Peixes”Na passagem de Aquário para Peixes nota-se uma grande diferença: o último signo tem humildade. Talvez seja um tanto triste que, após partir do Aries autoconfiante e independente, feche-se o círculo, depois de tantas aventuras, em uma nota de tom tão diferente.
O nativo avançado de Peixes, para usar a expressão geralmente empregada nessas conexões, talvez seja um santo ou mesmo um iluminado, um verdadeiro místico. Ou pode ser um eremita ou o habitante de um monastério, levando uma vida piedosa. O Caminho da Devoção atrai muitos piscianos.
O mesmo ocorre com o Caminho da Beleza; o signo produz artistas e, em particular, pintores, assim como muitos poetas, especialmente poetas místicos e poetas do mar. Acima de todos, atores.
Novamente (embora isso não seja uma profissão por regra) é o Bom Samaritano do zodíaco, estendendo suas ministrações amorosas não só a seres humanos, mas também a animais. Contudo, deve-se acrescentar que piscianos também são devotos da vara, aquela forma particularmente enganosa e netuniana de esporte.
Entre o povo comum, os piscianos costumam ir para o mar; eles também são atraídos pelo comércio de bebidas alcoólicas e drogas, bem como por formas de pesquisa química que lidam com drogas, fermentação, e assim por diante.
São bons espiões e detetives.
Qual é a ideia central desse signo estranho?
Se a relação de Urano com Aquário é incerta, aquela entre Peixes e Netuno não é. O planeta pode não reger o signo, mas além de toda dúvida há uma afinidade próxima aqui. Em oposição exata a Áries, que insiste em si, Peixes ama assumir todas as formas, como o velho deus-mar Proteu, e perde a si (“o eu”) neles. Chesterton disse que Deus é um grande brincalhão e escreveu aquela piada netuniana — ou pisciana — O Homem que era Quinta-feira.
Que piada cósmica temos aqui! Depois de nossa peregrinação, encontramo-nos em Peixes, escapando de um aspecto para outro, um Joey-palhaço sempre no fim.
Não contente com ações externas, Peixes frequentemente experimenta com drogas e estimulantes, buscando perder seu eu interior, ou então pode fazer isso em seus devaneios diurnos, nos quais desempenha todo tipo de papel nas cenas imaginárias de sua mente.
Em teoria, Aquário pensa em seus semelhantes como “tipos” ou “classes”, mas para Peixes eles são seres eminentemente vivos, de quem se pode pedir emprestado quando preciso e por quem se pode ajudar financeiramente, se possível, quando tiverem dificuldades.
Em certo sentido, Peixes é mais amigável do que Aquário. Ou seja, ele é muito mais sociável. Ele se diverte em ser anfitrião e é um excelente recepcionista, gostando de estender hospitalidade e apreciando-a.
No presente, Peixes está um pouco fora de seu lugar. Não combina com o culto moderno da eficiência e os princípios de autoajuda do século passado não lhe agradam. Não se pode imaginar nenhum signo mais ao gosto do que o de Chaucer, quando uma peregrinação a um santuário de santo, com muita conversa agradável e troca de boas histórias divertidas teria lhe servido excelentemente. Sofreu um duro golpe quando Henrique VIII dissolveu os mosteiros, nos quais poderia ter sido dependente. A influência pisciana aparece novamente no triste cenário, quando a grande epidemia de bebida atingiu a Inglaterra no século XVIII e precisou ser contida após causar enormes prejuízos. Por fim, Peixes aparece logo após a descoberta de Netuno em 1846. Em 1848, o espiritualismo moderno surge com o fenômeno das irmãs Fox, que foi instigado, segundo dizem, por uma senhora mais velha chamada Sra. Peixe!
Peixes é o signo da Transformação. E fecha o círculo zodiacal. Mas, então, qual será a transformação final e qual será a resposta? “Seremos todos transformados”, escreveu São Paulo, no piscar de olhos.
Para o corpo, sabemos, a transformação final será a morte; e aqui não há mistério. Mas além?
Conhecemos as palavras de um dos personagens mais genuinamente piscianos da literatura:
“algo após a morte, o país desconhecido de onde nenhum viajante retorna.”
Platão nos diz que as almas bebem das águas do Lethe, algumas muito profundamente, outras menos, e Peixes, que geralmente tem memória fraca para assuntos terrenos, parece paradoxal ser um signo que não esquece totalmente a memória do céu quando desce à terra. Daí o seu desassossego e seu entusiasmo para experimentar formas e experiências novas, buscando recapturar abaixo o que viu acima. É uma busca sagrada, a busca do Santo Graal. Infelizmente, se vai ao copo de vinho em vez do cálice sagrado, mas se for um pecador arrependido, é perdoado para sempre; não há maldade em Peixes.
Então, é como a Absolvição Final que gostaria de me despedir de Peixes.
Em Iphigenia em Tauris, Eurípedes faz a heroína dizer:
“O mar profundo lava todos os males do mundo.”
Assim, podemos concluir com a ideia de que Peixes é a Dissolução, mas também a Absolvição.
Capricórnio é o signo que sente o peso do pecado. Sua atitude perante os problemas da alma é frequentemente carregada de tristeza. Tende às doutrinas de destino e predestinação, ou da justiça retributiva de Saturno. Aquário rejeita a ideia de responsabilidade individual e acusa o destino de falhar com a alma. Peixes humildemente admite suas falhas e faltas e busca perdão; ele clama por justiça, mas também por misericórdia.
