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Parte I - Os Elementos

  1. Os pontos e linhas cardeais das esferas terráquea e celeste.
  2. Determinar a posição de um astro por suas coordenadas esféricas.
  3. O horizonte.
  4. As casas.
  5. Várias determinações de tempo.

1. Os pontos e linhas principais das esferas terráquea e celeste

Section titled “1. Os pontos e linhas principais das esferas terráquea e celeste”

Como já sabiam os antigos egípcios, nossa terra é uma esfera livremente suspensa no espaço e envolta por outra, imensamente maior: a esfera celeste. Essa envoltura omnilateral é uma simples dedução. À primeira vista, as coisas se apresentam ao observador terrestre de um modo distinto. Olhando para o céu, a abóbada celeste se parece a um gigantesco hemisfério apoiado na terra e os astros que giram no ilimitado espaço nos dão a impressão de que nos encontramos no interior desse hemisfério. Se alguém tenta aproximar-se da linha de contato entre céu e terra, esta parece afastar-se constantemente; pode-se andar em torno de toda a terra, porém sempre se verá o céu abobadado acima dela, envolvendo-a esfericamente.

Uma linha reta traçada por M, o centro da terra, toca a superfície em dois pontos, o polo norte (Pn) e o polo sul (Ps). A assim determinada linha Pn-Ps constitui o eixo da terra. Se prolongarmos essa linha até seus pontos de interseção com o globo celeste, resulta o eixo do mundo, demarcado pelo polo norte (Pn), situado perto da estrela polar, e pelo polo sul (Ps) da esfera celeste. Portanto, o eixo terrestre nada mais é que o segmento do eixo celeste compreendido entre o centro da terra, M, e dois pontos opostos equidistantes do mesmo.

Um dos teoremas mais simples da matemática esférica é aquele que sustenta que, na superfície de uma esfera, todos os pontos estão a igual distância do centro da esfera. Essa distância é o raio da esfera. Pode-se descrever ao redor do centro da esfera qualquer número de círculos de igual extensão entre si por terem todos o mesmo raio, e cada um dos quais corta a esfera em duas metades completamente iguais. Tais círculos são denominados “círculos máximos” ou “círculos principais”. O que é exato para toda esfera, deve sê-lo, naturalmente, também para a terra. Um desses círculos máximos, vertical ao eixo no centro da terra, divide o globo terrestre em um hemisfério boreal e outro austral, chama-se equador. Seu diâmetro alcança dois raios terrestres e corta a superfície em dois pontos, a e q, opostos um ao outro.

Se imaginarmos alongado em todas as direções o plano equatorial até a linha de interseção com a esfera celeste, resulta um círculo concêntrico, o equador celeste, cujo diâmetro A-Q é a continuação do diâmetro do equador terrestre, a-q, em ambas as direções até a interseção com o globo celeste. De modo que, a-q nada mais é que o segmento de A-Q compreendido entre o centro da terra, M, e dois pontos opostos equidistantes dele. A figura 1 ilustrará claramente estas coisas em si muito simples.

Para um observador desde a terra, a esfera celeste com todas as suas estrelas parece girar em torno do eixo do mundo Pn-Ps, no espaço de 24 horas. Desde Copérnico sabemos que isto não é mais que aparência, devido a que a terra gira em torno de seu eixo polar pn-ps. Como se disse, o eixo terrestre é apenas um segmento central do eixo celeste e a rotação da terra se realiza de modo imperceptível para nós, produzindo a ilusão óptica de que a terra permanece imóvel e que é o globo celeste que gira.

A astrologia estuda as influências exercidas sobre a terra pelo sol, a lua e os planetas tais como parecem ocorrer para um observador desde a terra. Por conseguinte, as teorias astrológicas são independentes da questão de se esta terra é o centro aparente ou verdadeiro de nosso sistema solar, e se os processos na abóbada celeste observados desde ela são aparentes ou reais. Seja dito isto uma vez por todas, a fim de evitar repetir em cada ocasião que o movimento dos planetas é o que se percebe desde a terra. Na astrologia o sol e a lua são considerados como planetas e denominados às vezes também “luminares”. Para a astronomia isto será inexato; para a astrologia é um mero assunto de denominação.

Entre os movimentos dos planetas (em sentido astrológico) o mais importante para nós é o do sol. Em seu movimento anual em torno da terra o astro descreve no céu um círculo máximo, chamado “eclíptica” (órbita solar), cujo plano corta o equador celeste sob um ângulo de inclinação denominado a “obliquidade da eclíptica”. Este ângulo de inclinação não é invariável. Atualmente ascende a uns 23º 27’.

Como círculos máximos, a eclíptica e o equador celeste se cortam em dois pontos distantes 180º um do outro. O sol chega em sua órbita a um destes pontos no começo da primavera, ao outro no começo do outono, pelo qual o primeiro destes pontos se chama “ponto equinocial vernal” (abreviado: “ponto vernal”), e o outro, “ponto equinocial outonal” (abreviado: “ponto outonal”). Na astrologia mundana estes dois pontos desempenham um papel importante.

Como se disse, o sol move-se regularmente na eclíptica, enquanto todos os outros planetas se apresentam ora ao norte, ora ao sul da órbita solar, embora nunca em uma distância vertical superior a 8º. Se supomos a cada lado da eclíptica um círculo paralelo a ela, traçado a tal distância, veremos que o cinturão assim formado origina um espaço dentro do qual se movem os planetas. Esta zona, que deve imaginar-se como cinta ou cinturão da esfera celeste, é o que os astrólogos entendem por zodíaco. O zodíaco usual na astrologia europeia começa no ponto vernal, e em princípio coincidia com o zodíaco propriamente dito das constelações, mas desde há muitos séculos isso não acontece mais, embora os nomes e símbolos tenham permanecido iguais.

Essa discrepância resultou da chamada precessão dos equinócios, que tem sua origem em um deslocamento do eixo terrestre (e com ele do eixo do mundo) ao redor do eixo da eclíptica. No espaço de uns 26.000 anos o eixo do mundo completa uma rotação ao redor do eixo da eclíptica, e devido a que este lapso se relaciona com certas doutrinas de Platão, chama-se ano platônico.

Em consequência, não se deve confundir de maneira alguma o zodíaco dos astrólogos com o zodíaco das constelações. Este último, que se emprega ainda hoje na astrologia dos hindus, também é designado com frequência como “zodíaco natural”, enquanto o zodíaco que parte do ponto vernal se chama “zodíaco intelectual”.

Como indica o astrólogo Allan Leo, o zodíaco natural está em relação com a evolução macrocósmica, na medida em que o intelectual está com a microcósmica; daí que exista entre ambos certa “correspondência” (analogia ou simpatia) cuja explicação mais detalhada não corresponde aqui. Em todo caso, para o ensino e prática astrológica dos europeus considera-se unicamente o zodíaco intelectual.

Espero que estes dados astronômicos tenham sido facilmente assimilados.

Entretanto, não vacilarei em incorrer em repetições para a maior clareza e proveito do ensino. Tratarei, inclusive, de definir um mesmo conceito de diversos modos.

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2. Como fixar a posição dos corpos celestes mediante as coordenadas esféricas

Section titled “2. Como fixar a posição dos corpos celestes mediante as coordenadas esféricas”

Mais acima defini astronomicamente o horóscopo como a representação esquemática da abóbada celeste para o lugar e o momento de um acontecimento submetido à apreciação. Em outras palavras: teremos de achar a posição que tiveram os corpos celestes no instante de um determinado nascimento.

Porém, como poderemos arranjar-nos para fixar no espaço infinito um ponto determinado de modo inequívoco?

Trataremos, por ora, de resolver este problema em uma esfera de magnitude facilmente imaginável para um cérebro humano.

Tomemos dos inúmeros círculos máximos possíveis um que desde agora nos servirá de círculo fundamental, e levantemos no centro deste círculo fundamental a vertical cujas interseções com a superfície esférica por cima e por baixo do plano desse círculo consideraremos como polos da esfera. Traçaremos então ao redor do centro da esfera um círculo máximo através dos polos, chamando sua interseção com o círculo fundamental de ponto zero. Finalmente, e partindo deste ponto zero, dividiremos o círculo fundamental em 360 segmentos iguais ou graus. Assim teremos obtido pontos de referência suficientemente seguros, com os quais podemos relacionar agora qualquer ponto da superfície da esfera.

Suponhamos, por exemplo, um ponto S e traçamos um círculo máximo determinado por aquele e os polos, o qual cortará o círculo fundamental no ponto K, formando um ângulo reto, o mesmo que qualquer outro círculo contendo os dois polos.

Assim o ponto S fica inequivocamente determinado na superfície esférica. Só nos resta expressar em medidas numéricas o arco compreendido entre o ponto zero e K, chamado “abscissa”, e depois, sobre o círculo traçado por S e os polos, o arco K-S, chamado “ordenada”.

Abscissa e ordenada do ponto S constituem suas coordenadas. As abscissas se contam na periferia do círculo fundamental, começando no ponto zero, de 0° até 360°. As ordenadas correm de 0° a 90° e provêm de + ou −, norte ou sul, para deixar fora de dúvida se o ponto em questão — em nosso exemplo: S — se encontra por cima ou abaixo do círculo fundamental. A figura 2 dará uma ideia gráfica da determinação de um ponto em uma superfície esférica por meio de suas coordenadas esféricas.

Passemos agora do geral ao particular, tratando de determinar um ponto na superfície terrestre mediante o sistema das coordenadas esféricas. Como círculo fundamental nos servirá o equador. Outros pontos fixos nos são dados pelos polos terrestres. Só nos falta um ponto determinado no equador que nos sirva de ponto zero e assim de ponto de partida para a divisão daquele círculo fundamental em 360°. Este ponto pode ser fornecido pela interseção de qualquer círculo máximo que abranja os polos e que se chama, como é sabido, meridiano.

Esta interseção com o equador seria o ponto de partida buscado, necessário para a divisão em graus. Mas como com tal procedimento não se garantiria nenhuma uniformidade, aspirou-se várias vezes a um acordo acerca de qual meridiano deveria ser adotado como primeiro. Desde Luís XIII se confiou esta tarefa ao ponto leste da Ilha de Ferro. Até há pouco, na França se contava a partir do meridiano correspondente ao observatório de Paris. Hoje em dia, quase todos os povos têm convenido em adotar como primeiro o meridiano de Greenwich. A numeração que parte dele é agora universalmente usada, sobretudo em cálculos astrológicos.

A ordenada, ou seja a distância do equador de um ponto qualquer, expressa em medidas de arco, se chama a “latitude geográfica” deste ponto. Ela recebe a designação especial de “latitude norte” (+) ou “sul” (−), segundo que o ponto se encontre ao norte ou ao sul do equador terrestre.

A abscissa, ou seja o segmento de arco equatorial entre os meridianos de Greenwich e do ponto em questão, se chama a “longitude geográfica” deste ponto. Também ela é expressa em medidas de arco e recebe a designação de “oriental” ou “ocidental”, segundo que o ponto esteja situado a leste ou oeste de Greenwich.

Não creio necessário um gráfico especial para este tema, já que todos terão presente como reminiscência de sua época escolar o globo terrestre com seu equador, seus paralelos e meridianos.

Passemos agora da esfera terrestre à celeste e apliquemos ali, para a determinação de um ponto, o sistema das coordenadas esféricas. Até agora conhecemos dois círculos máximos que poderíamos considerar como círculo fundamental: o equador celeste e a eclíptica. Se tomamos como base de nossos trabalhos o equador celeste, obtemos um estado de coisas igual ao da Terra, ainda que em medida infinitamente maior. Apesar desta congruência, empregam-se para a esfera celeste distintas designações que para a Terra. Unicamente os nomes de “equador” e “polos” coincidem. Os meridianos da Terra se chamam na esfera celeste “círculos de declinação” ou “círculos horários”, e da mesma maneira, a ordenada do lugar em questão não leva o nome de latitude celeste, e sim “declinação”, enquanto que a abscissa do mesmo lugar tampouco se chama longitude celeste, mas “ascensão reta”. O ponto de partida no equador celeste para medir a ascensão reta (abscissa) é o ponto vernal. A partir dele a ascensão reta conta-se em sentido inverso ao movimento aparente da abóbada celeste e se expressa em medida de tempo (h, m, s) ou em medida de arco (°, ′, ″). A declinação (ordenada) é contada em medida de arco e considera-se positiva (+), se se encontra ao norte, e negativa (—), ao sul.

As estrelas de uma mesma declinação, naturalmente, se acham sobre o mesmo círculo paralelo ao equador celeste. Em terminologia astrológica se diz, falando de estrelas de uma mesma declinação: estão em paralela.

Para pontos sobre o equador a declinação é logicamente 0°, para o polo norte, +90°, para o polo sul, –90°.

Se adotamos a eclíptica como círculo fundamental para o qual referimos o sistema das coordenadas esféricas, o estado de coisas é essencialmente o mesmo, e só as denominações variam novamente. A abscissa chama-se então “longitude eclíptica ou zodiacal” e também “longitude”, simplesmente. Nas efemérides inglesas —anuário das posições planetárias do meio-dia de cada dia— se cita como “longitude” ou abreviado “long”. A ordenada chama-se “latitude eclíptica ou zodiacal” e também “latitude” sem mais nem menos. Nas efemérides inglesas figura como “latitude” com a abreviação de “lat”. Esta latitude é considerada positiva (+) em caso de ser boreal, e negativa (—) em caso de ser austral.

O ponto de partida para medir a longitude é —o mesmo que para a ascensão reta no sistema equatorial— o ponto vernal: 0° ♈︎.

Latitude e longitude se expressam em medidas de arco, porém para a longitude, em astrologia, usa-se não só a indicação segundo graus, minutos e segundos, mas também segundo signos. Das efemérides deduz-se unicamente em que parte de cada signo se encontra um planeta, prescindindo do grau da longitude eclíptica. Este último pode ser calculado com toda facilidade, tendo em conta que um signo da eclíptica abarca 30°. Se encontramos em uma efeméride, por exemplo, a seguinte inscrição:

☉ 10♍︎ 33′ 29″

e queremos deduzir dela a longitude eclíptica em graus, só necessitamos averiguar em qual signo zodiacal se encontra este sol. Sendo o décimo, teremos que atravessar nove signos inteiros de 30° cada um, ou sejam 270°, tomando do décimo signo 10° 33′ 29″. A longitude eclíptica ascende, pois, a 270° + 10° 33′ 29″ = 280° 33′ 29″. Inversamente, desde logo, é fácil transformar a pura grafia por graus de longitude eclíptica em grafia por signos. Só será necessário dividir o número de graus por 30. O quociente nos arroja a quantidade de signos inteiros a partir de 0° ♈, o resto, o número de graus que a estrela já atravessou no signo subsequente. Com alguma prática o estudante estará a par da forma astrológica de medir a longitude.

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Repetimos aqui, em síntese, as distintas denominações das coordenadas:

A ordenada se chama:

  1. no globo terrestre: latitude geográfica; medida: medida de arco em grafia por graus, agregando-se a orientação (boreal ou austral);

  2. na esfera celeste:

    a) sistema equatorial: declinação; medida: medida de arco em grafia por graus provida do sinal de + ou de —;

    b) sistema eclíptico: latitude eclíptica ou “latitude”, simplesmente; medida: medida de arco provida do sinal de + ou de —.

A abscissa se chama:

  1. no globo terrestre: longitude geográfica; medida: medida de arco agregando-se a orientação (oriental ou ocidental);

  2. na esfera celeste:

    a) sistema equatorial: ascensão reta; medida: tanto medida de tempo (horas, minutos, segundos) como medida de arco em grafia por graus;

    b) sistema eclíptico: longitude eclíptica ou “longitude”, simplesmente; medida: medida de arco em grafia por graus ou por signos.

