Epílogo
Nas cinco partes desta “Astrologia Racional” reuni, até onde sei, em uma obra “padrão” tudo o que existe em preceitos seguros para alcançar uma compreensão astrológica do indivíduo. Concluo, portanto, o meu trabalho, e tanto mais que a astrologia individual, isto é, a horoscopia, é sem dúvida a tarefa principal e o fundamento de toda a atividade astrológica, facto que a coloca em perfeita analogia com o capítulo da medicina clínica. Mas como não se limitou a si mesma, mas desenvolveu uma série de ciências filhas, a horoscopia também cresceu além de si mesma e deu origem, na antiguidade, a uma série de problemas que continuam a preocupar o astrólogo até hoje. Mas, apesar dos zelosos estudos realizados nesta área, ainda há um longo caminho a percorrer até que se alcance a clareza e a importância que corresponde à horoscopia. É óbvio que não pode ser minha tarefa aprofundar agora estes temas fora do meu campo de ação propriamente dito. Contudo, para não me expor à censura de ter silenciado completamente estes problemas marginais por parte de algum estudante disposto a investigá-los, desejo, pelo menos, mencioná-los neste lugar como tema de um epílogo.
Aí está, sobretudo, a astrometeorologia, disciplina que tenta explicar a formação do tempo não só com base nas condições geo e astrofísicas, mas também nas astrais, e de cujos sucessos pode ficar convencido quem se dispõe a estudar cuidadosamente as respectivas previsões nas revistas astrológicas.
A astrologia dos coletivos (astrologia mundana), a mais semelhante à astrologia individual, tenta conhecer o destino dos povos, dos Estados, etc.; Está relativamente bem desenvolvido, visto que a maioria das revistas astrológicas se dedicam, mais ou menos detalhadamente, a previsões desta natureza, ignorando completamente o facto de existirem numerosos panfletos especiais neste campo.
Outra filha da horoscopia é a astrologia horária. É responsável por investigar o destino posterior de uma ideia ou assunto seguindo um horóscopo estabelecido na forma comum, mas com base no momento em que a ideia ou assunto se tornou consciente para o examinador.
Pertence também ao domínio dos problemas a astrologia esotérica, que aspira conhecer o “ego” (I) do horóscopo individual, independentemente das suas atuais condições imateriais, nos seus destinos antes e depois daquele curso de vida, com o qual, do ponto de vista objetivo, está evidentemente em terreno mais instável.
Nos últimos tempos, o domínio da economia nacional foi acrescentado – particularmente por Sepharial – ao campo da investigação astrológica, entrando assim na astrologia mundana puramente política. Esta disciplina trata dos altos e baixos de certos produtos da economia (cereais, açúcar, etc.) e por isso estende a sua esfera de observação, em substância, ao grande barómetro económico da Bolsa e serve o propósito de facilitar aos comerciantes deste tipo os lucros dos jogos de azar e das apostas ou pelo menos assegurá-los contra perdas… seus admiradores.
Esses são os problemas que se baseiam em fundamentos astronômicos. Como a chamada astrologia cabalista carece desta base, estabelecendo os seus horóscopos segundo um puro simbolismo dos números, deixei-a fora do quadro das minhas observações.
Tendo assim atingido os limites extremos do meu campo de atuação, concluo este trabalho com o modesto desejo de que ele seja aceito como um dos milhões de grãos de areia com os quais se constrói o conhecimento humano.