Parece que o círculo zodiacal termina com essa declaração de fé na Misericórdia Eterna.
Não nos cabe especular quanto à resposta.
Capítulo VIII - Problemas das Casas
Section titled “Capítulo VIII - Problemas das Casas”Em teoria, as Casas qualificam a precipitação final dos valores estelares e finalmente canalizam esses valores para um ou mais dos Departamentos nos quais a vida se divide e que cada uma representa.
Mas essa regra, simples na formulação, não é simples na aplicação. De um lado, o aspecto médio envolve, por ocupação e regência, várias casas. Vênus quadratura Marte, por exemplo, geralmente afeta duas casas por ocupação e quatro por regência, até omitindo sua regência natural sobre Touro, Libra, Áries e Escorpião e sua consequente afinidade com as respectivas casas. Na prática isso pode ser um tanto simplificado por um dos planetas ocupar a mesma casa que rege, e assim por diante. Mas é preciso notar que um método tão amplo em seu escopo deve ser praticamente sem valor, exceto em um caso como este.
Além disso, é difícil distinguir entre os valores dos signos e das casas. A regra de que o primeiro se relaciona à “alma” e o segundo ao “corpo” pode ter alguma validade teórica, mas é de pouca utilidade prática. As posições das casas podem afetar o caráter em grau muito marcado; estando geralmente indicadas no mapa natal, a casa do signo e provavelmente também a terceira casa. As posições dos signos podem produzir efeitos no caráter em grau secundário. Essa perspectiva é menos considerada, embora seja verdadeira. O autor já conheceu, por exemplo, mapas onde maléficos em Leão provocaram problemas infindos com filhos, embora a quinta casa não estivesse envolvida. Do mesmo modo com Touro e condições financeiras, e assim por diante.
Essas dificuldades em usar as casas fizeram algumas escolas (embora não neste país) eliminarem a ideia do mal de sua astrologia, exceto para os ângulos, cuja importância dificilmente pode ser negada por qualquer estudante inteligente.
Ao estudar mapas mundanos dos anos de guerra, o autor encontrou que a influência das casas só ficou nítida e evidente quando corpos estavam exatamente nas cúspides; do contrário, era vaga. Não se sugere que isso valha para mapas natais. A maioria das figuras mundanas dura apenas pouco tempo, mas nosso mapa natal está conosco por toda a vida e há tempo suficiente para que aspectos menores se manifestem claramente. As posições zodiacais mudam lentamente; e, se omitíssemos as casas, acharíamos que todas as pessoas nascidas em várias horas de um mesmo período teriam horóscopos praticamente idênticos, o que reduz o valor do mapa, tornando-o quase um fantasma. Da mesma forma, a astrologia horária, que alguns utilizam com sucesso, depende muito das casas.
O fato de haver, há séculos, muita divergência sobre a domificação é argumento de que o problema não é simples; não houve ainda acordo sobre o número e as dimensões dos signos.
A questão da divisão ou domificação das casas foi tratada em “Astrology for All” (*) de Alan Leo — Parte Dois, e em inúmeros artigos, tanto em inglês quanto alemão, durante muitos anos. No entanto, em suas conclusões finais, quase todos os autores têm se limitado à teoria e evitado a produção de casos bem autenticados que pudessem ter comprovado suas opiniões. Para isso, é óbvio que mapas mundanos devem ser usados, pois a sua cronologia não pode ser posta em dúvida.
Existem sistemas para empregar astrologia em corridas de cavalos, nas quais o uso exato da cúspide é essencial, e espera-se, portanto, uma decisão desse ramo. No entanto, podem ser encontrados estudantes que afirmam, talvez com muita certeza, ter alcançado excelentes resultados, alguns com um, outros com outro sistema de casas.
À vista do fato de que, como já mencionamos, o tema foi muito bem explorado, tentaremos apenas fazer um breve levantamento dos principais métodos ainda mais ou menos em uso.
O método da divisão em iguais, às vezes atribuído a Ptolomeu, dificilmente é verdadeiro para domificação. Considera o ascendente (isto é, a interseção do horizonte e da eclíptica) como a cúspide da primeira casa, e então acrescenta 30° de longitude para cada casa sucessiva, contando o meio-do-céu, que, evidentemente, nem sempre coincide com a cúspide da décima casa, como ponto de honra.
Esse sistema tem a vantagem de não colapsar em latitudes altas e, frequentemente, na astrologia natal, oferece excelentes resultados, embora simples.
Porfírio, que viveu cerca de um século depois de Ptolomeu, dividiu a esfera mundana em quatro quadrantes pelo horizonte e meridiano, uma concepção puramente mundana, e então trisectou igualmente as quatro áreas da eclíptica dentro de cada quadrante. Isso parece claramente ilógico, pois, se o horizonte e o meridiano dividem a eclíptica de modo desigual, como podem e geralmente fazem, por que as casas sucedentes e cadentes devem ser obtidas por divisão igual?
Esse método é usado na Índia, mas deve-se lembrar que perto do equador todos os sistemas produzem resultados bastante similares. Campanus, que viveu no século XIII, obteve seus quadrantes por meio do meridiano e horizonte e suas casas secundárias por círculos que cortam de modo similar os pontos norte e sul do horizonte e trissecionando igualmente cada quadrante do prime vertical, que é um círculo passando pelo zênite e nadir e pelos pontos leste e oeste do horizonte.