Para evitar uma fastidiosa escrita se adotaram termos técnicos, cujas abreviações damos a fim de que o estudante se familiarize, já que de agora em diante as empregaremos frequentemente.

Estas abreviações são:
para a longitude geográficaλ
para a latitude geográficaφ
para a ascensão retaAR
para a declinaçãoδ
para a latitude eclíptica”lat”
para a longitude eclíptica”long”
para a medida de tempo (¹)h, m, s
para a medida de arco (²)°, ’, ”

(¹) hora, minuto, segundo

(²) grau, minuto, segundo

Desejo advertir a conveniência de que não sejam mudadas as abreviações indicadas. Está muito em voga expressar o minuto ou o segundo da medida de tempo pelos símbolos da medida de arco. É um abuso que só ocasiona confusões de interpretação.

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O explicado sistema das coordenadas esféricas na Terra e na abóbada celeste é ilustrado claramente na figura 3. Agora, explicações deste gráfico, prefiro que o estudante compreenda os conceitos da determinação de lugares dos sistemas geográfico e celeste pela figura em si.

Além dos já expostos sistemas das coordenadas esféricas nos globos celeste, equatorial e eclíptico, existe um terceiro, que desempenha na astrologia um papel essencial, e talvez o mais essencial. É o do horizonte.

Se estivermos numa região absolutamente plana, em alto mar, por exemplo, a abóbada celeste nos apareceria como um hemisfério enorme em cujo centro nos encontramos. Imaginem-nos nossa posição atravessada por um plano completamente horizontal e que se ensancha a todos lados para a abóbada celeste. Este plano cortaria a abóbada celeste em um círculo, chamado o “horizonte aparente” da posição (lugar de observação, lugar natal, etc.).

Em outras palavras, o horizonte aparente de um ponto da Terra é um plano tangencial construído em este ponto e correspondentemente ensanchado. Para o observador presente em uma posição qualquer, este plano tangencial parece separar a parte do globo celeste abarcada por sua vista, de outra que lhe é invisível; daí se designa a “visão de horizonte aparente”. O plano traçado por ele entre o centro da Terra e paralelo ao horizonte aparente de uma posição é o “horizonte verdadeiro” do lugar respectivo. Em a figura 4, cuja observação mostrará à primeira vista tanto os dados como que seguem, Hs-Hs’ é o horizonte aparente, Hw-Hw’ o horizonte verdadeiro do lugar S.

Se se falar de “horizonte”, sempre se é o horizonte verdadeiro que está em questão (desde logo, em astronomia e astrologia, e não no linguajar da vida comum).

Quanto às dimensões ordinárias no universo, a distância entre o horizonte aparente e o verdadeiro, um raio terrestre, pode admitir-se astronomicamente e astrologicamente como ponto e, portanto, os horizontes aparente e verdadeiro como um mesmo plano.

Agora bem, se desejamos considerar o horizonte como círculo fundamental em relação ao sistema das coordenadas esféricas, devemos referir-nos, cabendo-nos proceder da mesma maneira que nos casos anteriores: temos que determinar os polos correspondentes ao plano deste círculo fundamental e traçar para eles um círculo principal cuja interseção com o círculo fundamental nos servirá de ponto de partida para a divisão em graus, ou seja, de ponto zero. A condição de fixar os polos aqui necessários se cumpre com levantar a vertical em centro do plano do horizonte, e dizer, na posição (lugar de observação, lugar natal) S.

Contudo, é de notar que este vertical já não se chama eixo celeste, mas “linha central” ou “linha vertical” (fig. 4: S-Z), e seus pontos de interseção com a esfera celeste por cima e abaixo do horizonte já não se chamam polos celestes, mas ponto zenital para a interseção superior, e ponto de nadir para a inferior ou também “cenit” e “nadir”, respectivamente. Por supuesto, estão em oposição exata na esfera celeste, pois distam 180º um do outro. Também aqui há um número infinito de círculos máximos que atravessam os polos, e que, em consequência, cortam o horizonte em ângulos retos. São chamados neste sistema “círculos verticais”. Para finalizar, só nos resta adotar um desses círculos cuja interseção com o horizonte (círculo fundamental) nos forneça o ponto zero. Desses inúmeros círculos verticais, um se adapta automaticamente, por certa particularidade.

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Como se disse, os círculos máximos traçados pelos polos do mundo, verticais ao equador, levam o nome de círculos de declinação ou círculos horários. Também eles têm uma quantidade infinita. Um de todos atravessa o cenit da posição terrestre S. Este círculo de declinação se chama meridiano do lugar S. Por conseguinte, os meridianos inscritos em um mapa ou em um globo celeste coincidem com os círculos de declinação, ou em outra versão: o círculo de declinação do ponto cenital e o meridiano terrestre respectivo, imaginado estendido até a esfera celeste.

Daí se segue:

O meridiano de um lugar como círculo máximo que atravessa os polos do mundo (ou seja, círculo de declinação) se encontra vertical ao equador; porém, dado que é ao mesmo tempo um círculo principal (círculo vertical) que passa pelo ponto cenital, as verticais também ao horizonte. O meridiano — que, desde logo, tem sua orientação no plano estendido de norte a sul, feito de modo que deriva da denominação (“merídeis” = mediúfia, “círculo de mediúfia”) — divide a esfera celeste em dois hemisférios, um oriental e outro ocidental. Corta ao horizonte em dois pontos, o ponto norte e o ponto sul, sendo este último o ponto de partida da divisão em graus. Aqui, pois, começa a abscissa que em este caso se chama “azimute”. Embora em astrologia careça de importância, se menciona em honra à clareza de conceitos. O comitê astrológico desempenha a ordenada que resulta de traçar um círculo vertical com o astro. O segmento de arco del círculo vertical compreendido entre o astro e o ponto de interseção com o horizonte é a ordenada, que se chama neste sistema “altura do astro”.

A altura do polo do mundo sobre o horizonte de um lugar se chama altura polar, abreviado: Hp; equivale ao ângulo da latitude geográfica. Com ϕ = 45º também Hp ascende a 45º.

O círculo vertical imaginário perpendicular ao meridiano se chama primeiro círculo vertical, abreviado: “o primeiro vertical”. Correndo em direção este-oeste, divide a esfera celeste em um hemisfério boreal e outro austral.

Antes indiquei que a volta da terra ao redor de seu eixo de rotação desperta a aparência de uma rotação diária da esfera celeste em sentido inverso. Dado que a rotação real da terra é efetuada em direção de oeste a este, a esfera celeste parece girar de este a oeste, e assim, no sentido do movimento de uma agulha de relógio.

Por esta rotação da terra em torno de seu eixo as estrelas se fazem visíveis na parte oriental do horizonte: “saem” ou “nascem”. Quando chegam ao meridiano, dizemos que “culminam”, momento que se chama também “culminação” ou “passagem pelo meridiano”. Quando chegam ao horizonte ocidental, “se põem”. Seguindo este movimento aparente, as estrelas chegam ao ponto mais baixo de sua órbita, o “ponto de culminação inferior”, que, igual ao antes mencionado “ponto de culminação superior”, se encontra no meridiano, constituindo sua vez um passo por el meridiano. Deste ponto mais baixo de sua órbita as estrelas voltam ao horizonte este: nascem.

Segundo as precedentes exposições é claro que este movimento se realiza em círculos perpendiculares ao eixo do mundo e, portanto, paralelos ao equador. Se o astro não tem declinação, se move no círculo máximo, no equador celeste mesmo. Se tem declinação, se move em um paralelo que dista do equador celeste a medida de a δ do astro.

O segmento de dito círculo que se encontra por encima do horizonte se chama “arco diurno”, enquanto que a parte que se encontra por debaixo do horizonte se denomina “arco noturno” do astro. Em outras palavras: arco diurno é o movimento diário do astro desde a saída até a posta, e arco noturno desde a posta até a saída.

Se um astro se encontra no equador e, em consequência, carece de declinação, tanto seu arco diurno como seu arco noturno ascendem a 180° cada um. Em um astro com + δ para + φ o arco diurno é maior que 180; em um astro com — δ para + φ o arco diurno é menor que 180°. Como é natural, o contrário vale para o arco noturno.

O movimento do sol desde a saída até a posta, ou seja seu arco diurno, expressado em medida de tempo, dá por resultado a duração do dia; o arco noturno expressado em medida de tempo, a duração da noite.

Quando o sol se encontra o no ponto vernal o no outonal, é dizer no equador e, por ende, em uma posição carente de δ, tanto seu arco diurno como o noturno ascendem a seção a 180° cada um, pelo qual a duração do dia e a da noite são iguais, elevando-se a 12 horas cada uma. Desde o começo da primavera até o do outono as declinações do sol são boreais, e daí que no hemisfério boreal os arcos diurnos do sol são maiores que os arcos noturnos; em outras palavras: os dias são mais largos que as noites. O contrário vale para δ e os arcos diurno e noturno desde o começo do outono até o da primavera.

Tanto o arco diurno como o noturno são divididos pelo meridiano. Semiarco diurno é o segmento do círculo sideral compreendido entre o ponto de saída e a passagem pelo meridiano superior, ou também entre este e o ponto de posta. Semiarco noturno é o segmento do círculo sideral compreendido entre o ponto de posta e a passagem pelo meridiano inferior, ou também entre este e o ponto de saída. Como nas exposições subsiguintes voltarei aos semiarcos diurnos e noturnos, adotaremos para eles as seguintes abreviações empregadas em muitas obras astrológicas:

  • para o semiarco diurno SDA
  • para o semiarco noturno SNA

Tabela I - Para a conversão dos valores de Arco no Tempo e inverso

Arco no TempoTempo no Arco
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O acima descrito movimento diário da terra é a causa de que para um determinado lugar a distância de um astro do horizonte deste lugar, ou seja a altura, é diferente em cada instante; pois, como quem diz, a distância muda por momentos. Desde logo, para dois distintos lugares terrestres, e con esto para dos distintos horizontes, um mesmo astro tem simultaneamente diferente distância do horizonte A que do horizonte B. Em outras palavras: para cada lugar terrestre, o mesmo astro sai e culmina em distintos momentos. Também este é tema ao que voltarei mais adiante.

O círculo de declinação traçado por um astro, é dizer o círculo máximo vertical ao equador celeste que atravessa os polos celestes e o astro, forma com o meridiano de um determinado lugar no polo celeste um ângulo esférico que, igual ao astro, está sujeito ao movimento diário, já que o astro e seu círculo de declinação devem imaginar-se como inseparavelmente ligados. Este ângulo se chama ângulo horário do astro. A culminação já mencionada, que em cada rotação completa da terra se realiza duas vezes por dia — uma vez por encima do horizonte e outra por debaixo dele — não é outra coisa que uma coincidência do círculo de declinação e o meridiano.

Quando no que segue se fale de “culminação”, a secas, deve ser entendida como culminação superior. Durante o tempo que vai desde a culminação (superior) de um astro até a próxima seguinte culminação (superior), ou seja no lapso de 24 horas, a extensão do ângulo horário muda, por suposto, de 0° a 360°. O ângulo horário é contado no sentido do movimento diário, de 0° a 360°.

Ângulo horário e declinação constituem outro sistema de coordenadas esféricas em que os círculos de declinação são denominados também círculos horários.

Dado que por os ângulos horários pode medir-se o transcurso do tempo, se introduziu para eles não só a valoração expressa em medida de arco, senão também em medida de tempo. A transformação mútua é muito fácil. Dado que na rotação uniforme, em 24 horas são percorridos 360 graus de arco, uma hora abrange 360:24 = 15°, ou seja, que uma hora equivale a 15°. Dele se deriva a relação:

1 h = 15°1° = 4 m
1 m = 15’1’ = 4 s
1 s = 15”

Desejo relembrar aqui o inconveniente de empregar para a medida de tempo as abreviações da medida de arco.

Do exposto resulta claro que por o meridiano e o horizonte de um ponto situado na superfície terrestre se determinam as relações deste ponto e de nenhuma maneira com a esfera celeste. Dois pontos, por encontrar-se na mesma latitude geográfica, como Santos e Antofagasta, por exemplo, podem ter o mesmo horizonte, mas dado que sua longitude geográfica é distinta, têm a sua vez distintos meridianos e, com isto, distintas relações com a esfera celeste. Por outra parte, dois pontos da mesma longitude geográfica, como por exemplo Montevidéu e Georgetown, têm o mesmo meridiano, mas latitudes geográficas distintas; horizontes distintos e, em consequência, relações distintas com a esfera celeste. O estudante não deve estranhar-se da designação de extensas cidades como pontos. Tenhamos em mente as dimensões gigantescas do universo. De acordo com elas nos é lícito considerar em nossos cálculos astronômicos como ponto a distância entre o horizonte aparente e o verdadeiro, fazendo coincidir os dois horizontes. Com maior razão podemos aplicar a redução de cidades a um ponto, por mais grandes que sejam no conceito humano.

Como foi exposto, horizonte e meridiano sempre se acham verticais um ao outro. Em consequência, é lógico que se na representação gráfica de uma figura natal o plano do horizonte aparece como linha, esta seja inscrita como horizontal, e que a projeção do plano de meridiano se apresente como linha vertical a ela. O esquema em que horizonte e meridiano não estão perpendiculares um ao outro, atenta contra esta lógica e há de rejeitar-se como não natural.

Os dados até aqui suministrados para o sistema do horizonte se encontram ilustrados nas figuras 4 e 5. Omiti propositalmente a adição das notas explicativas, para que o aluno possa adquirir seus conhecimentos examinando as próprias figuras.

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Sabemos que os dois pontos de intersecção de duas circunferências máximas estão sempre separados por 180°. Dado que o horizonte (verdadeiro) de um lugar S e a eclíptica são círculos máximos, eles se cruzarão em dois pontos exatamente opostos um ao outro. Mesmo que o observador presente no horizonte pareça imóvel e a esfera celeste gire, a eclíptica em movimento sempre tocará o horizonte firme com dois pontos da eclíptica, e desta forma todos os pontos da eclíptica passarão pelo horizonte uma vez durante 24 horas.

Correspondentemente à esfera celeste, cada dois pontos da eclíptica decretarão um círculo paralelo ao equador celeste e percorrerão ao longo deste paralelo um arco diurno e outro noturno. Desde logo, isto não é válido apenas para pontos da eclíptica, mas também para segmentos integrais, representados pelos doze signos da eclíptica. Assim, no horizonte do lugar S, a cada dois doze signos, a cada dois doze signos, cada ponto deste signo abrirá um círculo paralelo ao equador celeste e percorrerá seus arcos diurnos e noturnos em uma culminação superior e inferior.

A intersecção do horizonte e da eclíptica constitui o “ponto ascendente”, comumente denominado “Ascendente”. Na intersecção do horizonte ocidental com a eclíptica, oposto a primeira, é logicamente denominado “Descendente”. A intersecção do meridiano superior com a eclíptica é chamada de “meio céu superior” ou “Medium cœli”, abreviado: MC; A intersecção oposta do meridiano inferior com a eclíptica é chamada de “meio céu inferior” ou “Imum cœli”, abreviado: IC.

A Figura 6 ilustrará essas relações em perspectiva esférica.

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Como Fomalhaut observa corretamente no seu Manuel d’Astrologie sphérique et judiciaire, aderir a este procedimento lógico na construção de uma figura natal evita métodos - mais ou menos engenhosos, mas astronomicamente imprecisos - que tentam trazer para o horizonte ou meridiano outros pontos da eclíptica além daqueles que realmente apareceram.