Essa domificação é simples e lógica ao extremo e é, portanto, estranho que, até tempos modernos, ninguém tenha dado muita atenção a ela. Regiomontanus viveu no século XV. Seu sistema consiste de círculos passando pelos pontos norte e sul do horizonte, como no sistema anterior, dividindo o prime vertical, mas dividindo o equador terrestre em doze arcos iguais. Assim, nos ângulos terrestres, ambos os sistemas produzem resultados similares, pois o prime vertical e o equador celeste correspondem. Quanto mais se afasta do equador, maior é a diferença. Nas tábuas de Regiomontanus há pouco de uso comum digna de menção. Em teoria, são diferentes.
Esse método floresceu durante o século XVII, quando quase substituiu o método de Placidus, segundo o qual quase todas as tábuas publicadas atualmente foram construídas.
No entanto, esse sistema foi fortemente (o advérbio não é exagero) atacado pelas mesmas razões que o de Porfírio, isto é, porque os ângulos são determinados por um método e as cúspides intermediárias por outro. É óbvio que, exceto nos equinócios, o Sol não se ergue exatamente entre meia-noite e meio-dia; então, por que as cúspides deveriam ser determinadas por uma divisão igual do tempo tomado pelo Sol para ir de um ângulo a outro?
No entanto, as tábuas de Placidus são geralmente utilizadas e ao menos nove entre dez estudantes, incluindo muitos especialistas, as empregam, calculando direções mundanas primárias por esse sistema e levando em conta os trânsitos pelas cúspides de Placidus. De fato, todos os métodos enumerados aqui têm defensores entre estudantes experientes e ajuizados.
Campanus foi criticado por não levar em consideração a rotação da terra, ponto que pode ou não parecer ao leitor importante. De todo modo, o autor considera que os méritos de cada um devem ser examinados, na medida do possível, por todos os astrólogos experientes. Parece valioso que os métodos fossem mais factuais do que meramente psicológicos.
Por outro lado, o sistema dito ptolomaico frequentemente parece se encaixar no caráter dos nativos. No entanto, falta base real como método científico de domificação. É principalmente uma seção secundária do círculo zodiacal em doze partes iguais, a partir do ascendente e de 0° Áries, a introdução do ascendente sendo a única característica verdadeiramente marcante.
O autor introduziu um método de divisão do mal na qual se obtém seções bem distintas via círculos que passam pelos polos celestes e dividindo o equador em doze arcos iguais, com a cúspide da 1ª casa passando pelo ascendente.
Esse sistema, portanto, concorda com a rotação natural dos céus e também produz, como o ptolomaico, cúspides distintivas para cada casa, capazes de receber individualmente seus próprios habitantes.
Como a relação entre o equador e a eclíptica é constante a qualquer momento, em toda a Terra, um conjunto de tábuas pode ser usado para todo o mundo.
Este método pode ser chamado Equatorial ou, para distingui-lo do de Regiomontanus, no qual o equador é também a base da divisão, Poli-Equatorial.
Um conjunto assim de tábuas pode ser facilmente construído. O ascendente deve ser encontrado pelo método usual e com as tábuas usuais; é então declarado em termos de ascensão reta por meio das tábuas dadas em todos os livros que tratam de direções primárias, ou se adiciona 30° de ascensão reta para cada cúspide sucessiva. Esses dados devem então ser restabelecidos em termos de longitude celestial. Os resultados podem ser testados por referência aos mapas radicais e direções formadas ao fim das cúspides, radicais e progressivas, e por trânsitos nas cúspides.
Assim, Eduardo VII morreu em 6 de maio de 1910, quando Urano, por trânsito, estava em 25 ♑, oposto à 8ª cúspide natal. Tennyson morreu quando o M.C. progredido estava em aproximadamente 11 graus de Touro, resultando, segundo tabelas para o local de nascimento, em um ascendente de 25 de Leão e uma cúspide da 8ª casa em 27 de Virgem, em quadratura com Vênus radical, regente da 12ª, e em trígono com o Saturno radical em Escorpião na 6ª radical, uma indicação adequada da morte de alguém que partiu cheio de honrarias, em idade avançada, e no espírito de seu próprio poema “Crossing the Bar”. Apresentamos três genituras erguidas por este método.
O mapa natal do Rei Eduardo VII
Section titled “O mapa natal do Rei Eduardo VII”Levantamento pelo método Equatorial do Autor
Section titled “Levantamento pelo método Equatorial do Autor”
A presença da Lua, em estreita quadratura com Saturno, na cúspide, parece peculiarmente apropriada à rigorosa educação e supressão do nativo por sua mãe real, que por muitos anos se recusou a permitir que ele tomasse parte em assuntos públicos. Vênus da décima casa concorda com sua popularidade e a da Consorte.
Por Placidus e Regiomontanus, a Lua está na cúspide da 8ª ou 9ª casa; por Campanus, está em algum local de demarcação entre a 8ª e a 9ª, ambos sem grande significado.
O mapa natal de Emily Popejoy
Section titled “O mapa natal de Emily Popejoy”Levantamento pelo método do Autor
Section titled “Levantamento pelo método do Autor”
O nativo deste horóscopo, uma serviçal, morreu como resultado de maus-tratos infligidos por sua patroa. Isso parece claramente indicado, em princípio, por Saturno próximo à cúspide da décima casa e Netuno, quadrado por Marte, na décima primeira casa.
Por Placidus, Júpiter, bem relacionado com Marte, está na nona seguido por Saturno; por Campanus, Júpiter está também na nona. Regente quadrando Urano em Virgem é mostrado como privação e falta de conforto. Por Placidus, está na terceira, o que é irrelevante.
O mapa natal de Alfred Tennyson
Section titled “O mapa natal de Alfred Tennyson”Levantamento pelo método Equatorial
Section titled “Levantamento pelo método Equatorial”
Esta genitura, ao ser erigida segundo Placidus ou Regiomontanus, mostra quatro maléficos na sexta casa, o que parece inadequado à saúde do nativo, especialmente com o Sol ali, em dignidade, e Lua, Marte, Júpiter, Netuno e Saturno. Campanus move Saturno e Netuno para a sétima se o signo estiver no centro; Lua tem Marte e Urano na décima. Eles geralmente são ligados In Memoriam à morte do poeta pelo tipo de febre. Saturno bem posicionado indica saúde e longevidade, enquanto Netuno concorda com as qualidades mentais do nativo, não proibindo sua memória ou capacidade de raciocínio.
Outro ponto interessante é que Júpiter na décima primeira parece estar mais relacionado ao sucesso fenomenal do poeta do que a uma posição de destaque na cúspide da décima segunda. Ele conquistou fama, posição e dinheiro.
A questão dos orbes das casas é difícil. Como não atribuímos orbes aos signos e atribuímos significados às casas em correspondência com os signos, tratando-as em todos os sentidos como equivalentes mundanas destes, parece prima facie irracional atribuir orbes às casas. Mas a experiência prática sempre postulou algo desse tipo. Julgando apenas por esse critério, o autor atribuiria cerca de 10° de orbe ao ascendente e talvez quase tanto aos outros ângulos, enquanto permitiria que as casas sucedentes tivessem talvez um pouco menos e as casas cadentes talvez 5°. Isso pode ser aumentado levemente para Sol e Lua.
No entanto, parece lógico supor que o principal efeito de um corpo é na casa realmente ocupada, havendo apenas algum sombreamento à cúspide adjacente. O resultado será uma “coligação” das duas casas. Assim, por exemplo, o Sol no caso de Tennyson indicaria dinheiro (segunda) por meio da escrita (terceira).
Quanto à alegação de alguns (mas não de todos) defensores de Campanus, de que a cúspide é o centro da casa, isso não faz sentido para minha experiência.
Mas outro ponto surge aqui. No entendimento do autor, todos os corpos em um mesmo signo exercem uma certa influência mútua, como se fosse per communem signum, através da comunhão de signo. Isso provavelmente é mais fraco que uma conjunção real, mas existe. O mesmo princípio se aplica com casas. Assim, consultando os mapas de Mussolini e Hitler nas páginas 54, 55, vemos que o gráfico de Mussolini, com muitos corpos em Gêmeos domina aquele signo e em Touro, o mesmo ocorre na sétima casa. Eles também afetam a cúspide de outras casas per communem signum e isso corresponde aos seus fins violentos.
Esse princípio pode ser comparado à maneira como uma gota de tinta em um copo de água lentamente se espalha pelo conteúdo. Do mesmo modo (exceto que sua principal influência permanece centrada em sua localização real), a “influência” do planeta penetra pelo signo, mas não além, exceto em termos da doutrina reconhecida dos orbes.
O mapa natal de Landru
Section titled “O mapa natal de Landru”Levantamento pelo método de Campanus
Section titled “Levantamento pelo método de Campanus”
Pode-se notar que neste gráfico extraordinário há uma constelação de nada menos que seis corpos (incluindo ambos os Luminares) em Áries. Mas, conforme o limite da casa, de acordo com aqueles que tomam a cúspide como o centro da casa, está em 25° Peixes, todas essas devem ser consideradas na 12ª casa.
Esse exemplo de manter os signos e suas subdivisões como métodos separados contorna as dificuldades destacadas acima, quando não se usa as “casas cúspides” conforme dito anteriormente. Se aceitarmos essa teoria, podemos dizer que o Sol nem sempre está onde o desenhamos. Nenhum método está absolutamente correto. Quando metodologias como essa coincidem estreitamente, o consenso se forma, mas casos como este devem nos alertar para não confiar cegamente em um sistema estabelecido.
Landru, de fato, está em boa companhia com a notável natureza dos criminosos famosos e a tendência irreprimível de liderar vidas duplas com outros de seu tipo.
Além disso, é um exemplo da operação penetrante de Urano, o principal maléfico nesse horóscopo.
Referimos essa conexão ao horóscopo de Landru, o notório assassino de noivas francês, que atraiu várias mulheres à morte por promessas de casamento, sendo a motivação a avareza.
Certamente é lamentável para os astrólogos não poderem afirmar com unanimidade que um método de divisão das casas é correto, e apenas um. Mas não há razões para supor que a Natureza, que nos deu inúmeros exemplos de sua preferência por expressões múltiplas, tenha feito tal arranjo conveniente; é bem possível que haja fundamento para mais de um método de domificação. O autor certamente passou muitas horas em minucioso exame de horóscopos buscando chegar a uma conclusão definitiva e nada conferiria maior prazer do que poder afirmar a quem valoriza sua experiência que um sistema é certo, e apenas um. Mas tal afirmação sem dados adequados não seria, de modo algum, verdadeiramente científica. Melhor é admitir as dificuldades e perplexidades.