Utilizando a cruz axial formada pelo horizonte e pelo meridiano, o círculo da eclíptica é dividido em quatro quadrantes, cada um dos quais subdividido em três partes segundo um método que estudaremos posteriormente, baseado no movimento diário da abóbada celeste. Com isso, então, foi feita uma divisão da eclíptica em doze partes.

Esses doze segmentos da eclíptica, ligados ao movimento diário da abóbada celeste, são chamados na astrologia de “casas” ou, às vezes, de “lugares”. Entre tais casas e os “signos” (signos zodiacais), que resultam de outra divisão em doze, existe uma certa analogia, exagerada pelos defensores de uma escola inglesa bastante difundida. O aluno deve ter cuidado para não confundir “sinais” e “casas”, retendo a seguinte explicação:

Os “sinais” servem para determinar a “longitude eclíptica” que os planetas ocupam num determinado momento, em virtude do seu movimento próprio na sua órbita eclíptica. Estes signos, cuja extensão e posição mútua nunca variam, movem-se, como acabo de explicar, a cada momento devido ao movimento diário da abóbada celeste, de modo que eles e cada um dos seus pontos parecem nascer no leste, culminar no sul e pôr-se no oeste, como foi explicado em relação às estrelas.

Por outro lado, as “casas” devem ser imaginadas como um sistema absolutamente firme, baseado no horizonte e no meridiano, ou seja, nos dois planos que para um determinado lugar terrestre nunca sofrem qualquer mudança. Como já disse, cada lugar da superfície terrestre tem seus próprios horizontes e meridianos; tais planos são permanentes e determinam suas relações com a esfera celeste.

Na ordem astronômica, o sistema de casas serve para determinar o lugar ocupado pelos signos e planetas devido ao movimento da abóbada celeste no momento de um evento, ou seja, para determinar a sua posição em relação ao horizonte e meridiano do local de nascimento no momento do nascimento. Na ordem astrológica, as casas são utilizadas para descobrir a influência que os planetas e signos zodiacais exercem sobre a essência, as manifestações vitais e os destinos de quem nasceu em determinado lugar e tempo. Na terminologia usual esse indivíduo é simplesmente chamado de “o nato” ou também “o nativo”.

Como o círculo principal do movimento diário é o equador e o meridiano perpendicular a ele também é perpendicular ao horizonte, segue-se matematicamente: os quatro segmentos do equador, os quadrantes, que são formados pela sua intersecção com o horizonte e o meridiano, são iguais entre si, e cada um desses quadrantes cobre um ângulo de 90 graus equatoriais e, portanto, cada terço de um quadrante corresponde a um valor de 30 graus equatoriais. Em outras palavras: o arco diurno, assim como o arco noturno, de um ponto localizado no equador sobe sempre a 180°; O semiarco diurno, assim como o noturno, ou seja, o segmento localizado entre o horizonte e o meridiano, eleva-se sempre a 90°, e como tal semiarco constitui a medida de três casas, cada uma delas contém 30 graus equatoriais.

Por outro lado, a eclíptica corta o equador em um ângulo de cerca de 23° 27’ (obliquidade da eclíptica). Portanto, os diferentes pontos da eclíptica, com exceção dos dois pontos equinociais (0° ♈ e 0° ♎), localizados diretamente no equador, possuem arcos diurnos e noturnos cujas extensões diferem entre si de acordo com o ponto da eclíptica a que correspondem, e de acordo com o δ deste ponto. Por esta razão, as casas contêm segmentos eclípticos desiguais, o que significa que cada uma das casas localizadas acima do horizonte cobre um terço do semiarco noturno, e cada uma das localizadas abaixo do horizonte, um terço do semiarco proporcionalmente ao diurno. Consequentemente, algumas destas casas conterão mais e outras menos de 30 graus eclípticos.

O ponto da eclíptica onde começa uma casa é chamado de “cúspide da casa”. A cúspide ou início da casa I é o ponto eclíptico presente no Ascendente (Asc), e seu arco semidiurno é a medida de sua distância ao MC.

No sentido oposto ao movimento diário da abóbada celeste, ou seja, no sentido oposto ao movimento de um ponteiro de relógio, as restantes casas seguem em rotação numérica. Para determinar as cúspides das casas, alguns astrólogos propuseram sistemas diferentes; mas é evidente que apenas um deles pode corresponder plenamente à lógica e à exatidão. Em todos os sistemas dignos de consideração séria, a cúspide da Casa IV é o ponto da eclíptica localizado no meridiano inferior, a cúspide da Casa.

Parece-me que estes dados devem ser suficientes para se ter uma ideia clara do espaço. Sei por experiência que compreender a origem das casas não encontra grandes dificuldades, mas é menos fácil compreender porque é que uma tem uma extensão maior e outra menor que 30 graus da eclíptica. Por esta razão quero voltar a este ponto com explicações mais amplas. Veja, então, o que se segue.

Ao sair da intersecção do equador com a eclíptica, 0° ♈, o ponto oposto será definido, 0° ♎, e culminará em 0° ♑ no meridiano superior e 0° ♋ no meridiano inferior. Se - porque um horizonte e um meridiano são verticais entre si - o sol nascente estivesse a 0° ♈ e ao mesmo tempo a lua a 0° ♑ ou 0° ♋, isto é, no meridiano superior ou inferior, a distância angular entre o sol e a lua seria de 90°. Se o sol nasce a 0° ♈, dia e noite e os caminhos percorridos dia e noite - o arco diurno e o arco noturno - são iguais entre si e compreendem 12 horas cada. Chega o sol, que nasce às 6h, ao meio-dia no meridiano superior após ter realizado seu primeiro SDA, às 18h. no ponto do pôr do sol após ter realizado o seu segundo SDA, à meia-noite no meridiano inferior após ter realizado o seu primeiro SNA, e daí regressa ao ponto de partida depois de ter percorrido o seu segundo SNA. Se dividirmos cada um destes arcos entre o horizonte e o meridiano em três partes iguais, o resultado é a extensão das casas. O caminho percorrido pelo sol duas horas após o nascer do sol inclui uma casa, a XIIa; O caminho percorrido por ele depois de mais duas horas indica outra casa, a XIa; O caminho percorrido após mais duas horas aponta para outra casa, Xa, e assim sucessivamente durante as 24 horas de movimento diário.

Cada uma dessas casas representa um terço da IASD; O mesmo vale para as casas IX, VIII e VII, quando o sol desce do MC até o ponto de pôr. Daqui até o meridiano inferior passa pelo seu primeiro ANS, daí até o ponto de saída, seu segundo ANS. A divisão em três do primeiro semiarco noturno dá origem às casas VI, V e IV, a do segundo, às casas III, II e I.

Se o Sol não estiver localizado no equador, mas em algum lugar da eclíptica, é claro que os arcos diurnos e noturnos não serão congruentes, pois a eclíptica corta o equador em um ângulo de 23° 27’, e, conseqüentemente, as subdivisões dos semiarcos em questão não serão iguais entre si. Em qualquer caso, porém, uma casa medirá o arco que o Sol percorre num terço do período necessário para vencer a distância entre o horizonte e o meridiano ou entre este e o primeiro do respectivo quadrante. Por isso o astrólogo Fomalhaut indica as seguintes demarcações para a extensão das casas:

A cúspide da 1ª casa é o ponto da eclíptica localizado no horizonte leste. Distancia seu semiarco diurno do MC e seu semiarco noturno do IC. A casa I contém todos os lugares celestes (e planetas) que estão a mais de ⅔ de seu ANS e menos que todo o seu ANS do IC.

A cúspide da casa II é o ponto da eclíptica localizado entre o horizonte leste e IC que está a ⅓ de seu SNA do IC. A Casa II contém todos os lugares celestes (e planetas) que estão a mais de ⅓ de distância do IC e a menos de ⅔ de seu ANS.

A cúspide da casa III é aquele ponto da eclíptica localizado entre o horizonte leste e IC que está distante do IC ⅓ do seu SNA. A Casa III contém todos os lugares celestes (e planetas) que estão a menos de ⅓ de seu ANS do IC.

Será fácil derivar de forma semelhante as cúspides e limites das outras casas de acordo com este método considerado o único preciso por Fomalhaut e muitos outros autores.

Espero que depois destas explicações todos entendam que as casas são iguais em relação ao equador, mas que não são iguais em relação à eclíptica, abrangendo portanto 30 graus equatoriais, mas com maior ou menor número de graus eclípticos.

Imaginemos o meridiano de um lugar terrestre e, pelo contrário, em virtude da rotação da terra, todos os planetas, estrelas fixas e outros pontos realizando o movimento de partida, culminação superior, cenário e culminação inferior até sair novamente; então é para um determinado lugar em um determinado momento:

  1. o ângulo horário do ponto vernal: tempo sideral (tempo sideral),
  2. o ângulo horário do sol verdadeiro: a hora verdadeira (a hora verdadeira),
  3. o ângulo horário do sol médio: o tempo médio (a hora média)

daquele momento.

Vamos primeiro entrar na explicação detalhada do primeiro ponto, o tempo sideral.

Cada observatório possui um “relógio astronômico” cujo tempo não é dividido em doze, mas em 24 partes, e cujo ponteiro das horas percorre essas 24 partes apenas uma vez durante uma rotação da Terra. Admitamos que estamos exatamente no momento do início da primavera, quando o Sol atinge 0° 0’ 0” do signo de Áries, ao entrar no ponto do equinócio vernal. Suponhamos também, para simplificar, que neste momento o Sol culmina num determinado meridiano, ou seja, no círculo do meio-dia do local em questão, e que o relógio astronómico bate 24 horas ou, o que dá no mesmo, 0 horas. Segundo este relógio perfeitamente sincronizado com o movimento da esfera celeste, 6 horas depois o meridiano de 90°, 12 horas depois o de 180°, 18 horas depois o meridiano de 270°, etc., coincidirá com o círculo do meio-dia, ou seja, com o meridiano do observatório. Eles passarão pelo círculo do meio-dia a cada hora 360:24 = 15 meridianos, ou seja, um a cada 4 m.

Porém, com a próxima culminação do Sol, o referido relógio não indicará 24h0m0s (= 0h0m0s), porque no período durante o qual a Terra girou uma vez em torno de seu eixo, o Sol, em virtude de seu próprio movimento, avançou aproximadamente 1° na eclíptica. Por esta razão a Terra deve fazer uma revolução de cerca de 361° antes do Sol nascer novamente. Conseqüentemente, com esta próxima culminação do Sol, o relógio astronômico indicará até 0h4m, e esta medida de tempo é a hora sideral ao meio-dia do dia e local em questão.

Depois de mais um dia, o relógio astronômico indicará a hora sideral por volta de 0h 8m, um mês depois por volta de 2h, etc., e dentro de um ano indicará horas siderais de 0h a 24h, ganhando um dia. Todos os aniversários astronômicos e astrológicos fornecem a hora sideral correspondente ao meio-dia de cada dia do ano. Basta uma breve reflexão para compreender que este tempo sideral é idêntico à ascensão reta do meridiano do meio-dia. Este AR é comumente expresso em medida de tempo (h, m, s), mas também pode ser indicado em medida de arco (°, ’, ”).

De acordo com o exposto, fica evidente que o relógio astronômico, indicador do tempo sideral, marca 24 horas quando a Terra girou 360°, enquanto segundo o relógio comum 24 horas só se passaram depois que nosso planeta girou 361°.

Tabela II - Correção entre a a hora local média e a hora sideral

A correção deve ser somada ao tempo médio local para transformá-lo em tempo sideral. Se quisermos encontrar a hora local média através da hora sideral, a correção deve ser subtraída desta última.

Abreviações:- h.s = hora sideral, h.l.m = hora local média c. = correção

HorasMinutosSegundos
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Existem três séries de símbolos que compõem o alfabeto da astrologia: os planetas, os signos zodiacais e os aspectos.

Pelo fato de no sistema astrológico a Terra passar a ser o centro, todos os corpos celestes de importância astrológica são chamados de planetas, peculiaridade que já mencionei. Na terminologia astrológica, o Sol e a Lua são às vezes designados como “luminares celestiais” ou simplesmente como “luminares”.

De acordo com a tradição astrológica, existem sete planetas. Aqui estão seus nomes e símbolos:

PlanetaSímbolo
Sol
Lua
Mercúrio
Vênus
Marte
Júpiter
Saturno
Urano
Netuno
Plutão

Quanto a Urano, os ingleses também o chamam preferencialmente de “Herschel” em homenagem ao seu descobridor.

Como já foi dito, a eclíptica é dividida em doze partes iguais, que na terminologia astrológica são chamadas de “signos zodiacais” ou comumente “signos”. Na sua ordem natural os nomes e símbolos dos signos são (fig. 7) os seguintes:

SignoSímbolo
Áries
Touro
Gêmeos
Câncer
Leão
Virgem
Libra
Escorpião
Sagitário
Capricórnio
Aquário
Peixes

Antes de passar aos cálculos essenciais para a elaboração de um horóscopo, resta-me explicar mais detalhadamente as ferramentas utilizadas para este fim. Estes são os aniversários, a mesa da casa e o horóscopo. O que esses três conceitos significam?

I — As Efemérides (Ephemeris) e seu conteúdo

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A efeméride é uma tabela publicada anualmente com os dados astronômicos essenciais para uso astrológico e válida para cada meio-dia de um determinado ano. Contêm as longitudes, latitudes e declinações do Sol, da Lua e dos planetas, bem como dados de maior ou menor importância segundo a opinião do editor. A maioria dos astrólogos utiliza as “Efemérides” do astrólogo inglês Raphael (Sr. Cross), falecido em 1923, tabela que desde sua morte a editora W. Foulsham and Co., de Londres, continua a publicar em seu nome e no arranjo por ele indicado. Os aniversários de Rafael, publicados antes de 1900, contêm menos dados do que anos posteriores, por isso vou me referir a um número de 1925.

A primeira página traz o título: “Aniversário astronômico de Rafael, dos lugares planetários atuais para 1925 e calculados para o meio-dia de Greenwich.”

Seguem então, sob o título “Prefácio”, algumas menções importantes para cálculos astrológicos, e no final da página, os dados sobre o horário de verão britânico.

Virando a primeira página encontramos nas páginas 2 e 3 os dados relativos ao mês de janeiro, nos dias 4 e 5 o de fevereiro, nos dias 6 e 7 o de março, etc., duas páginas para cada mês.

O topo destas páginas, divididas em colunas, indicam a latitude dos planetas, bem como as declinações de ♆ a ☿. “Netuno”, “Herschel” (♅), “Saturno” e “Júpiter”. São calculados, a cada dois dias, para o meio-dia de Greenwich. Para ♂, ♀ e ☿ são indicadas as declinações diárias.

Segue a coluna da declinação de ☿ outra intitulada ”☽ - Nodo”, que especifica a cada dois dias o ponto eclíptico atravessado por ☽ em sua órbita de Sul para Norte, a chamada “cabeça de dragão” — ☊ — que na prática astrológica moderna, e particularmente na Inglaterra, foi mais uma vez respeitada. À direita desta coluna segue uma divisão intitulada “Aspectos mútuos” contendo os dias em que - com exceção de ☽ - o Sol e os planetas formam aspecto entre si.