A passagem dos planetas para a cúspide das casas de Campanus por movimento aparente (ou seja, no “tempo progressivo”), produz influência poderosa e apropriada, registrada em muitos horóscopos de acontecimentos. Contudo, isso revela confiança no sistema nesse aspecto, se não em todos. Não se deve declarar que a passagem dos corpos calculados por outros métodos não produz nada, a menos que tenham sido cuidadosamente examinados casos bem autenticados, com resultados negativos.
O ponto central das nossas técnicas de divisão de casas sugere que há uma anomalia.
O Sol (e outros corpos) move-se no sentido horário em seu movimento diurno aparente, mas sentido anti-horário em sua passagem anual pelo zodíaco.
Se devemos considerar a domificação como matéria puramente mundana, numeraríamos as casas a partir do nadir, onde começa o dia, no sentido horário, em vez de fazê-lo no mesmo sentido dos signos, atribuindo-lhes significados análogos aos dos signos?
É fácil ver que nosso procedimento atual produz resultados estranhos. A cúspide da décima casa, onde o Sol atinge seu máximo em força diurna, corresponde a 0° de Capricórnio, onde é o mais fraco no curso anual pelo zodíaco. E está em sua força máxima em 0° de Câncer, que corresponde ao nadir, onde é mais fraco em seu movimento diurno aparente.
Novamente, acredita-se que a décima segunda casa corresponde a Peixes e, por isso, rege a limitação, o autossacrifício, traição, inimizades, e por aí vai. É o setor onde o Sol e os planetas chegam ao pleno contato após a obscuração da meia-noite.
Pode-se especular quanto a essa contradição. Ela simboliza a conexão entre Espírito coletivo e mundo?
Se assim for, talvez devêssemos considerar, num sentido amplo, nossa interpretação dos orbes, que parece sustentar a importância primordial da ideia zodiacal e implicar que a “concepção puramente mundana” das casas é um ponto de vista falso ou subordinado.
De qualquer forma, espera-se que a Primeira Casa seja forte, pois sua cúspide está no horizonte, onde os corpos celestes vêm à vista, podendo ser considerada como agindo com grande força.
Diz-se que governa a personalidade, tendo muito significado em relação ao caráter, além de afetar a saúde e a aparência física. Essas crenças são evidentes. O que aparentemente nunca foi respondido é por que esse setor está relacionado à saúde quando esse aspecto da vida humana é dito relacionar-se especificamente à sexta casa, e qual a diferença, se houver, entre os valores de saúde dessas duas? Se, por exemplo, um homem tiver Saturno precisamente ascendente e um bom Júpiter na cúspide da sexta casa, sua condição corporal será boa, ruim ou mista? A sexta casa também tem valor para a saúde.
O ponto de vista do autor é que a primeira casa tem muito a ver com saúde e a sexta casa menos do que se supõe, e ele remete à genitura de Lord Tennyson dada acima, em que Vênus no ascendente e os Luminares em sextil parecem ter superado bastante os maléficos na 6ª, ao menos no que diz respeito à saúde.
Pela concepção ‘puramente mundana’, o ascendente se torna a cúspide da 4ª casa e isso pode indicar que os valores geralmente atribuídos à 1ª casa são herdados e não adquiridos. (Note que, nessa forma de olhar para as casas — i.e., começando pelo fundo do céu e indo no sentido horário — a 4ª casa começa no ascendente e cobre a área geralmente atribuída à 12ª.)
A Segunda Casa é dita reger as posses de uma pessoa e, especialmente, sua propriedade privada. Foi dito acertadamente que a conta bancária de alguém só é conhecida por si mesmo e pelos funcionários do banco que têm dever de confidencialidade, ao passo que os legados que caem sob a 8ª casa são declarados em testamentos que ficam abertos à inspeção de qualquer pessoa disposta a pagar uma pequena taxa.
Aqui, a dificuldade parece ser que Saturno tem referência, mais do que qualquer outro fator horoscópico, à atitude em relação à propriedade e à posse, contudo não possui afinidade tradicional com a segunda casa.
Psicologicamente, o autor diria que a segunda casa tem muito a ver com contentamento e capacidade de desfrutar a vida. George Eliot (se o tempo de nascimento foi corretamente estabelecido) tinha uma constelação em Sagitário e a segunda casa, e sua vida foi marcada por dúvidas e dificuldades religiosas e filosóficas; não se sabe se tinha atitude especial em relação ao dinheiro.
Do ponto de vista mundano, esta seria também a segunda seção da vida, abrangendo grosso modo os anos dos sete aos quatorze, incluindo os dias escolares geralmente supostos (em retrospecto) como os mais felizes da vida.
A Terceira Casa tem muito a revelar sobre as atividades mentais e a verdadeira habilidade do nativo, sendo neste aspecto quase tão importante quanto Mercúrio. Rege todos os meios e formas de interação e é dita indicar os irmãos. De fato, esse último ponto é duvidoso; a quarta casa normalmente governa a família e os significadores de filhos e irmãos são frequentemente encontrados nela.
Considerando o ponto de vista mundano, estará relacionada à infância e isso concorda bem com as atribuições tradicionais. Para a ocupação principal da terceira casa: aprender a falar e andar, a terceira casa importa. A partir desse ângulo, até a 21ª pode ser considerada como representando os primeiros vinte e um anos de vida. Ou seja, é um gráfico do temperamento do nativo nos primeiros vinte e um anos. A Quarta Casa rege o lar, a família e o oeste. Diz-se que significa o pai, embora seja a casa da Lua por regência essencial. É duvidoso que essa regra tenha muito valor, ao menos na astrologia natal. O pai, assim como ele e seus assuntos e caráter afetam o nativo, é melhor estudado pelo Sol e Saturno e seus aspectos. Por exemplo, George V tinha o Sol indo até contratos maiores de Júpiter e Saturno, e seu pai tinha Sagitário ascendendo e Saturno abaixo do ascendente. De modo similar, seu filho mais velho tinha Sol quadrado com Marte, seu próprio regente.
Como já dito acima, essa casa tem valor amplo para família, contudo, paradoxalmente, diz-se que rege o fim da vida, onde os antigos costumavam morrer e os filhos podem ser descartados. Certamente, corpos no nadir frequentemente afetam saúde, e aspectos formados por ele podem indicar a morte. Pela simbologia mundana, esperaria-se que a área da quarta casa governasse o fim da vida, mas sob esse ponto de vista seria a última casa. Contudo, não seria o nadir, mas sim a tradicional quinta, pelas razões que já demos.
Psicologicamente ela provavelmente rege a profundidade e sinceridade dos afetos, especialmente os que surgem de laços familiares. A Quinta Casa é um grande fator criativo, no nível físico governando os filhos, mas também preocupada com criação artística e literária. Na interpretação normal do mapa, significa os prazeres e descreve os campos em que o nativo busca entretenimento e recreação, para que um certo tipo de afeto nela signifique a busca de estimulação sensual e padrão baixo de moralidade, o que sacrifica muito ao prazer. A imoralidade é especialmente propícia na quinta casa quando planetas voltados ao prazer estão envolvidos. Jogos de azar e todos os jogos de sorte estão sob a quinta casa.
Assim, não seria exagero postular que o termo “casa da autodestruição” seja muito mais aplicável a este setor do que à tão difamada décima segunda casa, que frequentemente aponta para problemas causados por outras pessoas. Aqueles que arruinaram a si próprios por autossatisfação e imprudência, em vez de erros de julgamento, normalmente mostrarão em seus mapas natais uma ligação com a quinta casa em aflição. Do ponto de vista mundano, parece que todo o quadrante noroeste indica uma obscuração e um declínio de poder, já que corpos ali estão ambos abaixo da terra e afundando em direção ao nadir.
Diz-se que significa a prole do nativo, por correspondência com Leão e o Sol, e isso certamente muitas vezes se confirma. Mais tarde, trataremos novamente deste tema sob outra casa.
A Sexta Casa deve reger o trabalho do nativo, especialmente aquele de natureza rotineira com elemento de labuta, seus empregados e inferiores sociais, e sua saúde, estando este último obviamente baseado na analogia com Virgem.
Ela tem uma relação muito forte (mas aparentemente negligenciada) com o temperamento, especialmente com o humor, temperamento e modos do nativo. Assim como sugerimos que a primeira tem mais valor em questões de saúde do que esta casa, propomos que a quinta frequentemente supera o ascendente no que diz respeito ao temperamento. O mapa de Tennyson é um exemplo: ele tinha Vênus ascendendo em Gêmeos, mas não era muito sociável; foi difícil de lidar e pouco gracioso, o que atribuíram aos maléficos na sexta casa. Dificuldades sociais são, por vezes, atribuídas à quinta. Em Tennyson, Vênus em sextil tornou-o sempre bem-humorado. Em outro caso conhecido, Marte afligido na sexta deu temperamento violento, e Urano na sexta, embora em trígono ao mesmo planeta, deu propensão semelhante a Henrique VIII. Por outro lado, Vênus significa disposição pacífica e Júpiter disposição alegre ou filosófica.
O domínio sobre empregados e servos em geral parece bem estabelecido, sendo atribuído em contraste ao domínio da quinta sobre prazeres, férias e “tempo livre”.
A Sétima Casa tem direito à sua regência tradicional sobre casamento e todas as parcerias, e sobre aparências públicas e relações com o público. Leva, de fato, à publicidade pessoal. É geralmente considerada um posicionamento favorável para bons planetas, mas a força aqui frequentemente significa fraqueza na expressão puramente pessoal da primeira casa. Confere um tipo de temperamento mais cercado por circunstâncias públicas do que privadas, inclinado à atuação em público, pois o destino, também, muitas vezes está nas mãos de outros. Planetas realmente em oposição afetam a saúde; e no caso de maléficos, os resultados são frequentemente severos: quer estejam na cúspide do descendente ou devam ser atribuídos à sétima ou oitava casa, a oposição à primeira parece ser crucial. Provavelmente os resultados serão mistos.
A felicidade no casamento parece depender mais de Vênus do que da sétima casa; mesmos planetas maléficos nesta casa geralmente não significam infelicidade conjugal absoluta, embora tragam dificuldades materiais, como indicações de pobreza ou má saúde.
A Oitava Casa é dita reger os bens dos mortos, e a morte em si, sendo frequentemente envolvida em questões jurídicas e de violência associada ao passado.