No final das duas páginas dedicadas a cada mês constam os seguintes dados: A primeira coluna, intitulada “D. M.” (dias do mês), contém os números correspondentes aos dias do respectivo mês. As indicações nas colunas a seguir, com exceção daquela ocupada por “Meia-Noite” e a dos aspectos de ☽ (“Aspectos Lunares”), correspondem ao meio-dia de Greenwich do dia indicado na primeira coluna. A coluna intitulada “Tempo Sideral” contém o tempo sideral (que naquele ano começava com 0h entre 22 e 23 de março e aumentava a cada dia durante o período já explicado nos conceitos preparatórios astronômicos). As colunas ”☉ Long” e ”☉ Dec” contêm as longitudes e declinações eclípticas do ☉. Seguem-se três colunas, ”☽ Long”, ”☽ Lat” e ”☽ Dec”, nas quais estão inscritas as longitudes, latitudes e declinações diárias de ☽ para o meio-dia de Greenwich.

Isto é seguido por uma coluna intitulada “Meia-Noite”, ela própria dividida em duas colunas. O primeiro deles, ”☽ Long”, contém a longitude, e o segundo, ”☽ Dec”, a declinação diária de ☽ à meia-noite de Greenwich. As longitudes do Sol e da Lua são indicadas em graus, minutos e segundos do signo do zodíaco correspondente, e as declinações - em graus e minutos. À coluna da meia-noite acrescentam-se as destinadas às longitudes eclípticas dos próprios planetas (com exceção de Plutão), expressas em graus e minutos do respetivo signo zodiacal e - como já dito - válidas para o meio-dia de Greenwich.

O novato não deve se preocupar por enquanto com as latitudes planetárias colocadas no topo das páginas, que são importantes para o cálculo das direções primárias. Posteriormente será explicado como devem ser utilizados para calcular as posições planetárias de um determinado momento e o tempo sideral para determinar as posições das cúspides das casas.

Depois das folhas 24 e 25, dedicadas ao mês de dezembro, vêm três folhas intituladas “Movimento Diário dos Planetas”. Encontramos aqui mensalmente e para cada dia do ano o movimento diário de ☉, ☽, ♂, ♀ e ☿, bem como a alteração diária da declinação lunar, poupando assim cálculos enfadonhos na criação do horóscopo. Para quem precisa calcular vários horóscopos, essas indicações evitarão perda de tempo. Além do material astronômico exposto, as efemérides de Rafael contêm dados que para a prática astrológica novata e comum são de menor importância. Os mais essenciais deles levam o nome de “A complet Aspectarian” (um aspecto completo) que indica, em horas e minutos, para cada dia do ano, o momento em que os múltiplos aspectos são exatos (partiles).

As explicações acima servirão para orientá-lo não só nos aniversários de Raphael, mas também nos de outros editores, que são menos detalhados, mas essencialmente iguais.

As tabelas de casas são arranjos sinópticos que para diferentes latitudes geográficas indicam em que tempo sideral cada grau da eclíptica culmina e quais longitudes eclípticas são encontradas ao mesmo tempo nas cúspides das casas X, XI, XII, I, II e III, respectivamente.

Uma tabela de casas bem disposta contém 7 colunas, como pode ser visto na reprodução incluída no final dos aniversários de Rafael. A primeira, intitulada “Tempo Sideral”, apresenta o tempo sideral em que os graus de todos os signos da eclíptica de 0 ♈ 0 aparecem na cúspide da casa X, ou seja, no meridiano superior. As colunas indicadas por “11” e “12”, respectivamente, indicam os graus da eclíptica que estão ao mesmo tempo na cúspide das casas XI e XII.

A quinta coluna, intitulada “Asc”, indica em sinais, graus e minutos o ponto da eclíptica que ao mesmo tempo se eleva no horizonte oriental. O “2” e o “3” fornecem os graus dos diferentes signos do zodíaco que estão ao mesmo tempo na cúspide da segunda e terceira casas. As restantes seis casas não estão especificadas. Estas resultam automaticamente, uma vez que os pontos da eclíptica localizados nas respectivas cúspides das referidas casas constituem a oposição exata das seis cúspides já discutidas, ocupando o mesmo grau do sinal oposto. As cúspides das casas IV, V, VI, VII, VIII e IX possuem graus idênticos aos indicados em “10”, “11”, “12”, “Asc”, “2” e “3”, embora localizadas em sinais opostos. O uso da mesa da casa será explicado mais adiante.

Dos vários mapas de casas à venda nas livrarias, posso recomendar para a prática astrológica:

Tabelas de Casas de Rafael para Latitudes Norte desde o Equador até 50° n. 0′, também para Petrogrado 59° n. 56’. Eles contêm as seguintes tabelas da casa: Para as séries, 2, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13 (Madras), 14, 15, 16, 17, 18, 19 (Bombaim), 20, 21; para 21° 59′ (Mandalay), 22° 33′ (Calcutá), 23° 12′ (Cantão), 24° 27′ (Amoy), 25° 19′ (Benares), 26° 51′ (Lucknow), 27° 10′ (Agra), 28° 40′ (Delhi), 30° 2′ (Cairo), 31° 12’ (Alexandria), 31° 46’ (Jerusalém), 32° 45’ (Nagasaki), 33° 20’ (Bagdá), 34° 30’ (Cabul), 35° 39’ (Tóquio), 36° 48’ (Argel), 37° 58’ (Atenas), 38° 48’ (Lisboa), 39° 54’ (Pequim), 40° 43’ (Nova Iorque), 41° 54’ (Roma), 42° 42’ (Sófia), 43° 40′ (Toronto), 44° 48′ (Belgrado), 45° 30′ (Montreal), 46° 12′ (Genebra), 47° 29′ (Budapeste), 48° 14′ (Viena), 48° 50′ (Paris), 50° 5′ (Praga) e 59° 56′ (Leningrado).

Todas as localidades estão na latitude boreal.

Tabelas de casas para lugares na Grã-Bretanha situados entre as latitudes de 50° 5’ e 59° 56’ são encontradas nas Tabelas de Casas de Rafael para a Grã-Bretanha.

As tabelas das casas de Brandler-Pracht contêm nas 7 colunas mencionadas os arranjos sinópticos correspondentes para cada grau inteiro das latitudes boreais de 40° a 56°. Estas tabelas, muito mais baratas, são suficientes para o uso normal, mesmo que os pontos geográficos situados entre graus inteiros nestas latitudes não sejam determinados por interpolação. As tabelas de casas de Rafael, porém, permitem investigar diretamente e sem interpolação os dados correspondentes à latitude geográfica exata de toda uma série de cidades, e quanto à latitude geográfica precisa de um grande número de outras cidades, permitem uma grande aproximação.

Tabelas de casas muito precisas, mas também muito caras, foram editadas por Dalton. Eles cobrem as latitudes boreais desde o equador até 60°.

O Dr. Walter Kock publicou tabelas de casas segundo a via racional (Regiomontanus) (Häusertafeln nach reasones Manier, Regiomontanus), válidas para latitudes de + 46° a + 56°. Eles também são de precisão insuperável.

O horóscopo é uma representação esquemática da hora e local de nascimento. A partir desta representação podem ser deduzidos os pontos da eclíptica localizados nas cúspides das casas, os comprimentos dos planetas e a sua posição nas diferentes casas. Antigamente, “horóscopo” era entendido como o “Ascendente”, e o que hoje entendemos como “horóscopo” era chamado de “natividade”, nome também usado hoje, junto com “figura natal” e “imagem celestial natal”.

Existem muitas formas de representação esquemática da imagem celestial. A Figura 11 mostra o mais comum, que permite ao praticante de astrologia a melhor orientação e é aplicado quase sem exceção na Inglaterra e na América.

Aconselho ao novato que se familiarize completamente com esta representação.

O gráfico mostra três círculos concêntricos; O cêntrico representa a Terra, e o ponto de intersecção do meridiano superior com o círculo cêntrico deve ser imaginado como o local natal.

As linhas de delimitação das doze casas partem do círculo central até o círculo intermediário, cujos números estão inscritos nos setores da periferia do círculo central. Com a prática, você não precisará mais dessa numeração.

Nos pontos de intersecção das linhas de demarcação das casas com o círculo intermediário, são anotados os comprimentos eclípticos das respectivas cúspides. O círculo exterior, não incondicionalmente necessário, serve apenas para enquadrar harmoniosamente o todo.

A linha vertical, mais grossa no desenho, representa o meridiano do local de nascimento. Acima do seu ponto de intersecção com o círculo central, ou seja, na cúspide da casa.

A linha horizontal, também mais grossa no desenho, representa o horizonte do local de nascimento cujo ponto Leste é denominado “Asc” (Ascendente) e o Oeste, “Desc” (Descendente).

Dentro das casas estão inscritos os respectivos planetas com seus símbolos e longitudes eclípticas.

Passemos agora à determinação das posições das cúspides e ao cálculo e inscrição dos lugares planetários.

O cálculo das inscrições necessárias para um horóscopo

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Esses cálculos são divididos em:

a) determinação das longitudes eclípticas das cúspides das casas;

b) cálculo das longitudes eclípticas dos planetas.

Ambas as coisas são mais do que simples e compreensíveis para qualquer pessoa familiarizada com o teorema da proporção. Conheço inúmeros casos de pessoas que não conhecem a regra de três e que, mesmo assim, estudam astrologia. Agora, embora este estudo exija cálculos, através das apresentações a seguir tais pessoas poderão realizar seus estudos de forma eficaz. Se você sabe apenas somar e subtrair, minhas instruções lhe permitirão realizar mecanicamente e com suficiente precisão todos os cálculos necessários para criar o horóscopo.

a) A determinação das cúspides das casas.

A maioria dos aniversários ingleses habituais e muitos que são publicados em outros países indicam diariamente a hora sideral do meio-dia de Greenwich. A rigor, esse tempo sideral teria que ser transformado no tempo sideral do meio-dia médio do local de nascimento, acrescentando 10 s ao tempo sideral de Greenwich para cada 15° de longitude oeste, subtraindo esses 10 s do tempo sideral de Greenwich para cada 15° de longitude leste. Geralmente, na prática astrológica atual, esta correção não é levada em consideração, para frações que não sejam superiores a 1 m.

Se a hora do momento natal não for conhecida com exatidão, mas no intervalo de uma hora as longitudes eclípticas das cúspides das casas forem conhecidas podem ser calculados com precisão de 15’, pois - com exceção de MC e Asc - são indicados em graus inteiros. Bem — Allan Leo salienta com razão — é possível calcular uma figura natal com a maior precisão; mas será uma tarefa totalmente inútil se esse momento — a hora natal — não for conhecido pelo menos aproximadamente.

Como na interpretação astrológica da figura natal apenas são considerados graus inteiros da eclíptica e nunca seções menores, tal gráfico, embora não seja absolutamente exato, é perfeitamente útil na prática astrológica comum. Quando for necessária a maior precisão possível, como nas direções primárias, por exemplo, será imprescindível retificar a hora natal, por mais precisa que seja sua indicação, procedimento que não pertence à astrologia primária. Em qualquer caso, o novato deve ter uma ideia clara dos limites de precisão que são admissíveis e dentro dos quais é lícito trabalhar. Isto também se aplica à transformação da hora sideral de Greenwich na hora do local de nascimento ao meio-dia antes do nascimento. Pois bem, desde que a respetiva correção - cerca de 10 s por cada 1 hora - não seja superior a 1 m, esta operação pode ser ignorada, e ainda mais no caso de uma hora natal aproximadamente conhecida.

Antes de prosseguir, será aconselhável que o novato releia nos conceitos preparatórios, com atenção e cuidado, o que expliquei detalhadamente sobre os diferentes tempos. Se os compreendeu - o que creio não lhe ter apresentado quaisquer dificuldades notáveis ​​- tenho a certeza que compreenderá facilmente os seguintes exemplos práticos.

Siga sempre a regra principal: No cálculo necessário para determinar as posições das cúspides das casas, deve-se utilizar sempre a hora média local e nunca a hora normal (hora oficial, fuso horário).

Os exemplos a seguir esclarecerão como proceder:

Nascimento: 08/01/1925, 22h30, horário local médio

Procure nos aniversários a hora sideral do meio-dia que precedeu o nascimento; Some-se a isso o tempo decorrido entre o nascimento e o meio-dia anterior e transforme-o em tempo sideral, valor que a partir de agora será abreviado como “Za”. O resultado é o momento sideral do nascimento, ou seja, a ascensão reta do ponto culminante (= MC = cúspide de X), que por amor à brevidade queremos chamar de ARMC. Portanto, para o presente caso, os seguintes resultados de cálculo muito simples:

1/VIII/1925, 10h30 pm h.l.m.
hs. ao meio-dia do dia 1º/VIII/1925 ......... 8 h 38 m 18 s
Za .......................................... 10 h 30 m
correção para Za (ver tabela 2) .............. 1 m 43 s¹
_______________
hora sideral de nascimento ou ARMC ........... 19 h 10 m 1 s

¹ O motivo desta correção fica claro pelo que já foi expresso. Fica claro pelas efemérides que o tempo sideral aumenta diariamente em 3 m 56,56 s. Por esse motivo, Za deve aumentar proporcionalmente, o que é feito mais facilmente com o auxílio da tabela 2. Segue o procedimento:


para 10 h ..................... 1 m 38,37 s
para 30 m ..................... 4,93 s
____________
soma .......................... 1 m 43,30 s ou red. 1 m 43

Este é o cálculo completo. Depois, com a ajuda da hora sideral de nascimento, devem ser retiradas da tabela de casas as posições das cúspides para a respectiva latitude geográfica.

Outro exemplo de cálculo da hora sideral de nascimento:

Viena, 2/VIII/1925, 9 h 11 m am h.l.m. φ = 48° 14′

Aqui, o tempo decorrido desde o meio-dia anterior (Za) equivale a 21h 11m, então a data astronômica seria:

Viena, I/VIII/1925, 21 h 11m h.l.m

Calculamos:

hs. ao meio-dia do dia 1/VIII/1925 ........... 8 h 38 m 18 s
Za ........................................... 21 h 11 m
correção para Za (ver tabela 2) ............... 3 m 29 s
s. de nascimento ou ARMC ..................... 29 h 52 m 47 s
24 h
_______________
hs. desde o nascimento ou ARMC................ 5 h 52 m 47 s²

² Não há relógio que indique mais de 24 horas. Portanto, somas maiores devem ser reduzidas por subtração.

Para esta hora sideral de 5 h 52 m 47 s encontramos os seguintes dados na tabela de casas em vigor para Viena:


Hora sideralXXIXIIAsc.IIIII
5 h 51 m 17 s28°28° 24′23°23°
5 h 55 m 38 s29°29° 12′24°24°

O valor mais próximo do tempo sideral calculado é 5 h 51 m 17 s. Pois bem, retiramos da tabela de casas os dados referentes a esse valor, com precisão suficiente na prática, e calculamos da seguinte forma:

Na mesma linha horizontal das colunas verticais de X, XI, # Cálculo das Cúspides das Casas Astrológicas

XII, Asc, II e III encontramos os signos e graus —e para o Asc com os minutos— das cúspides de casas em questão, ou seja:

para a cúspide da CasaSignoPosição
X28°
XI
XII
I28° 24’
II23°
III23°

Estes valores se inscrevem na figura natal (fig. 11) sobre as cúspides respectivas. As cúspides das casas opostas coincidem com os signos opostos, com as mesmas medidas. Apresentam-se assim:

para a cúspide da CasaSignoPosição
X28°
XI
XII
I28° 24’
II23°
III23°

Pelas razões assinaladas nos conceitos preparatórios astronômicos, na eclíptica as casas são de tamanho desigual. Em nosso exemplo, a casa X se estende de ♓ 28° a ♌ 3°, pelo que contém “encerrado” o signo de ♋, e o mesmo ocorre com a casa IV, a que com uma extensão de ♐ 28° a ♒ 3° contém encerrado o signo de ♑.

Estes recintos são marcados pelo incremento dos símbolos de dois sinais encerrados na periferia do círculo intermédio e no espaço da respectiva casa. É o que ilustra a figura 12.

Se por falta da exata tabela de casas de Viena se houvesse usado a tabela correspondente ao paralelo mais aproximado (+ 48°), não haveria resultado nenhuma diferença de importância prática.

Este cálculo muito simples constitui todo o trabalho necessário para determinar as cúspides das casas com uma precisão satisfatória. Claro, se - para fins astronômicos - você deseja obter maior precisão, pode prosseguir usando o método trigonométrico (que inclui a apresentação de textos matemáticos); mas com base em nenhum exemplo anterior, você também pode calcular da seguinte forma:

A hora sideral do nascimento, 5h 52m 47s, cai entre as horas siderais de 5h 51m 17s e 5h 55m 38s, indicadas nas tabelas de casas.

Restese da hora sideral do nascimento a hora sideral menor:

h.s. de nascimento ................. 5 h 52 m 47 s
h.s. menor ......................... 5 h 51 m 17 s
___________
diferença ("d")...................... 1 m 30 s = 90 s

image

Além disso, se restará a hora sideral menor da maior nas efemérides; portanto:

h.s. maior nas efemérides ........... 5h 55m 38s
h.s. menor nas efemérides ........... 5h 51m 17s
___________
diferença ("D") ..................... 4m 21s = 261s

Já que:

d × 60 90 × 60
------ = -------
D 261

Para a cúspide da casa X resulta uma correção de uns 21’, afastando-se assim esta cúspide em 28 ♊ 21.

Para as demais casas, exceto a primeira, esta correção é inútil. Para a casa I se procederá da seguinte maneira:

À h.s. de 5h 51m 17s se acha no Asc 28 ♓ 24
À h.s. de 5h 55m 38s se acha no Asc 29 ♓ 12

Chamando D’ a diferença entre 29° 12’ e 28° 24’ = 0° 48’, temos a proporção:

d : D = correção : D'

ou seja:

d × D'
correção = ------
D

Colocando na equação os já antes determinados valores de d e D e igualmente o valor de D’, desprendemos de um novo cálculo:

4320 90 × 48
---- = ------- = 16,55'
261 261

ou uns 17’, lo que, somado como correção ao Asc de 28 ♍ 24, dá por resultado um Asc de 28 ♍ 41.

Como já se disse, o novato não familiarizado com o teorema das proporções —e segundo ensina a experiência, há muitíssimos— pode renunciar sem inconvenientes às correções que acabo de expor.

Como averiguar as cúspides de casas para latitudes geográficas Austrais, com ajuda das tabelas de casas para latitudes boreais:

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  1. Determina-se a hora sideral de nascimento e a esta soma-se 12 horas.

  2. Com esta hora sideral se determinarão as posições das cúspides das casas da maneira indicada para latitudes boreais; porém tomando os signos opostos.

Isso se esclarece mediante o seguinte exemplo:

Data: Melbourne, 1/IV/1925, 11 h 59 m pm h.l.m.
Latitude (φ) = -37° 49',
Longitude (λ) = 144° 58' 5"
E = 9h 39m 54s
h.s. ao meio-dia d. Gr. del 1/IV/1925 ................. 0h 37m 19s
correção para λ = 9h 39m 54s (10s por cada 15° E) ... 1m 36s
___________
h.s. em Melbourne, meio-dia d. 1/IV/1925 ............. 0h 35m 43s
tempo transc. del meio-dia ao mom. nat. (Za) ......... 11h 59m
corr. para la transf. de Za em h.s. .................. 1m 58s
___________
h.s. del nascimento = ARMC ........................... 12h 36m 41s
somando para lat. austral ............................ 12h
___________
h.s. que se busca nas tabelas de casas de latitudes boreais 0h 36m 41s

Nas tabelas de casas de Raphael a latitude mais aproximada à de Melbourne é 37° 58’; segundo as mesmas tabelas, a hora sideral mais aproximada à de 0h 36m 41s é 0h 36m 45s. De acordo com estes dados lêem-se na tabela de casas para as cúspides assinaladas por cifras latinas os seguintes valores:

X XI XII Asc II III
♈ 10 ♉ 16 ♊ 23 24 ♋ 51 ♌ 15 ♍ 10

Porém dado que devem empregar-se os signos opostos, temos que inscrever na figura natal:

X XI XII Asc II III
♈ 10 ♏ 16 ♐ 23 24 ♑ 51 ♒ 15 ♓ 10

valores que diretamente lidos na tabela de casas correspondem às casas de IV a X³.

Regra Principal:- Se se empregam as efemérides mais usuais, isto é, as calculadas para hora de Greenwich, as posições planetárias devem determinar-se para essa hora de Greenwich.


³ O novato tenha cuidado com copiar mecanicamente os signos indicados na linha horizontal mais alta; revise mais bem toda a coluna vertical para averiguar se não há seguido já outro signo ao arriba indicado. Assim, neste exemplo, na coluna II não há de tomar-se ♋, sino ♌; em III não ♌, sim ♍; em X não ♍, sino ♎; em XI não ♎, sino ♏.


image image

TG = hora local - λ, com longitudes E
TG = hora local + λ, com longitudes Oe

Para o cálculo das posições planetárias, a latitude geográfica fica fora de consideração.

Nas efemérides, as longitudes dos planetas são indicadas para todos os meio-dias do ano. É muito simples investigá-las para um momento natal situado entre dois meio-dias.

A diferença de longitude de cada planeta será determinada por subtração entre o meio-dia que precedeu ao nascimento e o que lhe segue.

Nota sobre Efemérides de Raphael: No caso de usar as novas efemérides de Raphael⁴, pode-se economizar esta subtração, pois aquela diferença de longitude —o movimento diário— está indicada para cada dia do ano no capítulo intitulado “Daily motion of the planets” (movimento diário dos planetas).

Se denominarmos “dm” esta diferença de longitude, “x” o valor a determinar e somar à posição planetária do meio-dia passado, e finalmente “Za” o tempo transcorrido desde o meio-dia até o momento natal e expresso em hora de Greenwich, temos que estabelecer a seguinte proporção:

24h : dm = Za : x; x = (dm × Za)
_________
24

O cálculo desta proporção será levado a cabo mais facilmente com ajuda dos logaritmos proporcionais diurnais (tabela IV).

  • As colunas verticais estão encabeçadas por cifras de impressão grossa e são válidas tanto para horas como para graus
  • Em cada fila horizontal, no extremo esquerdo se encontram cifras válidas tanto para minutos de tempo como para minutos de arco
  • De acordo com esta tabela, o logaritmo tanto para 5h 30m como para 5° 30’ seria 6398
  • Este número será encontrado baixando pela coluna encabeçada por “5” até chegar à fila horizontal marcada com 30

Por meio desta tabela se determinará o logaritmo proporcional diurnal de x cujo valor em graus e minutos se obterá na mesma tabela.

Se o valor de x não se encontra com exatidão, utilize-se o valor mais aproximado.

x será somado à posição planetária do meio-dia precedente ao nascimento, e desta soma resultará a longitude eclíptica do planeta respectivo no momento natal.

Um só exemplo esclarecerá a simplicidade desta determinação.

Averiguar, por exemplo, a longitude de ♀ para 10/V/1925, 22h 35m

HEC = 21h 35m h. Gr. = Za⁵

Escolho todos os meus exemplos de cálculo para que o aniversário de 1925 seja suficiente para controlá-los.

Esta correção já mencionada foi levada em consideração porque equivale a mais de 1m devido à grande extensão geográfica E.


Segundo as efemérides de Rafael, 05/10/1925 dm de ☽ equivale a cerca de 14° 41’. Za = 21h 35m.

Este cálculo é seguido:

log. prop. diurn. dm (14° 41') ........................... 2134
log. prop. diurn. Za (21h 35m) ........................... 0461
____
soma ..................................................... 2595
o log. mais aprox. na tabela ............................. 2596

Corresponde a este um valor de x = movimento diário de ☽ durante Za, de 13° 12’.

long. de ☽ ao mediod. d. 10/V/1925 ........... 15 ♐ 36' 47"
movim. de ☽ durante Za ....................... 13° 12'
___________
long. de ☽ no mom. nat. ...................... 28 ♐ 48' 47"
long. redond. ................................ 28 ♐ 49'

Logicamente, de modo análogo se calculam também as declinações dos planetas no momento natal com ajuda dos logaritmos proporcionais diurnais. Para o novato bastará calcular as de ♀ e inscrever as demais aproximadamente ou empregar os dados de meio-dia indicados nas efemérides. Este procedimento valerá também para as longitudes dos dois nodos lunares (☊ e ☋).

A partir do logo, com o seu treinamento, o novato também consegue calcular as declinações de ☿ e ♀, ou seja, dois planetas mais rápidos. Você sempre tem que somar-se ou logar. adereço. diurno de Za para log. adereço. diurno O valor que corresponde a dm, ou seja, a variação do declínio durante 24 horas, é determinado pela tabela ou valor deste novo logaritmo.

Para ☽, essas mudanças de δ durante 24h também são indicadas nos aniversários mais recentes de Rafael. As edições mais antigas devem ser investigadas pela subtração dos declínios nos meios-dias entre o momento em que ocorreu ou nasceu.

Para determinar, por exemplo, δ de ☽ às 21h 35m h.Gr. de 10/05/1925. Segundo aniversário, ou mudança de δ o curso de 05/10/1925 equivale a 1° 39’ 7.


Se dm não for indicado, você deverá averiguar o seguinte:

long. ☽ ao mediod. d. 11/V .................. 0 ♑ 18' 12"
" " " " " 10/V .................... 15 ♐ 36' 47"
____________
diferença = dm .............................. 14° 41' 25"
Quem não tem prática nessa subtração, substitua 0° ♑ por 30°.
**⁷** δ ao mediod. del 11/V ............................ 20° 22'
" " " " 10/V ............................... 18° 43'
_______
diferença .......................................... 1° 39'
log. prop. diurn. Za ................................. 0461
log. prop. diurn. 1° 39' ............................. 1.1627
______
suma ................................................. 1.2088
log. más aprox. ...................................... 1.2090
al que corresponde um valor de x = camb. de δ en Za .. 1° 29'
δ del mediod. ........................................ 18° 43'
______
δ del mom. nat. ...................................... 20° 12'

Para calcular δ de ☿ para o 2/V/1894, 5h pm h.Gr.

δ de ☿ al mediod. d. 1/V/1894 ....................... 6° 12'
" " " " " " 3/V/1894 ........................ 7° 38'
______
diferença de δ durante 2 dias ...................... 1° 26'
" " " " " 1 dia .............................. 43'
" " " " " 1 hora .......... uns .............. 2'

aumento de δ desde o meio dia de 1/V até 5 h pm do

2/V (43' + 5.2') .................................. 53'
δ al mediod. de 1/V ................................. 6° 12'
______
δ a las 5h pm de 2/V ......................... unos 7° 5'⁸

Se δ tivesse diminuído de 1/V para 3/V, logicamente a diminuição deve ser subtraída do δ do meio-dia de 1/V. O novato também deve certificar-se se uma das declinações é boreal (+) e a outra, austral (—).

Assim ou 21/IV/1894 δ de ☿ é —0° 6’, enquanto em 23/IV vemos δ = +1° 1’, então a diferença de δ, ou seja, 6’ (até 0° S) +1° 1’ N, equivale a 1° 7’. Em 4/XI/1892, δ de ♀ = +0° 50’, em 7/XI, δ = -0° 28’; com o qual, diferença de δ +50’ + 28’ = 1° 18’.

Embora das exposições anteriores, as fórmulas talvez julgadas por muitos como demasiado simples, dificilmente possa haver qualquer dúvida quanto aos cálculos necessários para estabelecer uma figura natal, repetirei aplicando-as a outro presépio.

Para tanto vou estabelecer um esquema cuja utilização eliminará completamente todos os erros. Os dados de nascimento são os seguintes:

Munich, 15/VII/1925, 8h 24m pm HEC (horário da Europa central)

H. Gr. = 8h 24m pm — 1h .... 7h 24m pm
λ de Munich .................. 46m 20s
H. Gr. + λ = hora local ....... 8h 10m 20s ou redução de 8h 10m
h.s. ao meio dia de 15/VII ....... 7h 31m 17s
Za do meio dia a h.l. ......... 8h 10m
corr. para Za .................. 1m 20s
h.s. do mom. nat. o ARMC ...... 15h 42m 37s

⁸ Nas efemérides mais antigas, isso deve ser determinado da forma já explicada. Esta é a diferença entre as longitudes válidas nos dois meio-dias entre os quais se localiza o nascimento; aqui, então, entre 15/VII e 16/VII.


image

Nas tabelas de casas para Viena, as que de acordo com a latitude geográfica mais se aproximam à de Munich, o valor mais correspondente a esta ARMC é 15h 42m 57s, valor que arroja as seguintes posições das cúspides de casas:

X XI XII Asc II III
♏ 28° ♐ 17° ♑ 6° 29 ♑ 2 ♓ 23° ♉ 3°

Estas e as cúspides opostas hão de inscrever-se na figura 13. Logo se estabelece o seguinte esquema:

δ de ☽
dm ao 15/VII seg. eferêmides57’ 15”12° 14’38’1° 14’1° 28’3° 1’
log. prop. diurn. de dm .1.404429271.57861.28911.21399007
log. Za (h. Gr. 7h 24m)511051005100511051005100
log. dm + log. Za …1.915480372.08961.80011.72491.4117
aumento de long. do medi dia de 15/VII.17° 30”3° 46’12’23’27’56’
long. ao medio dia de 15/VII22° ♋ 27’ 7”23° ♉ 2’12° ♌ 4’14° ♌ 31’16° ♌ 1’13° 41’
long. no mom. nasc. …22° ♋ 44’ 37”⁹26° ♉ 48’12° ♌ 16’14° ♌ 54’16° ♌ 28’14° 37’¹⁰
Respecto de ☉, ♆, ♅, ♄,1322δ20°56’
♃ e ☊ basta escrever2112
as longitudes do medio-dia2523
aproximado; pois,738
aqui ao meio-dia de1658
15/VII517

Primeiro registre os comprimentos das respectivas cúspides das casas, de X a III; Coloque o logotipo nas cúspides das casas opostas com os mesmos valores numéricos dos sinais opostos. Em seguida, anote os sinais colocados nas casas correspondentes, ♒ em II, ♌ em VIII, ♈ em II e ♎ em VIII. Os planetas são adicionados às casas a que pertencem em segundo lugar, acrescentando a cada uma delas a sua posição eclíptica. ARMC é melhor notado no círculo central. As declinações serão anotadas de forma não asspectiva, conforme ilustrado na figura 13, e serão utilizadas para o cálculo dos demais planetas no meio-dia mais próximo.

As declinações do Asc e do MC podem ser obtidas tanto diretamente em tabelas especiais quanto nos aniversários, sendo utilizadas para esse fim em δ de ☉ indicado no comprimento do MC —neste caso a de ♏ 28° = 19° 43’—, e em indicado no comprimento do Asc —neste caso a de 29 ♑ 2 = 20° 20’. Os aspectos são indicados no aspecto de acordo com as explicações anteriores, e também em paralelo com aqueles planetas cujo δ não difere mais de 1°. Uma || coexistir com um aspecto reforça este último, portanto ambos são aumentados; No nosso caso: ☽ || ☐ ♆.