Diz-se também que tem muito a ver com espiritualismo e necromancia, uma vez que essas práticas estão relacionadas à condição pós-morte. No entanto, possui aplicação geral à condição física e nesse aspecto é mais importante que a sexta. Talvez tenha a ver com o estado, saudável ou não, do grande conteúdo aquoso do corpo, sendo a sexta mais envolvida com os tecidos e o ascendente com os poderes vitais.
Certamente tem a ver com a tendência à magreza ou obesidade, dependendo do caso, e a presença da Lua, Júpiter ou Netuno neste setor, ou aspecto próximo à cúspide, inclina para corpulência, enquanto Saturno tem efeito contrário. Uma das pessoas mais magras conhecidas pelo autor, tinha Júpiter precisamente ascendendo (em Virgem), mas Saturno próximo à cúspide da sexta.
Novamente, assemelha-se à sexta ao influenciar os humores e temperamento geral; configurações planetárias fortes aqui são perigosas para o caráter, como se vê nos mapas de Mussolini e Hitler, cujos agrupamentos em Gêmeos e Touro podem causar efeito na cúspide da oitava mesmo que estejam, na verdade, na sétima.
A oitava é comumente habitada em mapas de cirurgiões, médicos, enfermeiros, soldados e detetives, especialmente os ligados a questões de saneamento, além de açougueiros e centenas de outros grupos.
Do ponto de vista mundano, cobre aproximadamente o período dos 7 aos 56 anos, como regra, e tem influência sobre o gosto dos nativos, seja doce, amargo ou azedo, ou sobre suas preferências sexuais.
Há, normalmente, um declínio e depois uma virada para uma vida interior ou um relaxamento geral. Entretanto, um mapa vigoroso ultrapassará essa época e permanecerá ativo, em algum campo, até o fim.
A Nona Casa está o ápice das casas de fogo. Pois é certamente legítimo (embora incomum) atribuir não apenas significados às casas em correspondência com os signos, mas também características elementares.
Assim, é o ápice da aspiração e das emoções que buscam sair e ascender. Diz-se reger a lei, países estrangeiros e viagens, e religião. Já tocamos nesses assuntos ao falar de Sagitário. Certamente as duas últimas atribuições devem permanecer; a lei talvez seja um pouco mais complexa. Vários juristas e juízes aparecem em Um Mil e Um, e curiosamente não parece haver nenhum corpo na nona casa em qualquer deles. Provavelmente é a casa da consciência na medida em que é considerada como um senso implantado de certo e errado, e não apenas o resultado de treinamento em tabus sociais, que é tema saturnino, embora pelo ponto de vista posterior, possa ser questionado até que ponto o indivíduo é receptivo a tal treinamento. Se tomarmos Shelley como exemplo de consciência — ele recusou uma herança de £10,000 como protesto contra privilégio hereditário — vemos que, pelo sistema equatorial, Mercúrio está em Virgem na cúspide firme de Touro. Nos mapas de Mussolini, observa-se que os corpos maléficos estão todos na nona casa (cuja disposição estava terrivelmente aflita). No de Hitler, seu regente Mercúrio está presente. Isso não é tão completo quanto outros exemplos, mas sugere uma ligação com a natureza exaltada da décima casa e potencialmente contrário à propensão ao prazer da quinta.
No entanto, se usarmos o método Equatorial, vemos que ela é frequentemente ocupada por maléficos em horóscopos de criminosos, o que talvez sinalize sua criminalidade e sofrimentos nas mãos da lei. Marte indicaria natureza violenta e ressentida; Saturno, pessoa ávara e invejosa. A Décima Casa representa, no aspecto positivo, o status e autoridade do nativo e, no negativo, seus chefes e aqueles que exercem controle sobre ele. Internamente, refere-se às ambições positivas e, de modo negativo, ao respeito próprio e senso de responsabilidade.
O Meio-do-céu marca a maior elevação acima do horizonte que cada corpo alcança em seu percurso diário, passando do nascer ao pôr do Sol. Por outro lado, o ponto em quadratura ao grau ascendente, que é a décima cúspide pelo sistema ptolomaico, marca o ponto mais elevado, sendo o semiciclo da eclíptica então acima do horizonte. A distinção, embora complexa para o iniciante, é facilmente compreendida nos diagramas de um globo celeste. Na prática, verá que ambos têm significado semelhante e que um é análogo ao ponto de Capricórnio.
Aqui podemos recordar as anomalias que indicamos acima: O Sol, diurnamente, é mais forte na cúspide da décima, enquanto é mais fraco, zodiacalmente falando, em 0° de Capricórnio. A oposição entre ascendente e meio-dia é evidente. A festa celebra o renascimento do Sol; o meio-dia marca sua maior esplendor, o pináculo da glória.
E a contradição aparece na prática. A Lua é dita reger a quarta casa especialmente, e com justiça; e, mesmo assim, a Lua gosta de publicidade. Basta estudar os mapas de alguns editores para ver isso. Por outro lado, Saturno é o regente natural da décima, e ainda .sua inclinação não é para publicidade; tem um elemento de reserva.
Assim, em certo sentido, a décima tem alguma afinidade natural não apenas com Saturno, mas também com a Lua. Em outro sentido, todos os corpos são extremamente fortes quando estão no meridiano ou em quadratura ao ascendente pela elevação, por duas razões distintas já dadas. São nesses pontos que o “não-eu” confronta o “eu” pela elevação; e afortunados são aqueles para quem não há estresse adverso, como uma quadratura a um planeta ascendente.