Não temos mais que calcular mas sim o ponto da fortuna (ponto de dita, roda da fortuna, símbolo ⊕). Neste final somamos os comprimentos de Asc e ☽ expressos em sinais, graus e minutos, e subtraímos a soma do comprimento de ☉.

long. ☽ 26 ♉ 48 ......... 1 signo + 26° 48'
long. Asc. 29 ♑ 2 ......... 9 signos + 29° 2'
___________________
soma ..................... 10 signos 55° 50' (ou por 30° = 1 signo)
soma retificada .......... 11 signos 25° 50'
long. ☉ 22 ♋ 45 ......... 3 signos 22° 45'
___________________
diferença = long. ⊕ 8 signo 3° 5' = 3 ♐ 5

O ponto da fortuna está tão longe de Asc quanto ☉ está de ☽; aqui, então, 55° 57’.

Com isso completaram todos os cálculos necessários para estabelecer a figura natal. Se você conferiu os exemplos usados ​​aqui para ajudar nos aniversários de 1925, notará que nem todas as operações são muito simples. Se, depois de dar as explicações anteriores, sobrar alguém que não saiba calcular corretamente um horóscopo, devo confessar que está além do meu poder fornecer-lhe um método mais simples. Se, porém, você insiste em praticar astrologia, no máximo eu poderia aconselhá-lo a pedir que outras pessoas façam os cálculos necessários. Contudo, reservo-me o direito de acreditar que, dado um talento tão deficiente, será muito difícil para ele enfrentar a tarefa muito mais difícil da interpretação astrológica.


As casas da figura natal

Nos conceitos preparatórios astronômicos expliquei o que deve ser ser entendida por “casa” no sentido astronômico, como, de acordo com sua numeração de Iª a XIIª, as casas são colocadas em relação ao horizonte e meridiano, e de quais considerações astronômicas resultam os limites das casas.

Na astrologia atribui-se um significado específico a cada uma das casas; cada casa está em relação a certos estados, assuntos e acontecimentos na vida do recém-nascido. Da mesma forma, é concedido a cada uma das casa, uma certa analogia com o sinal que lhe corresponde segundo a numeração.

A casa Iª, por exemplo, tem uma analogia com ♈, o primeiro signo; a IIª casa, com ♉, o segundo signo; a IIIª casa, com ♊, o terceiro signo, e assim port diante.

Finalmente, cada casa é colocada em analogia com um membro determinado, ou como é dito sucintamente na terminologia astrológica: dominar este membro.

Abaixo irei traduzir, junto com meus próprios complementos, a substância do que Bailey, em suas recentes aulas particulares, expressa dos significados e analogias atribuídos às casas.

A Iª casa é significativa de vida, disposição, mentalidade, vontade e costumes do nativo; das experiências físicas adquiridas pelas percepções; domina a cabeça e o rosto e corresponde ao signo de ♈ (áries).

A IIª casa é significativa em termos de perspectivas financeiras, assuntos de dinheiro e todos os objetos inanimados de valor, como ouro, prata, utensílios domésticos, etc, domina o pescoço e a garganta e corresponde ao signo de ♉ (touro).

A IIIª casa é significativa para relações de sangue, especialmente irmãos e irmãs; de pequenas viagens, estudos e educação e de intelecto; Domina os ombros e braços e corresponde ao signo de ♊ (gêmeos).

A IVª casa é significativa em relação aos pais, o ambiente do nativo e suas condições no último período de vida; também permite interpretações relativas a tendências transmitidas (massa hereditária); domina tórax e estômago e corresponde ao signo de ♋ (câncer).

A Vª casa é significativa para crianças, força geradora, sensações e emoções provenientes dos sentidos e de empreendimentos terrenos; Domina o coração e as costas e corresponde ao signo de ♌ (leão).

A VIª casa é um significante de doenças, da própria servidão e também de todos os objetos animados pertencentes ao próprio “conforto”, como funcionários, animais domésticos, etc.; domina as entranhas e o plexo solar e corresponde ao signo de ♍ (virgem).

A VIIª casa é significativa para casamento, participações, casos públicos, brigas e inimigos declarados; domina os quadris e os rins e corresponde para o signo de ♎ (libra).

A VIIIª casa é significativa para todas as transições de consciência, em primeiro lugar, da morte e assuntos relacionados com ela, como testamentos, legados, etc.; domina os sistemas urinário e generativo e correspondepara o signo de ♏ (escorpião).

A IXª casa é significativa para religião, filosofia, metafísica, enfim da espiritualidade e, ainda, das relações com o exterior; Domina as coxas e corresponde ao signo de ♐ (sagitário).

A Xª casa é significativa em termos de profissão, honras e dignidades mundanas, prestígio e renome, atividade terrena e responsabilidade moral; domina os joelhos e corresponde ao signo de ♑ (capricórnio).

A XIª casa significa amigos, conhecidos, desejos e esperanças; dos lucros provenientes da profissão; dominar as pernas e as articulações talocalcâneas e corresponde ao signo de ♒ (aquário).

A XIIª casa significa inimigos secretos, tristezas, privações, tendências ocultas, a herança psíquica da vida passada; domina os pés e corresponde ao signo de ♓ (peixes).

As casas estão divididas em três classes, são eles :

Casas Angulares ............................ Iª, Xª, VIIª, IVª
Casas Sucessivas ........................... IIª, XIª, VIIIª, Vª
Casas Cadentes ............................. IIIª, XIIª, IXª, VIª

Planetas situados em casas angulares são mais eficazes do que localizado em outras casas.

Além disso, as 12 casas estão divididas em 4 triângulos de três casas cada um, e segundo Bailey, além disso, em 3 quadriláteros de quatro casas cada um.

1. O triângulo da vida......................... Iª, Vª, IXª
2. O triângulo de atividades (ou ações) ....... Xª, IIª, VIª
3. O triângulo de relacionamento .............. VIIª, XIª, IIIª
4. O triângulo da extremidade ................. IVª, VIIIª, XIIª

1-) O triângulo da vida, também chamado de triângulo vital: Iª, Vª, IXª.

A Iª casa, mostra o princípio vital da personalidade, o material físico na luta pela vida. A Vª casa mostra o princípio vital invertido em obras - incluindo crianças. A IXª casa mostra a elevação do princípio vital aos mais elevados ideais de espiritualidade.

Bem, eu informo sobre a própria vida; A Vª casa, sobre a vida nas obras; A IXª casa, sobre a vida no espírito, em Deus.

2-) O triângulo de atividades, também chamado de triângulo do tempo, as casas: Xª, IIª, VIª.

A Xª casa manifesta a atividade voltada para honras e dignidades e a posição mundana. A IIª casa, indica posse de dinheiro e valores alcançado pela atividade ligada aos negócios desta casa. A VIª casa, indica servidão e confortos alcançados pela atividade direcionada ao assuntos desta casa.

3-) O triângulo de relacionamento, também chamado de triângulo relativo, as casas:: VIIª, XIª, IIIª.

Inclui as relações dos nascidos com os seus vizinhos, os laços dos casamento e outras uniões indicadas pela VIIª casa; os laços de consanguinidade indicado pela IIIª casa; e os laços de amizade e proteção indicados pela XIª casa.

4-) O triângulo da extremidade, também chamado de triângulo final, as casas: IVª, VIIIª, XIIª.

A IVª casa, mostra as condições e estados no final da vida; a VIIIª casa, a morte do corpo físico; a XIIª casa, as provas e penalidades e o fim da vida psíquica; É por isso que a XIIª casa também é chamada de casa do desapego, da abnegação.

1. O quadrilátero do progresso ............ Iª, IVª, VIIª
2. O quadrilátero da posse terrena ........ IIª, Vª, VIIIª, XIª
3. O quadrilátero de trabalho ............. IIIª, VIª, IXª, XII

1-) O primeiro quadrilátero refere-se ao desenvolvimento da vida e tudo mais o quanto tende à externalização.

A Iª casa mostra as perspectivas existentes para empreender a luta pela vida, ou para expressá-lo numa metáfora turística: o “início”. A Xª casa, mostra o atividade voltada para conquistas mundanas, mas também aquelas correspondentes responsabilidades morais. A VIIª casa, indica a luta nas aspirações terrenas, e a IVª casa, o final de toda a corrida.

2-) O segundo quadrilátero inclui as casas cujo significado principal Está relacionado ao dinheiro e aos bens terrenos. A IIª casa indica a posse de dinheiro do nascido e suas perspectivas de ganho tal posse; a Vª casa, a atividade relacionada à especulação e, ainda,dinheiro dos pais; a VIIIª casa, o dinheiro do cônjuge e o obtido por colaboradores; a XIª casa, o dinheiro obtido com atividades profissionais.

3-) O terceiro quadrilátero informa sobre os poderes e assuntos que, do ponto de vista da vida externa, eles estão bastante ocultos, “latente”. De qualquer forma, todas as casas estão em relação ao trabalho.

A VIª casa indica trabalho físico colocado a serviço de outrem; a IIIª casa, o trabalho do intelecto comum; a IXª casa, o trabalho do intelecto superior (espiritualidade); a XIIª casa, o “trabalho forçado” a que está condenado o nascido pelo destino, ou seja, tristezas, provações e privações.

Assim como os aspectos, as cúspides das casas também têm um orbe dentro do qual um planeta faz sentir seu efeito na próxima casa. Em geral, aceita-se um valor de 5º para esse orbe.

Suponhamos, por exemplo, a cúspide da IXª casa em 20 ♉ O, e um planeta na VIIIª casa em 16 ♉ O. Para este último deve-se admitir que estende a sua eficácia ao interior da IXª casa, porque está a menos de 5° da cúspide desta casa, ou um planeta que se encontra na Iª casa em 17 ♏ O a uma distância de 3° da cúspide da IIª casa (20 ♏ O), tal efeito deverá ser admitido estendido a este planeta. Importante levar esta regra em consideração, embora ela seja válida na escola ortodoxa, mas recentemente várias teorias tenham sido estabelecidas.

Segundo a tradição e a experiência, cada planeta tem efeitos fortes e favorável sobre certos signos, e pontos fracos e desfavorável em outros, e de uma intensidade mais ou menos aproximada ao termo médio, entre forte e fraco, se não for encontrado nestes ou naqueles.

Diz-se que um planeta tem um forte efeito, e favorável se está em exaltação ou domicilio e que o efeito fraco e desfavorável quando está em queda ou exílio; e que quando não está nem exaltação ou domicilio nem queda ou exílio, é um peregrino.

Segue a tradução do conteúdo para o português do Brasil, formatada para Astro.build e mantendo os símbolos astrológicos conforme no texto original.


As dignidades mais importantes dos planetas são: o domicílio, a exaltação e, em terceiro lugar, o decanato.

Se um planeta se encontra no signo de seu domicílio, diz-se também que domina esse signo, ou que é o senhor (dono, regente) desse signo. ☉ e ☽ são senhores de um signo cada um; os demais – com exceção de ♅, ♆ e ♇ – são senhores de dois signos cada um, nos quais se encontram em dignidade de domicílio. A tabela a seguir esclarece:

signodomicílio de
♈ e ♏
♉ e ♎
♊ e ♍
♑ e ♒
♐ e ♓

Diversos inovadores afirmam que ♅ domina o signo de ♒, ♆ o de ♓, e ♇ os de ♈ ou de ♏. Entretanto, nem a lógica nem a experiência apoiam essa afirmação.

As exaltações são indicadas na tabela a seguir:

No signo degoza de exaltação

♅, ♆ e ♇ não têm exaltação; ☿ possui em ♍ duas dignidades: a do domicílio e a da exaltação.

Como Bailey anota em suas lições privadas, parece que para a designação dos domicílios, a tradição teria partido das seguintes considerações:

♄, o maléfico maior, é senhor de ♒ e de ♑, os signos opostos aos domicílios de ☉ e ☽ (♌ e ♋).

♂, o maléfico menor, domina ♏ e ♈, ou seja, os signos que estão em quadratura com os respectivos domicílios de ☉ e ☽.

♃, o benéfico maior, é senhor de ♐ e ♓, signos que estão em trígono com os domicílios das luminárias celestes.

♀, a benéfica menor, domina ♉ e ♎, signos que estão em sextil com os domicílios dessas luminárias.

☿ domina ♊ e ♍, signos que estão em semissextil com os domicílios de ☉ e ☽.


As exaltações se fundamentam nas seguintes considerações:

O ☉, luminária celeste mais potente, se atribui ♈, o primeiro dos signos (signo cardinal de fogo). Os três planetas superiores, ou seja, ♃, ♄ e ♂, receberam os restantes signos cardinais, ou seja, ♑, ♎ e ♋, respectivamente.

Por adjudicação, ☽ e ♀, dois planetas inferiores, receberam sua exaltação nos signos adjacentes ao signo cardinal de ♈, ou seja, ☽ em ♉ e ♀ em ♓.

O terceiro planeta inferior, o variável ☿, recebeu sua exaltação em ♍, signo adjacente ao cardinal de ♎.


Os planetas que se encontram em seus decanatos atuam vigorosamente, embora não tão poderosamente quanto em seus domicílios.

Cada signo é dividido em 3 decanatos de 10° cada um. Segundo a divisão de uso comum, chamada “divisão ocidental dos decanatos”, o primeiro decanato tem a mesma natureza que o signo respectivo e seu senhor; o segundo decanato possui, além disso, uma contribuição da natureza de um signo próximo pertencente ao triângulo elemental do seu senhor, que pode também ser chamado de sub-senhor; o terceiro decanato possui, além da natureza do signo inteiro, uma influência da natureza tanto do terceiro signo pertencente ao triângulo elemental quanto do seu senhor, que pode também ser chamado de sub-senhor. Isto será esclarecido na tabela seguinte.

Por outro lado, o estudante não deve atribuir valor excessivo a essa divisão de decanatos. Em todo caso, o domicílio e a exaltação são muito mais importantes.

Aqui está a tradução fiel para português do Brasil, formatada para Astro.build e mantendo os símbolos astrológicos presentes no texto original.

Signo1º dec.2º dec.3º dec.

Anotação:

Disso resulta que, em relação a ♈, o primeiro decanato é dominado por ♂, o segundo por ☉ e o terceiro por ♃.
Já ♉: primeiro decanato dominado por ♀, segundo por ☿, terceiro por ♄; e assim sucessivamente.

O primeiro decanato corresponde ao senhor do signo inteiro; os outros dois planetas têm direito apenas como sub-senhores. Se tal sub-senhor está fisicamente em seu respectivo decanato, está ali em força e deve ser considerado assim na interpretação do mapa natal.


As debilidades mais importantes dos planetas são o desterro (exílio, detrimento) e a queda.

Se um planeta está no signo oposto ao seu domicílio, encontra-se em “exílio” ou “detrimento”. Por exemplo, ♂ em ♎ (☍ de ♈) e em ♉ (☍ de ♏); ♀ em ♏ (☍ de ♉) e em ♈ (☍ de ♎); etc.

Se um planeta está no signo oposto ao de sua exaltação, está em sua queda. Por exemplo, ♂ em ♋ (☍ de ♑); ♀ em ♍ (☍ de ♓); etc.

A influência dos planetas em debilidade é enfraquecida e desfavorável. Isso vale especialmente para ♂ e ♃.


As dignidades anteriores, baseadas na posição dos planetas em um signo específico, também são chamadas de “dignidades essenciais”, pois são independentes da posição planetária relativa ao horizonte e meridiano.

Além disso, existem dignidades chamadas “acidentais”, que dependem da posição dos planetas em determinadas casas: nas casas angulares, onde obtêm maior força ao se encontrarem em X e I, e menor força ao se encontrarem em VII e IV.

Bailey considera também dignidade acidental se o planeta estiver na casa numericamente correspondente ao signo de seu domicílio. Assim, por exemplo, ♂ tem seu domicílio em ♈ e em ♏, ou seja, no primeiro e oitavo dos signos; portanto, estaria em força nas casas I e VIII; e, segundo o mesmo raciocínio, ♀ estaria em dignidade acidental nas casas II e VII.