Simbolicamente, uma oposição à primeira casa, vinda da sétima, mostra um inimigo em termos iguais, mas a quadratura a partir do meridiano sul representa um pretendente, assim como a quadratura da quarta é o inimigo dentro de casa, isto é, como regra, uma fraqueza psicológica.
Do ponto de vista mundano, a décima torna-se a sexta casa, com sua cúspide na décima primeira. E assim se entende porque a décima determina vocação e o sucesso do nativo nessa direção, assim como desapontamento e trabalho pesado.
A Décima Primeira Casa é geralmente considerada como muito favorável; é o agathos daimon, ou bom anjo, dos gregos, que provavelmente tomaram esse conceito dos caldeus. Atributos da décima primeira são desejos e aspirações, sendo o aspecto espiritual das amizades, tanto entre amigos quanto filhos, mostrando afinidade entre os filhos pelo convívio conosco. Por outro lado, regula os desejos pelos amigos que compartilhamos nossas vidas, sendo esse o desejo mais forte. Pois a amizade não desempenha papel tão importante como em Sagitário. É mais voltada ao presente do que ao futuro ou ao passado. De todo modo, se relaciona à décima, enquanto a preenche e sustenta, edificando o status e sucesso do nativo pelas associações e interesses públicos, inspirando-o por meio de sua atividade aspiracional. Planetas fortes aqui o elevam à medida que passa pela décima casa e pelo meridiano, e inversamente planetas fracos. A décima é, em grande parte, fruto da décima primeira. De fato, às vezes parece que uma boa décima primeira supera uma décima aflita à medida que a vida avança.
É provável que tenha muito a ver com ocupações que envolvam associação do nativo com outros, em termos mais ou menos de igualdade ou em massa, em vez de individualmente. Por exemplo, o político.
A Décima Segunda Casa, como já mencionamos, apresenta contraste acentuado entre as duas visões das casas que propusemos. Corresponde a Peixes, tem reputação tradicionalmente sombria, e era o Anjo Mal dos gregos. Isso é verdade até certo ponto, como mostram os mapas de prisioneiros de guerra com muitos corpos na décima segunda. Tem aspecto de confinamento e limitação.
Neste sentido, lembra Saturno, assim como Netuno, para quem conhecia mais o “rei dos peixes” associado ao planeta anterior. Corpos afligidos na décima segunda trazem desapontamento e frustração, tristeza não só pessoal, mas frequentemente por outros. Tais nativos atraem condições tristes, como ímãs.
De modo geral, é verdade que as frustrações saturninas e as inibições são de tipo mais definido, sendo frequentemente associadas a questões de governo ou poder, enquanto o regente Netuno afeta mais pela doença do nativo ou de outros, ou questões gerais.
No entanto, pode-se sempre distinguir essas classes. Por exemplo, no caso de um homem com Sol oposto a Saturno, e Sol na nona, houve uma inibição vitalícia de movimento devido a pé tuberculoso, com muita doença e dor, enquanto no caso de outro com maléficos em Peixes na décima segunda, condições muito semelhantes surgiram: o mal era diferente, mas os efeitos eram os mesmos.
Talvez seja seguro dizer que as reações psicológicas geralmente seriam diferentes, a aflição saturnina inclinando à resistência estoica e a pisciana a muita simpatia pelos outros, e, se for autoindulgente, Saturno tende a aceitar a má sorte como fato da vida e seguir em frente, enquanto Peixes (e aqui incluímos os da décima segunda casa) não só veem como aflição, mas também como problema humano. Também é preciso considerar esta casa quando não está afligida, pois um quadro sombrio pode ser pintado de qualquer das doze se só se leva em conta o aspecto negativo. Ela é, do ponto de vista mundano, a casa do “Sol Nascente”, e como tal, esperaria-se não a obscuração, mas justamente o inverso. Exceto que não se esperaria manifestação completa, mas o primeiro grau de realização, do homem, por assim dizer, ao atingir a maturidade, o período dos vinte e um aos vinte e oito anos.
É opinião de muitos astrólogos que corpos fortes na décima segunda, ao passarem para a décima primeira e décima casa, trarão boa sorte e florescimento após a obscuração inicial, embora não seja tão bom quanto na décima primeira, por virem depois e exigirem mais tempo para se desenvolverem.
Também, o nativo com casa poderosa raramente mostra habilidades pessoais brilhantes; contudo, quase sempre, existe uma tendência à reclusão e, embora viva na esfera pública, sua vida pessoal é muito isolada, não sendo muito comedido publicamente. Alan Leo era um grande palestrante, mas cortês antes do relacionamento social.
Vivian Robson, com Lua em conjunção com Saturno na décima segunda, era um típico recluso.
Curioso notar que esta casa frequentemente se relaciona ao filho mais velho, talvez porque, em sentido físico, representa a continuação da própria vida, que termina neste setor. Não creio que esse ponto tenha sido observado antes, mas o estudo de mapas bem autenticados confirmará, especialmente se o método Campanus de domificação for empregado, embora haja, é claro, exceções.
Assim, a Rainha Vitória tinha Peixes na cúspide da décima segunda e seu filho mais velho tinha esse signo ascendendo. O Rei Eduardo VII tinha Mercúrio lá, e o Duque de Clarence nasceu sob Virgem. George V tinha o final de Capricórnio na décima segunda, e o Duque de Windsor nasceu sob o início do signo seguinte.