Fora isso, ☉ e ♂ estariam em força em X, ☽ e ♀ em IV, ☿ e ♃ em I, e ♄ em VII. Essas observações são apenas informativas; segundo minhas experiências, não é correto atribuir valor excessivo a essas relações entre signos e casas.

Acidentalmente, planetas situados nas casas VI, VIII ou XII se encontram em situação especialmente desfavorável.

Segundo Raphael, um dos astrólogos mais experientes da Inglaterra, a seguinte regra é digna de consideração:

Quando a maioria dos planetas no mapa natal está na metade oriental, ou seja, nas casas IV e X considerando o percurso pelo Ascendente, especialmente quando estão na casa I, indica-se comumente que o nativo ocupará na sua esfera de ação o papel de senhor com os demais a seu serviço.

Quando a maioria dos planetas está na metade ocidental do gráfico, especialmente nas casas V e VIII, geralmente se conclui que o nativo estará a serviço dos outros.

Assim, quem tem o ☉ na casa VI da natividade, não é rico e poderoso por causa de seu nascimento, não alcançará o sucesso por seus próprios esforços exceto em casos excepcionais, predominando a independência, e raramente superando as condições de sua própria esfera natal.


Na metade superior do mapa natal se encontram em elevação os planetas mais próximos ao MC. Assim, um planeta situado na casa X está em elevação sobre todos os que se encontram nas casas XI e XII, e outro situado na casa IX está em elevação sobre os que se encontram nas casas VIII e VII.

Na metade inferior da figura natal, o planeta mais distante do IC está elevado sobre os planetas mais próximos ao IC. Assim, um planeta na casa II estará em elevação sobre outro situado na III, e um terceiro na V sobre outro presente na IV.

Raphael considera a elevação muito poderosa; pois se os maléficos estiverem elevados, especialmente em casas angulares ou sucedentes, isso indicaria uma luta pela vida muito difícil, ainda mais se os benéficos estiverem em posição não elevada.

Esta última regra também se refere aos aspectos. O fato de que os maléficos elevados prejudicam outros com seus maus aspectos, seria muito mais desfavorável do que se, com tal aspecto, o planeta ferido, e não o maléfico, estivesse em elevação. Assim, por exemplo, ♂ □ ♀ é de efeito muito mais desfavorável com elevação de ♂ do que com elevação de ♀.

Se, em um mapa natal, um planeta está em uma casa determinada, ele influencia todos os assuntos dessa casa de acordo com sua natureza. Que isso se manifeste de maneira favorável, desfavorável ou medíocre dependerá de suas dignidades ou debilidades e de seus aspectos, requerendo, em cada caso, uma consideração sintética de todos os fatores respectivos. Cada síntese, porém, exige o conhecimento prévio desses fatores. Por isso, segue um breve resumo sobre a forma como cada planeta atua nos assuntos de cada casa, segundo sua natureza, sem consideração por seu signo de posição nem pelos aspectos que o afetem.

A exposição mais sintética, resumida e adequada para estudo inicial é fornecida por Bailey em suas lições privadas, razão pela qual achei oportuno divulgar seus dados sem alterações ou acréscimos próprios ou de terceiros. Faço questão de destacar que minhas opiniões diferem muito das de Bailey e que não sigo fielmente a exposição, adotando-a apenas em virtude de seu valor didático para o iniciante.


I. Capacidade de desempenhar papéis de responsabilidade; em geral: êxito.

II. Sucessos financeiros devido a empresas; auxílio por parte de superiores.

III. Influência de parentes na vida do nativo; ganhos por assuntos intelectuais e viagens.

IV. Ganhos por herança. A última etapa da vida é a mais importante.

V. Êxito em especulações. Ambição de melhorar as condições vitais.

VI. Ganhos por pessoas a serviço do nativo. Saúde.

VII. Vida muito influenciada por outros. Reconhecimento e destaque em algum momento da existência.

VIII. Benefícios por colaboradores; ganhos por testamentos e legados. Tendências místicas.

IX. Ganhos por viagens. Êxito em filosofia e religião. Profundidade de conceitos.

X. Elevação de posição e status social. Capacidade de dirigir, organizar e coordenar.

XI. Influência de conhecidos na vida. Benefícios por amigos e protetores.

XII. Capacidade de elevar-se superando todos os obstáculos. Ainda assim, tendência maior a permanecer desconhecido do que a obter fama.


I. Muitas mudanças. Reconhecimento público. Aspiração a cargos de liderança.

II. Flutuações na situação monetária. Ganhos por assuntos públicos.

III. Influência de parentes na vida. Muitas viagens menores.

IV. Experiências na vida doméstica. Muitas mudanças na última fase da vida.

V. Afeto a prazeres e diversões. Muitas experiências na vida sentimental.

VI. Mudanças frequentes nas ocupações do nativo, que poderia ser apto para dirigir. Saúde fraca.

VII. Popularidade (em sentido bom ou ruim). Muitas mudanças e adversidades na vida. Existência influenciada por uniões e associações.

VIII. A vida do nativo é influenciada pela morte. A própria morte é mais ou menos pública (em rua, viagem, etc.).

IX. Muitas viagens em grande escala. Intelecto caprichoso, que busca algo novo em domínios superiores.

X. Popularidade; reconhecimento. Muitas mudanças nas condições. Influências femininas se destacam.

XI. Amizades, familiaridades e influências femininas de pouca duração e caráter volátil.

XII. Falta de reconhecimento. Perigo de isolamento ou afastamento. Inimigas femininas secretas. Múltiplas dificuldades.


I. Ascensão por habilidades e desempenhos intelectuais; vida ativa e cheia de vicissitudes.

II. Ganhos financeiros e sucessos devidos à própria capacidade e habilidade.

III. Experiências envolvendo irmãos. Muitas viagens e mudanças. Ganhos por atividades intelectuais.

IV. Vida fortemente afetada por assuntos familiares, com muitas mudanças, sobretudo na última fase.

V. Muitas experiências com crianças e diversões. Pequenas dificuldades em especulações.

VI. Muitos obstáculos e dificuldades no trabalho; falta de reconhecimento.

VII. Numerosas, embora pouco importantes, oposições; pequenas lutas e dificuldades na vida pública; mudanças em uniões com o outro sexo.

VIII. Dificuldades menores em finanças por casamentos e sociedades.

IX. Ganhos por viagens e assuntos estrangeiros. Atividade destacada no domínio espiritual.

X. Mudanças de posição social e ocupação. Êxito em negócios.

XI. Muitos amigos. Ganhos por relações intelectuais.

XII. Numerosas inimigos secretas; tristezas e desenganos relacionados à atividade intelectual, sem reconhecimento.


I. Êxitos sociais. Diversões. Vida confortável.

II. Ganhos por arte ou atividades ligadas a entretenimento. Questões financeiras satisfatórias.

III. Muitas viagens de lazer. Relações agradáveis com parentes.

IV. Muita alegria e felicidade na vida doméstica. Muitos êxitos na velhice.

V. Ganhos e êxitos ligados a atividades artísticas. Experiências na vida sentimental e com crianças.

VI. Servidão fiel; muitas comodidades. Saúde prejudicada por excessos.

VII. Casamento feliz. Popularidade. Êxitos em questões jurídicas e societárias.

VIII. Ganhos financeiros por casamento e sociedades; legados; fim agradável.

IX. Favorável para viagens e assuntos estrangeiros. Amor à beleza e à espiritualidade.

X. Reconhecimento público e popularidade. Ganhos por atividades artísticas.

XI. Muitos bons amigos. Nobres desejos e esperanças.

XII. Assuntos amorosos secretos que geram ciúmes e inimizades femininas. Afeição por animais. Isolamento de caráter tranquilo e segundo vontade.


I. Êxitos por energia e iniciativa. Perigos por impulsividade.

II. Capacidade para bons ganhos, mas inclinação ao desperdício. Perigo de perdas.

III. Energia intelectual. Lutas e perdas por atividade literária. Perigos em viagens menores. Muitas discussões com parentes.

IV. Discussões no ambiente doméstico. Tendência à violência e grandes brigas na última fase da vida.

V. Impulsividade em sentimentos e atividades especulativas. Muitas experiências em vida sensual.

VI. Discussões no serviço, experiências negativas com servidão. Tendência a doenças febris e inflamatórias.

VII. Casamento infeliz; lutas e pleitos; inimizades declaradas. Obstáculos em todas as esferas públicas.

VIII. Perigo de morte violenta. Dificuldades em herança e dote.

IX. Inclinação a polêmicas filosóficas ou religiosas. Perigo em viagens e diferenças em lugares estrangeiros.

X. Êxitos em questões militares; profissão cheia de lutas; perigo de escândalos, hostilidades e calúnias.

XI. Relações sociais insatisfatórias. Discussões com amigos e conhecidos.

XII. Muitas inquietações, decepções e inimizades. Perigo de isolamento forçado.


I. Muita sorte; progresso e ascensão.

II. Favorável para prosperidade e sucessos financeiros.

III. Êxitos em viagens curtas, atividade intelectual; relações agradáveis com parentes.

IV. Ganhos por herança. Felicidade doméstica. Muitos êxitos na velhice.

V. Êxitos em especulações; experiências agradáveis com crianças.

VI. Muita comodidade e boa servidão. Boa saúde; risco de excessos.

VII. Casamento feliz. Reconhecimento na vida pública. Ganhos em sociedades e assuntos jurídicos.

VIII. Ganhos financeiros por casamento ou herança. Morte tranquila.

IX. Êxitos em grandes viagens ou durante estadias no estrangeiro; êxitos em filosofia e religião.

X. Elevação social; honras e reconhecimento.

XI. Muitos bons amigos e relações com pessoas da alta sociedade.

XII. Superação de inimigos secretos, que muitas vezes se tornam amigos.


I. Muitos obstáculos e dificuldades na vida. Possibilidade de ascensão apenas por perseverança e paciência.

II. Dificuldades financeiras. Pobreza. Possibilidade de êxito apenas com extrema economia.

III. Dificuldades com parentes; obstáculos na vida intelectual.

IV. Muitas dificuldades no lar. Risco de pobreza e solidão na velhice.

V. Tristezas e desilusões sentimentais; perdas em especulações.

VI. Poucas comodidades na vida. Saúde fraca. Servidão e perdas por isso.

VII. Muitos inimigos, obstáculos e lutas. Decepções no casamento.

VIII. Dificuldades em heranças e dotes. Morte após doença crônica prolongada.

IX. Dificuldades e perigos em grandes viagens e assuntos internacionais. Inclinação à filosofia e religião, mas dificuldades também.

X. Possibilidade de elevação por extrema constância, mas perda de posição e falta de reconhecimento.

XI. Amizades desfavoráveis e prejudiciais, geralmente com pessoas mais velhas.

XII. Muitas inimizades secretas; inquietações e provas; isolamento e separação.


I. Acontecimentos inesperados. Evoluções bruscas. Experiências surpreendentes.

II. Reveses financeiros. Ganhos e perdas repentinas.

III. Separação de parentes. Atividade intelectual excêntrica; dificuldades; perigos em viagem.

IV. Instabilidade e revoluções na vida doméstica. Alienação de lar e família.

V. Inconstância em assuntos sentimentais. Afetos românticos, impulsivos, excêntricos.

VI. Doenças difíceis de tratar, geralmente de natureza nervosa.

VII. Uniões impulsivas. Casamento precipitado seguido de separação ou divórcio e, frequentemente, perda do cônjuge.

VIII. Perdas financeiras inesperadas ligadas a heranças, dote ou dinheiro de pupilo.

IX. Inclinação a estudos ocultos; êxito em filosofia e metafísica. Dificuldades jurídicas. Perigos em viagens ao exterior.

X. Mudanças inesperadas na posição social e profissão. Carreira cheia de eventos e reveses inesperados.

XI. Amizades excêntricas, pouco confiáveis. Afetos impulsivos, terminando mal.

XII. Inimizades estranhas e inesperadas. Separação de pátria e família. Isolamento em país estrangeiro.


I. Instabilidade, hipersensibilidade e suscetibilidade aumentada; mentalidade visionária; experiências psíquicas raras.

II. Perdas por fraude e estelionato; confusão nas finanças.

III. Imaginação fértil; poderes psíquicos; espírito engenhoso; perdas por parentes.

IV. Perigo de complôs familiares; doenças hereditárias; isolamento; perdas por fraude imobiliária.

V. Fragilidade moral; sensualidade e perversões; relações amorosas fora do comum; desilusão amorosa.

VI. Doenças latentes ou ocultas; servidão insidiosa; intrigas e perdas.

VII. Vivências estranhas no casamento; ciúmes ou adultério; relações platônicas.

VIII. Perdas financeiras ligadas a herança ou custódia; languidez extrema; risco de quase-morte aparente.

IX. Experiências estranhas em viagens e países estrangeiros; sonhos incomuns, visões e pressentimentos. Perigo de alienação mental e perdas por questões religiosas ou jurídicas. Muitas vezes, alucinações de natureza religiosa.

X. Carreira peculiar, repleta de acontecimentos. Em muitos casos, uma posição social é conquistada e mantida por meio de fraude. Muitas vezes, existe algum segredo ligado à própria origem.

XI. Amigos e conhecidos estranhos, na maioria das vezes versáteis e indignos de confiança; prejuízos causados por eles.

XII. Muitos inimigos secretos causam traições, tentativas de engano, complôs e armadilhas. Medo exagerado de perigos desconhecidos. Risco de algum confinamento realizado contra a vontade.

Ainda não há muitos dados. Por analogia, são atribuídos a ele efeitos semelhantes aos de ♂, porém de muito maior intensidade e violência.

Por conta de opiniões e experiências recentes de astrólogos ingleses, os nodos lunares — ☊ cabeça do dragão, nodo lunar superior, e ☋ cauda do dragão, nodo lunar inferior — foram valorizados novamente quanto à sua posição local. O ☊ melhora os assuntos da casa em que se encontra, especialmente se em bons aspectos com o MC ou ASC, agindo notavelmente nesses pontos. É muito poderoso quando próximo ao ASC. O ☋ é maléfico, piora os assuntos da respectiva casa e traz dificuldades e desgraças.

O ponto da fortuna

Frequentemente esquecido, tem ganhado maior importância ultimamente, pois — segundo Bailey — os assuntos da casa em que se encontra melhoram ou pioram, conforme seus próprios aspectos, o planeta que rege o signo onde está (seu “dispositor”), sua posição e aspectos.

Se estiver em ♏, signo regido por ♀ e ♂, dispositores de ♁, e em X em ♏, para avaliação de ♁ essa dispositora de ♀ deve ser considerada de acordo com o signo, a casa e os aspectos de ♀.

Quanto aos chamados “pontos sensíveis”, segundo minha experiência, não devem ser levados em conta, seja pelo iniciante, seja pelo estudante avançado. Compreendendo as propriedades e destinos do nativo, por serem tantos, um astrólogo bem treinado pode, por outros indícios, facilmente deduzir o que deseja. Para julgar indivíduos e destinos desconhecidos, abundância de pontos sensíveis apenas confunde o intérprete e prejudica a síntese. Muito melhor resultado é obtido com poucos dados e bem comprovados. Frequentemente, a proclamação dos pontos sensíveis não passa de um disfarce para a falta de conhecimentos astrológicos reais.

Assim, os planetas nas casas distintas foram listados segundo sua natureza e só foram dadas ao estudante informações completas sobre seus possíveis efeitos, pois estes não podem ser corretamente averiguados sem a combinação da posição nos signos e aspectos. Tais dados não interessam ao novato. Serão úteis apenas após estudos mais avançados. Limitei-me a referências gerais. O aluno encontrará na segunda parte deste trabalho os ensinamentos aprofundados para chegar a uma síntese adequada.

Na terminologia astrológica, ☉, ☽, Asc e MC são designados comumente como significadores; a mesma qualidade aplica-se às vezes também a ☊, que Wilson rejeita e Sepharial deseja conservar. Ptolomeu e Plácido chamam os mencionados significadores também de “moderadores”.

De em que circunstância de uma natividade determinada, pode um planeta ser significador de um assunto determinado, depende exclusivamente das relações com as distintas casas e de sua influência por presença ou domínio. Isto nem sempre será fácil de decidir para o estudante novato, por isso me estenderei sobre este tema na segunda parte desta obra, Síntese Astrológica. Aqui, entretanto, me refiro somente aos conceitos fundamentais.

O planeta que domina o signo do Asc — eventualmente também o presente em I e dotado de força especial, questão esta que, contudo, só será resolvida pelo estudante mais avançado — é o significador dos assuntos da casa I. Em geral, o regente do signo situado no Asc converte-se em “regente natal” ou “significador da vida” (“senhor natal”, “dono natal”), por exemplo, ♂, se ♈ estivesse ascendendo, ou ♃, se fosse ♐.

Comumente se atribuem aos planetas certas analogias gerais com determinados estados e acontecimentos na vida do nativo. Qual destas analogias gerais atribuídas a um planeta influencia numa natividade particular será determinado pelo estudo de sua posição em signos, casas e aspectos.

Neste sentido, e só neste, devem ser compreendidas as seguintes analogias estabelecidas por Sepharial, que desejo traduzir a título informativo, pois apesar das grandes experiências do famoso astrólogo inglês, não me identifico completamente com elas.

♆: Analogia com sucessos secretos, fraude, emboscada, vida nômade, morte estranha, não natural; desterro, associações secretas.

♅: Analogia com catástrofes, sucessos e mudanças repentinas, perdas, suicídios, tragédias, assuntos românticos.

♄: Analogia com o pai, com enfermidade, afecções crônicas, entorpecimentos, quedas, pobreza, obscuridade, decadência, ruína, costumes inveterados, relações de longa duração.]

♃: Analogia com sabedoria, religião, dever, assuntos jurídicos, o clero, piedade, abundância, aumento, riqueza e boa sorte.

♂: Analogia com fogo, febre, demência, lutas, ambição, anseios, força, energia, aventuras, veneno, lesões por violência, paixões, morte violenta. Analogia com honras, glória, alta posição social, individualidade imortal, vontade imperativa, elevação, o pai, a força vital do nativo.

♀: Analogia com dinheiro, adorno, joias, casamento e amor, diversões, artes e relações com o outro sexo.

☿: Analogia com o intelecto e sua atividade; com a memória.

☽: Analogia com a mãe, o lar, viagens, mudanças, personalidades femininas, assuntos matrimoniais, saúde, popularidade e o povo.

Agora, ao apontar, segundo Sepharial, o que cada um destes planetas pode indicar essencialmente como significador da vida, repito que deve-se considerar que em cada caso particular dependerá de sua posição segundo casa e signo e de seus aspectos. Com esta ressalva, o aprendiz pode tomar nota dos seguintes dados gerais sobre cada planeta, como significador da vida.

♆: Muitas mudanças na vida. Boa sorte e elevação. Ascensão ou queda por influências femininas. Disposição artística. Segredos na vida. Intrigas e uniões secretas. Quem nasce sob a influência de Netuno é estético, artístico, intuitivo, inconstante, sensitivo, místico, muito emocional, entusiasta, sujeito à ilusão e à imitação.

♅: Concede faculdades construtivas e mecânicas, mudanças repentinas, alienações, inquietações, exílio, inimizades, ascensão incerta e impulsividade rebelde. Quem nasce sob sua influência se torna instável, incalculável, excêntrico, impulsivo, inventivo, original, engenhoso e crítico; rígido em suas opiniões, egocêntrico, romântico, imperioso e estranho sob mais de um ponto de vista.

♄: Provoca atrasos, obstáculos, defeitos, segredos, fatalidade, queda de posição, má sorte, humor melancólico, enfermidades e males de caráter crônico, inquietações, pesares e provações. Quem nasce sob sua influência se torna amante da independência, infeliz, reservado, desconfiado, ciumento, avarento e dominado por costumes.

♃: Concede boa sorte, riqueza, abundância, sucessos, honras, amigos, proteção, superioridade e fertilidade na atuação. Quem nasce sob a influência de Júpiter é jovial, magnânimo, prudente, cortês, ambicioso, simpático, humano.

♂: Traz inimizades, lutas, feridas por fogo e aço, traição, calúnia, roubo, morte repentina e, na maioria das vezes, violência, glória nas lutas, entusiasmo, loucura, doenças agudas e dores. Ao nativo de Marte torna-o intrépido, valente, facilmente irritável, impulsivo, demonstrativo, brincalhão, cínico, independente e adepto de ações reformadoras ou destrutivas.

☉: Concede honras, glória, elevação, alta proteção, alta posição no serviço do Estado, saúde e poder aqueles que nascem sob sua influência tornam-se liberais, nobres, ambiciosos, hábeis nas artes, verdadeiro, sábio em conselhos e dotado de bom julgamento.

♀: Favorece os assuntos amorosos, afetos, matrimônios, amigos, diversões, favorece mulheres, êxito, prosperidade. Faz com que quem nasce sob sua influência seja suave, culto, otimista, de boa aparência, de modos agradáveis; caridoso, prático, adepto à beleza, tanto ao sensível como ao superior, espiritual e às belas artes.

☿: Propicia relações com o comércio e a indústria, viagens, cartas, mensagens, atividade intelectual. Quem nasce sob sua influência se inclina para a atividade literária ou tem a mera ocupação de escrever e, além disso, é inclinado a atividades científicas e conquistas intelectuais. É astuto, expansivo, inovador e ágil.

☽: Propende às mudanças, às viagens, às aventuras misteriosas ou românticas, e ilusões, popularidade, vida pública. Quem nasce sob sua influência é versátil, caprichoso, imaginativo, instável, capaz de conquistar reconhecimento público, mas exposto ao perigo de reveses.

Em substância, e com algumas omissões, estas seriam as significações dos planetas em sua qualidade de significadores da vida, conforme Sepharial as indica. A maioria dos autores concorda mais ou menos com estas significações, ampliando-as, no máximo, em algum sentido.

Isso não dependerá apenas do signo de posição, mas também do aspecto do significador, quais desses efeitos indicarão para cada um dos 10 significadores prevalecerá; quais se manifestarão com força e sem alterações, e quais outros o farão pervertidamente ou debilitadamente. Por conseguinte, para cada horóscopo é preciso realizar uma síntese dos distintos fatores, a qual não pode ser substituída por nenhuma classe de receitas. Na segunda parte desta obra serão encontradas instruções detalhadas acerca da obra de síntese.

Para a maioria dos estudantes, os textos em forma de receita, muito amplamente difundidos e destinados a facilitar a interpretação de uma figura natal, são suficientemente práticos, principalmente quando indicam no próprio horóscopo os fatores que não devem ser separados estritamente um do outro, nem captados por palavra isolada, nem se deve ultrapassar levianamente o seu sentido sem nenhum exame mecânico, sendo necessário que o estudante, além disso, tenha um conhecimento geral das analogias, das correspondências universais e um muito amplo conhecimento da natureza, dos planetas, signos, casas e aspectos, assim como de tudo aquilo que é suscetível de influir, pela experiência ou pela observação, nas vinculações com um aspecto, tarefa de que o estudante não deve nunca se descuidar, se pretende chegar a resultados exatos, de forma lógica e metódica. Sobre este assunto, pode-se ler a Simples Astrologia, de acordo com os princípios de Morin, tratando de toda a ciência ou de um sólido conhecimento de todos os elementos astrológicos.

No entanto, desejo ensinar ao estudante, com os conhecimentos adquirido até agora, a forma como determinados aspectos podem influenciar e produzir variações, concretizando o sentido da vida.

Em suas lições privadas, Bailey recomenda considerar cada planeta como um certo princípio (cuja natureza deve ser concebida de acordo com suas propriedades de “significadores”). Se dois planetas estão em aspecto com outro, isso pode ter um significado tríplice, seja que se encontrem em ☌, em aspecto bom ou mau. No caso de lá dos dois princípios colaborarem, sua colaboração será realizada de modo favorável se forem harmônicos, e de modo desfavorável e originador de dissonância e dissensão, se forem inarmônicos.

A esta altura não posso deixar de citar uma exposição de Bailey relativa às conjunções de ☉, não citada por outros autores, mas muito notável. Diz assim: “É muito duvidoso se uma ou qualquer de ☉ com outros planetas tem efeitos inteiramente bons ou inteiramente maus; provavelmente sejam mais maus que bons. Na astrologia dos hindus ☉ é maléfico, e por isso não é lícito julgar suas conjunções em sentido demasiadamente favorável”.

Se ambos os planetas são maléficos ou se encontram em má situação zodiacal, as vibrações que emanam de sua união influirão desfavoravelmente e incomodarão muito a vida do nascido. Se tais planetas são de natureza oposta, seu aspecto configura um conflito de dois princípios — um dos quais se demonstrará mais forte — o que haverá de ser julgado à parte das dignidades ou debilidades dos planetas respectivos.

Em caso de bons aspectos, os princípios em questão colaborarão harmonicamente, estimulando entre si e provocando vibrações amônicas e, por meio de êxitos, talentos, qualidades, apoios ou ocasiões de êxito.

Em caso de aspectos desfavoráveis, estes princípios se contrariarão entre si, e tal produção gera vibrações inarmônicas, defeitos de caráter e infortúnios, dificuldades e entraves nos êxitos. Os maus aspectos dos dois maléficos são em extremos desfavoráveis.

Essas explicações teóricas serão mais concretas com alguns exemplos.

Segundo as analogias estabelecidas, ☉ significa, entre outras coisas, a individualidade imortal, a vontade, e ♂, a dominação. Daqui que o contato de ambos — usando cada um dos significados para cada um dos lados do tema — significa união ou oposição desses princípios no mapa natal; e conforme os princípios finalmente chegarem à união, a dominação será favorecida, ou não.

Ligados à má aparência, causarão efeitos desarmônicos, destrutivos e prejudiciais às qualidades e possibilidades de sucesso. Além disso, o caráter desses efeitos deverá ser considerado de forma diferente, dependendo se no horóscopo o significador da vida é ☉ ou ♂.

Se, porém, o significado dos planetas faz-se verificado na vida, a vontade será sacrificada nos triunfos ou pelos aspectos na posição de II e de VI, lados aos quais as significações dos aspectos não tocarão a quais ideias senão a assuntos pecuniários ou a enfermidades.

Em suma, vê-se o superficial que é o método geralmente usual de tentar copiar simplesmente como caracterização do nascido as exposições dadas nos textos e que são válidas para a harmonia ou desarmonia dos princípios ou para um efeito geral sobre a casa I.

Para maior abundância, citarei alguns exemplos mais, adaptando-os a iguais considerações.

☿ e ♂, intelecto e ambição. Na ☌ o intelecto é dinamizado pela ambição e/ou se faz instrumento da mesma, o que cria inclinação a exageros, mentiras e talvez até ao roubo; ou o intelecto vencerá a ambição, o que resultará em força, penetração, atividade e vivacidade intelectual.

☿ e ♃, intelecto e sabedoria. A ☌ será boa sem exceção e favorecerá uma das mais altas manifestações do intelecto. Os maus aspectos revelarão que o intelecto se encontra em conflito com a sabedoria, do que resultará ceticismo e incapacidade de valorizar as coisas em suas relações verdadeiras.

☿ e ♄, o último em sua mais alta oitava, que significa justiça. Bons aspectos concederão uma intelectualidade conscienciosa, diligente e de julgamento acertado; por exageração, um sentido de justiça demasiadamente forte pode tornar-se rigoroso, meticuloso e intransigente.

☿ e ♂, sentimento superior e ambição. A de ☌ significará vitória de um sobre o outro dos dois planetas e saberá de verdade qual é o significador da vida. Em aspectos desfavoráveis haverá uma luta incessante entre ambos. Os bons aspectos acalmarão e ennobrecerão tal conflito e colocarão a energia inerente ao serviço do sentimento superior.

Quem considerar demasiadamente extensas ou difíceis de reter as analogias gerais dos significadores da vida talvez prefira ater-se às seguintes de Julevno:

  • ♆: Intuição.
  • ♅: Originalidade.
  • ♄: Paciência, perseverança, firmeza.
  • ♃: Tendência possível, benevolência, justiça, sentido religioso.
  • ♂: Valor, ousadia, energia.
  • ☉: Magnitude, ambição, amabilidade, nobreza.
  • ♀: Ternura, amor, diversão, afeições.
  • ☿: Mobilidade, vida nômade, sentimentalidade.
  • ☽: Tendência à vida nômade, sensitiva.

Se o planeta aspectante está em uma casa angular sem força ou dignidade, não dará a realidade, mas apenas a aparência das qualidades a ele atribuídas. Nas dignidades em casas angulares, os maléficos criam maus caracteres e homens malévolos no sentido de sua natureza.

Por outro lado, se o planeta aspectante se encontra fortalecido de acordo com o signo, mas ocupa uma casa ruim no horóscopo, como VI, VIII ou XII, concederá ao significador da vida suas qualidades, mas sem que tragam êxito nem encontrem reconhecimento geral.

Se o planeta aspectante está em debilidade e em más condições segundo a casa, comumente dará os efeitos opostos de suas qualidades, tais como falta de ânimo e de energia no caso de ♂, luxúria no de ♀, injustiça, conduta hipócrita, etc., no de ♃.

Essa simplificação levada ao extremo indica o quanto o estudante deve aprender a sintetizar, e o pouco que servem as receitas em moda, que não podem levá-lo senão a erros e falsos diagnósticos, se são copiadas ao pé da letra e consideradas irreflexivamente.

Uma das sínteses mais simples é a avaliação dos aspectos segundo o signo do planeta que forma o aspecto por aplicação.

♃ em ♋, formando uma ☍ com ♂ ou ♑, não deve ser valorizada de maneira alguma no mau sentido, já que ambos planetas estão em exaltação e o benéfico cria o aspecto aplicativo.

Por outro lado, o ☍ entre ♂ em ♋ e ♃ em ♑, especialmente se ♂ criar o aspecto aplicativo, terá um efeito marcadamente desfavorável. Este exemplo simples revela o quanto o aluno que simplesmente copia o que sobre ♃ ☍ ♂ está escrito nos textos. A reflexão é essencial mesmo nos casos mais simples, pois não existe texto capaz de dar todas as possibilidades. Mas acrescente outro fator que dificulta a síntese e multiplica as possibilidades de combinação. É o seguinte:

Na avaliação dos aspectos, sobretudo nos de ☉, ☽, ☿ e ☿, será necessário considerar antes de tudo quem é o planeta regente, ou seja, o regente do signo em que o aspecto fisicamente se dá. Se o regente se dignifica, influi muito favoravelmente e, em contrapartida, atua desfavoravelmente, se está em debilidade.

Com o que antecede, forneço os dados e teoremas que em meu entendimento pertencem ao domínio da astrologia elementar, terminando essa primeira parte do trabalho. Explicações mais amplas e minuciosas, tomo então, deixando ao iniciante as condições para comentar com êxito em o conteúdo da segunda parte, Síntese Astrológica.